Crédito: Leo Lara/Universo Produção
O tambor do músico, cantor e compositor Maurício Tizumba abriu ontem, 24, a cerimônia de abertura da 17ª Mostra de Cinema de Tiradentes, que teve como mestre de cerimônia a presença firme, carismática e descontraída da atriz e jornalista Christiane Antuña.
O grande momento da noite, como não poderia deixar de ser, foi a homenagem ao ator Marat Descartes.
Depois do belo vídeo produzido pela Mostra, com texto de Raquel Hallak e direção de Chico de Paula, e durante o vídeo-homenagem do Canal Brasil, Tizumba voltou ao palco tocando pandeiro e cantando, para logo depois entrar em cena o ator Gero Camilo, que cantou junto.
No vídeo da Mostra Gero já tinha dado lindo depoimento sobre Marat. Os dois foram colegas de escola de teatro e mantiveram a amizade durante esses 20 anos.
Gero desceu do palco cantando e foi até a plateia, onde Marat estava na primeira fila, cantou olhando nos olhos do amigo e depois passou o microfone para o ator, que cantou os outros versos da canção.
Foi simples e emocionante, gesto que reafirmou não só a amizade dos dois, como também as escolhas artísticas que os mantiveram na mesma sintonia do afeto e da excelência artística.
Depois, quando chamado ao palco para receber o Troféu Barroco das mãos de Gero e acompanhado por familiares – mãe, filhas, esposa – a atriz Paula Cohen -, amigos e parceiros de trabalho – equipe do filme de abertura, Quando eu era vivo (2014), de Marco Dutra, Marat Descartes se emocionou.
O ator disse que já tinha participado do tapete vermelho do Festival de Cannes, do tapete vermelho de Gramado, mas que emoção como aquela ainda não tinha sentido.
A programação de filmes foi aberta com a exibição de Quando eu era vivo, filme protagonizado pelo homenageado, mais Antônio Fagundes e Sandy Leah.
Foi uma abertura de peso, pois Quando eu era vivo é filmaço, o que reconfirma os talentos de Marco Dutra e Juliana Rojas, que desta vez não dividem a direção, mas permanecem juntos – ele dirigiu e ela montou.
O filme de Dutra recoloca em cena a maior marca da dupla, que é o extraordinário invadindo o ordinário de forma singularíssima.
Ainda que com códigos diferentes do notável Trabalhar cansa (2011), que Dutra e Rojas dirigiram, os filmes dialogam. E se lá o extraordinário vai se alocando aos poucos, aqui já ficamos de frente a esse estado de coisas logo no início, quando as árvores se agitam com o vento e ouvimos o mendigo louco aos berros.
Em Quando eu era vivo, Marat Descartes é o personagem transtornado que volta à casa do pai e revive a passado no presente, transformando memória em realidade, a partir da especialíssima relação na infância com a mãe e o irmão.
Na casa, além do pai, otimamente interpretado por Antônio Fagundes, ele convive também com a personagem de Sandy, jovem estudante de música que aluga um quarto.
A aposta de Dutra em um elenco aparentemente improvável torna-se, na verdade, um dos grandes acertos do filme. Se Marat e Helena Albergaria – que faz a mãe – são atores habituais do cineasta, Antônio Fagundes mostra todo o talento que sempre teve no cinema, dessa vez atuando em um filme independente de gênero, e Sandy – que como atriz assina Leah como sobrenome – surpreende e muito.
Só por fazer um trabalho totalmente diferente do seu universo já seria algo digno de nota. Mas, além disso, Sandy faz, e muito bem, a personagem que transitará entre os universos de pai e filho, passado e presente.
Impossível não registrar também a presença impagável e impactante de Gilda Nomacce, que faz uma esotérica, uma atriz cada vez mais essencial no cinema brasileiro, esse espaço generoso que, felizmente, não para de revelar grandes atrizes e musas.
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17ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES
24 de janeiro a 1º de fevereiro de 2014
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Patrocínio: CEMIG/Governo de Minas, Petrobras, Sesi/Fiemg
Incentivo: Leis Estadual e Federal de Incentivo a Cultura
Apoio: Oi Futuro, Instituto Universo Cultural, Rede Globo Minas