Celia Xakriaba,Clarisse Alvarenga, Mãe Efigênia, Sandra Benites
Uma das marcas das Mostras da Universo é a realização de seminários abordando vários ângulos das temáticas focalizadas.
Nesta 14a Cineop - Mostra de Cinema de Ouro Preto, a temática central é "Territórios Reguinais, Inquietações Históricas", que, por sua vez, se desdobra em três eixos temáticos que forma: a Cineop: Preservação, História e Educação.
No primeiro, o foco são os núcleos de produção regionais para além do eixo RJ-SP; No segundo, a regionalização e a formação do patrimônio audiovisual brasileiro; e no terceiro, o enfoque é Mulheres: terras e movimentos.
Na sexta, 7, o Centro de Arte e Convenções, onde acontecem os seminários, recebeu no Encontro da Educação a mesa "Mulheres, Terras e Territórios".
As convidadas foram Celia Xakriaba - professora e ativista do movimento indígena - MG; Mãe Efigênia (Mametu Muiandê) - matriarca e liderança da comunidade Quilombo Manzo Ngunzo Kaiango - MG; Sandra Benites, coordenadora pedagógica de educação indígena - RJ. A mediação foi de Clarisse Alvarenga, curadora da Temática Edcuação / MG.
Todas as três mulheres que formaram a mesa são ou lideranças, ou referências ou ativistas juntos aos seus povos, uma negra e duas indígenas.
Já abertura da Cineop as questões da temática sobre os territórios já lançavam perguntas complexas, não à tôa entendidas e apontadas como inquietações históricas: O que é território? Ele diz respeito apenas a uma demarcação? Tem a ver om uma fronteira?
Mãe Efigênia fez um relato de sua vida, de sua família e de seu povo. E em cada palavra e gesto essa amplitude do conceito de território podia se entendido de forma imediata, seja na forma como ela entende o seu chão como sagrado, seja da forma como ele entende suas vivências nesse espaço.
Como tantas outras lideranças negras, Mãe Efigênia seu solo sagrado ser violentado, vilipendiado e violentado, fato que lhe sangra a alma, mas reverbera em resistência, não sem, ao mesmo tempo, questionar a Deus, e, consequentemente, a todo nós: Por que isso? Por que essa violência? Por que essa discriminação.
Se a negritude vem, nesses mais de quinhentos anos, palco de genocídio cotidiano, o que dizer então dos povos indígenas?
A guarani Sandra Benites vem, a partir da academia, empunhando luta de educação inclusiva. E, para ela, construção de território tem a ver, sobretudo, com essa inclusão. "Território não é apenas o espaço demarcado, mas com o movimentos dos corpos que dão significado a ele".
Já Célia Xakriabá, que também se opõe ao sentido primário que se dá à questão do território, levanta sua voz com o descaso que se faz hoje em dia com a sabedoria dos anciões e, sobretudo, elege e exalta a força da mulher na construção de uma possibilidade de mundo. "Esse século é das mulheres".
E, ainda, saúda a inclusão dos povos indígenas na Academia, mas denuncia: "Se quando entram nossos corpos, entram nossas ideias?". E como os povos indígenas são vistos e considerados aponta "Essa forma tem um formato, mas não vai dar conta do nosso tamanho".
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14a Cineop - Mostra de Cinema de Ouro Preto
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