Celia de Assis e Eduardo Quiroga em As Libertinas, episódio Alice, dirigido por Carlos Reichenbach - Crédito: biografia de Carlos Reinchebach - O Cinema como razão de viver, de Marcelo Lyra
No que tange aos festivais de cinema no Brasil, uma mudança drástica que a pandemia da Covid-19 efetuou foi no formato. Para além da tragédia global causada pela pandemia e o genocídio brasileiro praticado pelo Estado, o ponto comum que também impactou outras linguagens, como o teatro, por exemplo, é a eliminação da fruição coletiva e e em espaços específicos para isso.
Entre os festivais, na Mostra de Cinema de Gostoso, que chega à sétima edição, essa mudança é drástica, levando-se em conta que o principal espaço de exibição dos filmes da programação se dava na praia, com sala montada com espreguiçadeiras e com cerca de mais de 2000 pessoas por noite. A mostra acontece durante cinco dias em São Miguel do Gostoso, no Rio Grande do Norte.
Como a maioria dos demais festivais cinematográficos do país, a 7a Mostra de Cinema de Gostoso, em 2021 também está acontecendo no formato virtual, começou na última quarta, 10, e vai até domingo, 14 de março de 2021.
O site Mulheres do Cinema Brasileiro nunca teve a oportunidade de cobrir essa importante mostra, o que a edição virtual desse ano finalmente permite.
A programação da 7a Mostra de Cinema de Gostoso é formada por exibição de filmes, curtas e longas, masterclasses, cursos, Lab. Os filmes são divididos em cinco programas: Mostra Nacional, Mostra Acervo, Mostra Coletivo Nós do Audiovisual, Sessões Especiais, Sessão Cinelimite.
A Mostra Nacional é formada por longas e curtas recentes, alguns deles premiados em outros festivais, como os longas Açucena (BA), de Isaac Donato, vencedor da Mostra Aurora, e Nuhu YagMu Yog Ham: Essa Terra é Nossa!(MG), de Isael Maxakali, Sueli Maxakali, Carolina Canguçu e Roberto Romero, vencedor da Mostra Olhos Livres ; e o curta 4 Bilhões de infinitos (MG), de Marco Antonio Pereira, Prêmio Canal Brasil de Curtas. Todos eles premiados na recente 24a Mostra de Cinema de Tiradentes. Ainda na programação de curtas, um dos destaques é o notável A morte branca do feiticeiro negro (SC), de Rodrigo Ribeiro.
A Mostra Coletivo Nós do Audiovisual exibe filmes de jovens que passaram por curso de formação em São Miguel do Gostoso, e a Mostra Acervo é formada por filmes escolhidos por diretores e diretoras da Mostra Nacional, que os apresentam. Nesse programa são exibidos clássicos como Claro, de Glauber Rocha, São Bernardo, de Leon Hirszmann, e o acachapante Martírio, de Vicent Carelli. Já a Sessão Cinelimite apresenta três longas clássicos realizados em 1968 e lançados em pleno furacão da ditadura civil-militar: O bravo gerreiro, de Gustavo Dhal, Desesperato, de Sérgio Bernardes Filhos, e A vida provisória, de Maurício Gomes Leite
A cereja do bolo está no programa Sessões Especiais, com a exibição dos dois primeiros filmes que Carlos Reinchenbach dirigiu, produzidos pela histórica Xanadu Produções Cinematográficas, fundada por ele, João Callegaro e Antonio Lima na década de 1960. São dois raros filmes em episódios: As Libertinas (1968), episódios dirigidos por Reinchenbach, Lima e Callegaro; e Audácia!(1969), episódios dirigidos por Reichenbach e Lima. Outro destaque é a exibição de Boi de prata (1981), dirigido por Carlos Augusto da Costa Ribeiro Junior e rodado em Caicó, no Rio Grande do Norte, com Álvaro Guimarães e a mítica Luiza Maranhão no elenco.
Outros destaques da 7a Mostra de Cinema de Gostoso é a masterclass "Sétima Arte, um culto moderno: Idealismo estético e o cinema", ministrada por Ismail Xavier, e os depoimentos gravados em vídeos de participantes de alguns filmes, como o cineasta João Callegaro comentando sobre a Xanadu, e Walter Carvalho sobre Boi de prata, de Carlos Augusto da Costa Ribeiro Junior, primeiro longa de ficção que fotografou.
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7a Mostra de Cinema de Gostoso
De 10 a 14 de março de 2021
Exibições gratuitas
mostradecinemadegostoso.com.br