Cena de Ressurgentes - um filme de ação direta, 2014, de Dácia Ibiapina
A não ser comédias e filmes de maior apelo comercial, cinema brasileiro é cada vez mais raro nas telas dos cinemas do grande circuito. E quando entra em cartaz, quase sempre, é de forma meteórica, quando não são oferecidos, inclusive, em apenas uma sessão diária.
Muitos filmes autorais conseguem ser mostrados apenas em festivais, o que acaba sendo sua única janela de exibição, ou então em cineclubes e salas especiais.
Agora imagina o cinema independente? O alternativo do alternativo? Aquele que é feito por produções com pouco ou nenhum orçamento, e que, muitas vezes, aposta na radicalidade e no cinema de invenção. Esse, muitas vezes, nunca consegue vencer a distância entre a produção e a fruição do público.
A boa notícia é que começa hoje em Belo Horizonte, e vai até 22 de junho, a Mostra do Filme Livre 2015, no CCBB, com toda a sua programação formada por produções independentes.
É a primeira vez que a mostra chega integralmente à capital mineira, preenchendo uma lacuna importante para os cinéfilos e para o público que aposta e aprecia um cinema de propostas estéticas variadas.
O filme de abertura é O tempo não existe no lugar em que estamos, dirigido por Dellani Lima, premiado pelo Júri Jovem na Mostra de Cinema de Tiradentes em janeiro.
Até o dia 22, o público poderá conferir uma programação extensa, com mais de 200 filmes independentes, entre curtas, médias e longas, de várias partes do país.
E o melhor de tudo: toda a programação é gratuita.
As mulheres, claro, têm lugar garantido. Serão exibidos filmes como De profundis, de Isabela Cribai (PE, 2014, 21min); Vallamideus, de Ticiana Augusto Lima (CE, 2014, 8min); A mulher que amou o vento, de Ana Moravi (MG, 2014, 67min); A vida privada dos hipopótamos, de Maíra Bühler e Matias Mariani (SP, 2014, 91min); Rio cigano, de Julia Zakia (SP, 2013, 80min); Ressurgentes – um filme de ação direta, de Dácia Ibiapina (DF, 2014,74min); Rito de passagem, de Juliette Yu-Ming (RJ, 11min).
A Mostra do Filme Livre apresenta alguns recortes mais que atrativos.
O primeiro deles é a homenagem ao cineasta Maurice Capovilla, um dos mais autorais cineastas brasileiros. Serão exibidos filmes do diretor, que também participará de um debate: Subterrâneos do futebol (1964), Bebel, a garota propaganda (1967), O profeta da fome, (1970), Bahia de todos os santos (1974), O último dia de Lampião (1975), O jogo da vida (1977), Crônica á beira do rio (1980), Harmada (2003), e o mais recente Nervos de Aço (2015), sobre Lupicínio Rodrigues e estrelado por Arrigo Barnabé.
Há também uma retrospectiva de curtas do cineasta mineiro Carlos Magno, mais debate com o diretor.
Na programação, serão exibidos 16 filmes mineiros – longas, médias e curtas -, com destaque para o longa Ela volta na quinta, de André Novais de Oliveira, um dos filmes mais comentados da recente safra.
Segundo material de divulgação, a programação será dividida da seguinte forma:
Longas Livres - os longas mais significativos na opinião da curadoria.
Panoramas Livres -os curtas e médias que mais instigaram a curadoria, de onde saem a maioria dos premiados de cada edição.
Mundo Livre - com filmes feitos por brasileiros no exterior.
Pílulas -com filmes de até três minutos – em 2015 essa sessão terá um prêmio oferecido pelo site “Curta o Curta” no valor de R$ 500,00 para quatro curtas, os premiados serão conhecidos em sessão da MFL BH.
Sexuada - com filmes de temática sexual.
Outro Olhar - filmes livres de todo o Brasil que não se encaixaram nas demais sessões da MFL.
Cabine Livre -há 3 anos a MFL criou esse espaço para a exibição, em loop, de filmes voltados para a videoarte, que passam em cabines individuais e/ou em salas adaptadas para esse fim, como em BH - a forma da cabine depende de cada CCBB.
Toda a programação pode ser conferida no site www.mostradofilmelivre.com
Sobre a Mostra do Filme Livre – MFL 2015
A MFL é produzida pela WSET (que também realiza no Brasil as mostras completas dos cineastas David Cronenberg e Michael Haneke, assim como a mostra Cinema de Garagem, entre outros eventos audiovisuais) com patrocínio do Banco do Brasil através da Lei de Incentivo à Cultura.
Sob a curadoria de Marcelo Ikeda, Chico Serra, Guiwhi Santos (Guilherme Whitaker), Christian Caselli, Gabriel Sanna e Ricardo Mansur, a MFL é a maior e a mais abrangente mostra de cinema brasileiro por conta da extensa variedade de produções que exibe. Em relação a 2014, neste ano o número de inscritos aumentou 40%, um recorde. Os filmes serão exibidos de acordo com suas características (sendo que, na maioria das vezes, não entraram em exibição no circuito comercial).
“Este ano recebemos 1460 filmes. Dos 209 selecionados, apenas 49, ou seja, 23%%, utilizaram verbas públicas na produção. As demais foram feitas sem essa grana, mas com muita gana. A MFL é o único evento de cinema que admite filmes de todos os formatos, gêneros e durações, além de aceitar filmes de qualquer época. A maioria dos festivais aceita obras realizadas no máximo há dois anos”, explica Guilherme Whitaker, criador e organizador da MFL.
Serviço
14ª Mostra do Filme Livre em BH – MFL 2015
Sessão de abertura da MFL em BH
Exibição do longa “O Tempo não existe no lugar em que estamos”, de Dellani Lima
Data: 01 de junho
Horário: 19 horas
Local: CCBB-BH (Teatro II)
Endereço: Praça da Liberdade, 450 – Funcionários – Belo Horizonte – MG
Tel: (31) 3431-9400 | ccbbbbh@bb.com.br
Entrada franca, com distribuição dos ingressos meia hora antes da sessão.
Programação completa: www.mostralivre.com
Funcionamento: de quarta a segunda, das 9h às 21h.
Programação da Mostra do Filme Livre em BH
Data: 03 a 22 de junho de 2015
Horários: consultar programação
Ingressos: entrada franca
Classificação: consultar programação por sessão