Ano 20

17ª Mostra Cinema de Tiradentes - Oitavo Dia

Cena de Branco sai preto fica, 2014, de Adirley Queirós
E Batguano continuou chacoalhar em fanfarronice a 17ª Mostra de Cinema de Tiradentes, na sexta, 31..

No Seminário Encontro com a Crítica, Diretor e Público, Tavinho Teixeira, que já havia divertido a platéia na apresentação do filme e depois colocou um Batman & Robin inesquecível na tela, fez mais uma: em pleno debate telefonou para Ney Matogrosso - a quem o filme é dedicado -, que participou da conversa e disse ter se divertido muito com a cena em que Robin - o próprio Tavinho - o dubla em Nature Boy, e que precisa ver o filme inteiro.

Penúltimo dia da Mostra, a programação de longas no Cine-Tenda foi caprichada.

O homem das multidões (2013 - MG), de Cao Guimarães e Marcelo Gomes - olha o cinema mineiro aí outra vez -  abriu a noite em altíssimo estilo.

Ao mirar sua câmera para um condutor de metrô -em  interpretação econômica e intensa de Paulo André, experiente ator do Grupo Galpão - e sua relação com a cidade, Belo Horizonte, e seus habitantes, os cineastas realizaram um filme assombroso.

Se a cidade pulsa em transeuntes - em alguns momentos o filme lembra Transeunte, de Eryk Rocha - que vão para lá e para cá, seu comércio ruidoso e suas noites complexas, o condutor observa tudo com olhos que revelam um mundo que se passa todo por dentro em leituras muito pessoais de tudo o que vai ao seu redor.

A relação mais "próxima" que tem é com a controladora de trãnsito do metrô, interpretada com igual domínio de cena por Sílvia Lourenço - outro acerto de escalação. É a única para quem se oferece - mesmo que seja por perseverança dela. 

E Guimarães e Gomes compõe tão bem a cena, como também seus personagens, que o fato de na casa do condutor haver apenas um copo diz muito mais sobre a construção de seus personagens do que qualquer compêndio psicológico.

Grande filme. 

Se nas mostras competitivas Foco e Aurora, as produções de Contagem, Minas Gerais, vinham com grande força competitiva - e continuam - cada formato, curta e longa, encontrou páreos consideráveis.

Se Quinze, curta de Maurílio Martins - que continua sendo o favorito do Mulheres -, tem como páreo a produção paulista E, de Alexandre Wahrhafting, Helena Ungaretti e Miguel Antunes Ramos - é há quem destaque o também paulista Coice no peito, Renan Rovida, mas esse o Mulheres não viu -, nos longas inéditos da Aurora, A vizinhança do tigre, de Affonso Uchoa, encontrou o cinema indesviável de Adirley Queirós em Branco sai preto fica.

Penúltimo filme da Mostra Aurora, Branco sai preto fica (2014 - DF) inrompeu na tela com a força de um grande cinema, reafirmando o talento de Adirley Queirós, que faturou a Mostra Aurora em 2012.

Político até a raiz do cabelo, Branco sai preto fica é mais um petardo da periferia contra o poder excludente em Brasília, que geralmente olha para Ceilândia apenas nas milionárias carreatas de campanha, tão bem retratado em A cidade é uma só.

Mais uma vez Adirley Queirós trouxe para a tela personagens acachapantes, um radialista, um mecânico/desenhista, e um agente espacial - os dois primeiros deficientes, um na cadeira de rodas e o outro com uma perna mecânica.

Sim, Branco sai preto fica - mais um filme erroneamente apresentado como documentário - tem base documental e social, mas é também produção que se banha no cinema de gênero, no caso a ficção científica.

Todos os personagens estão em um tempo em que para os habitantes da periferia circularem pelo centro do poder têm que ter passaporte oficial - metáfora atualíssima. Daí que no caos do futuro, um grupo de resistência luta para reconfigurar o estado das coisas e para isso envia um agente para um passado afim de colher provas que incriminem os donos do poder.

Branco sai preto fica é filme que tira sua força de seus personagens e também de como Adirley se utiliza de recursos para contar sua história. É um banho de cinema, um filme urgente de um grande cineasta.

A Mostra Aurora terminou com mais uma produção da Filmes de Plástico, de Contagem, mas dessa vez uma comédia rodada em Belo Horizonte: Aliança.

Dirigido por Gabriel Martins, João Toledo e Leonardo Amaral, Aliança é pura fanfarrocine - e com substratos interessantes sobre a vida urbana - no encontro de três amigos. Um dele anuncia que quer se casar com a namorada e quer comprar uma aliança, já os outros dois acabaram de vê-la aos pegas com o instrutor de academia.

E enquanto decidem se contam ou não e como contam, até que tomam uma decisão, os três vivenciam situações que irrompem até  madrugada.

Aliança é o filme de encerramento da Mostra Aurora, que apresentou um recorte múltiplo e rico em possibilidades de reflexão - não necessariamente formada só por grande filmes.

Agora é aguardar a premiação no encerramento.

 
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Serviço:
17ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES
24 de janeiro a 1º de fevereiro de 2014
 Idealização e realização: Universo Produção
Patrocínio Máster: BNDES/Governo Federal, Oi
Patrocínio: CEMIG/Governo de Minas, Petrobras, Sesi/Fiemg
Incentivo: Leis Estadual e Federal de Incentivo a Cultura
Apoio: Oi Futuro, Instituto Universo Cultural, Rede Globo Minas

 




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 Betty Faria
Com amor profundo pelo cinema, premiada em vários festivais no Brasil e no exterior