Cena de "Trágicas", de Aída Marques
Um dos maiores diretores e intelectuais do cinema brasileiro, o saudoso Carlos Reichenbach (1945-2012) é justamente homenageado pela Mostra de Tiradentes dando nome ao prêmio concedido a um dos recortes da programação: a "Mostra Olhos Livres”.
“Olhos Livres” foi o nome do endereço eletrônico que Carlão mantinha na internet e foi responsável de primeira hora pelo inventário e reconhecimento da produção crítica digital pelos novos sites, blogs e críticos que pipocaram no final da década de 1990 e início dos anos 2000.
O próprio site Mulheres do Cinema Brasileiro teve a honra de receber o Prêmio Especial Quepe do Comodoro – dividido com a Revista de Cinema -, organizado pelo cineasta em 2005, e voltado, majoritariamente, para essa produção digital.
A Mostra “Olhos Livres” é formada por filmes inquietos e inventivos, e na edição 2019 apresentará as seguintes produções em longas, que serão avaliados pelo Júri Jovem, formado por jovens críticos que participaram de curso de formação ministrado durante a última Mostra Cine BH:
“Tragam-me a cabeça de Carmen M.” (RJ), de Felipe Bragança e Catarina Wallenstein; “Superpina: Gostoso é Quando a Gente Faz!” (RE), de Jean Santos; “Trágicas” (RJ), de Aída Marques; “Currais” (CE), de David Aguiar e Sabina Colares; “Parque Oeste” (GO), de Fabiana Assis; e “Calypso” (RJ), de Rodrigo Lima e Lucas Parente.
Segundo Lila Foster, uma dos curadores, ao lado de Victor Guimarães com coordenação de Cléber Eduardo, “a seleção da Olhos Livres tem fortes ressonâncias com a temática “Corpos Adiante”, que propõe discutir as presenças e embates proporcionados pelo corpo, tanto formal quanto tematicamente, em filmes e outras manifestações artísticas. “Os corpos assumem centralidade como matéria de criação e proposição estética tanto na ficção quando no cinema de cunho mais documental, fronteiras que também se encontram diluídas em muitos filmes”.
Realizada pela Universo Produção – Raquel Hallak, Quintino Vargas e Fernanda Hallak -, A Mostra de Cinema de Tiradentes abre o calendário nacional do cinema brasileiro todo ano, e, em 2019, exibe programação intensa e gratuita de 18 a 27, formada por exibição de filmes, debates, seminários, oficinas, lançamentos de livros, atrações artísticas e muito mais.
Filmes da Mostra Olhos Livres 2019 apresentados pela curadoria:
Segundo o curador Victor Guimarães, a Olhos Livres é o espaço no qual filmes e cineastas muito plurais podem conviver, por não dependerem de recortes geracionais ou ineditismo. “Realizadores que já passaram por Tiradentes uma ou mais vezes, como Felipe Bragança e Rodrigo Lima, estão ao lado de estreantes no longa-metragem, como Jean Santos e Fabiana Assis”, destaca Victor. “Mesmo em filmes de cineastas já conhecidos, o influxo de novas parcerias traz outros insumos a trajetórias autorais já estabelecidas ou promissoras”. Ele complementa que a seleção da Olhos Livres 2019 permite um equilíbrio entre trabalhos inéditos e títulos já em circulação, que ganham novas possibilidades de fruição dentro da dinâmica da mostra. “As poéticas dos seis filmes nos parecem reunir algumas das apostas mais singulares em jogo no cinema brasileiro hoje”.
Um hibridismo entre performance e o chamamento mais direto ao real, na luta dos corpos pela sua existência, está fortemente presente em “Trágicas”, de Aída Marques. “O filme toma como eixo as mulheres das tragédias gregas e o corpo feminino que enuncia, através de entrevistas, o caminho da dor e da injustiça”, resume a curadora Lila Foster. Por sua vez, “Currais”, de David Aguiar e Sabina Colares, faz da busca pela história dos campos de concentração instalados pela ditadura varguista no Ceará um encontro entre temporalidades e formas de narrar o trauma, expressando, de forma simbólica, a perenidade da dor e da violência física impetrada pelo Estado. Já em “Parque Oeste”, de Fabiana Assis, a luta presente pela moradia se faz pela força de corpos e imagens que se afirmam e resistem a tiros, bombas e forte cerco policial.
No caso de “Superpina”, o diretor Jean Santos trabalha com “corpos desejantes e potentes, que centram na pulsão erótica um caminho para tecer um mergulho em um mundo mais liberto”, diz Lila, que classifica o filme recifense como “comédia de costumes e fantasia futurista”. Ela chama atenção para a força similar que se desprende de “Calypso”, de Rodrigo Lima e Lucas Parente, a partir de um imaginário mítico de mulheres que retornam numa espécie de ritual cinematográfico em torno da relação tensa e transcendente entre corpo e natureza.
Outro mito aparece em “Tragam-me a cabeça de Carmen M.”, de Felipe Bragança e Catarina Wallestein – no caso, a figura de Carmen Miranda, que assombra o processo criativo de uma atriz no seu encontro com a personagem. “Essa busca passa pela investigação do próprio corpo físico da atriz, pela modulação dos trejeitos, dos gestos e da voz”, complementa Lila.
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