O diretor e ator Tavinho Teixeira (ao centro), de Batguano, 2014
Encarar três filmes seguidos foi a tarefa de quinta, 30, na 17ª Mostra de Cinema de Tiradentes.
Daí for entrar no Cine Tenda às 18h30, para sair por volta de meia-noite e quarenta depois de assistir: Aquilo que fazemos com as nossas desgraças (2014 - PR), de ArthurTuoto, Batguano (PB - 2014), de Tavinho Teixeira, e Exilados do vulcão (2013 - RJ), de Paula Gaitán.
A Mostra Aurora apresentou programa duplo, o primeiro foi Aquilo que fazemos com as nossas desgraças.
O discurso de abertura já anunciava o que está por vir, pois Tuoto frisou que era um filme sem câmera e sem direção.
Aquilo que fazemos com as nossas desgraças é filme todo formado por imagens alheias, seja de protestos nas ruas ou na bolsa de valores, não só do Brasil, mas de outros países também.
O diretor disse que a junção do material resultaria em um terceiro sentido, mas ao invés de deixar o público fazer o seu sentido ou procurar o sentido pretendido, o que se vê é um recurso da narração em off - outra vez!!! um prática presente em alguns filmes da Mostras - que acaba nos guiando para a mensagem anticapitalista construída.
Ao optar pela narração em francês, que é apresentada no original, por Godard, e traduzida na tela ocupando todo o espaço em preto, o filme se vale do charme do idioma francês, ao mesmo tempo que faz referência manjada ao universo Godardiano.
Parece filme feito para passar na Mostra Aurora, que é espaço dedicado à busca de novos caminhos realizada por cineastas com até três longas no currículo, e que pode resultar em filmes impactantes e outros anódinos.
Na sequência, foi a vez de conferir o inacreditável Batguano, de Tavinho Teixeira.
Hilário em muitas cenas, o filme apresenta o pré canto de cisne de Batman e Robin, transformados em dupla gay que perambula de carro atrás de michês e se empaturram de uisque em frente à televisão assistindo filmes como O homem elefante ou os próprios seriados.
Tavinho Teixeira, que roubou a cena durante a apresentação no palco, é o produtor, o diretor e ator do filme - faz Robin. Já Everaldo Pontes, o mais aplaudido ator da Paraíba e integrante do Grupo Piollin, faz Batman.
Se Robin é a bichinha que dubla Ney Matogrosso - a quem o filme é dedicado - em Nature boy, Batman é a bicha envelhecida, um tanto entediada e sem um dos braços - o filme conta com uma cena corajosa de felação explícita de Pontes.
Batguano é filme cafajeste até a medula, hilário muitas vezes e melancólico em outras.
Por fim, na Mostra Autorias, foi a vez de conferir Exilados do vulcão, de Paula Gaitán, prêmio de Melhor Filme no Festival de Brasília.
Também artista plástica, Gaitán tem uma assinatura sofisticada e singular, que já rendeu belos filmes como Diário de Sintra - sobre os últimos dias do então marido Glauber Rocha, e Vida - sobre uma das musas do Cinema Marginal, Maria Gladys.
Ainda que por objetos diferentes, a estética do cinema de Gaitán é perfeitamente identificada, nesse filme rodado em Minas Gerais - Cataguases e Belo Horizonte.
Exilados do vulcão se vale do trabalho de grandes atores, sobretudo as mulheres: Clara Choveaux, Simone Spoladore, Bel Garcia, Maíra Senise, Lorena Lobato e Ava Rocha. Fotografadas com esmero por Inti Briones, as atrizes parecem musas de Walter Hugo Kouri.
Exilados do vulcão tem força dramaturgica, ainda que o tom etéreo permanente fique aquém do próprio cinema de Paula Gaitán, muito superior em Diário de Sintra e Vida.
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Serviço:
17ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES
24 de janeiro a 1º de fevereiro de 2014
Idealização e realização: Universo Produção
Patrocínio Máster: BNDES/Governo Federal, Oi
Patrocínio: CEMIG/Governo de Minas, Petrobras, Sesi/Fiemg
Incentivo: Leis Estadual e Federal de Incentivo a Cultura
Apoio: Oi Futuro, Instituto Universo Cultural, Rede Globo Minas