A 14a Cineop - Mostra de Cinema de Ouro Preto exubiu, no Cine Vila Rica, em pré-estréia, o documentário Notas Flanantes, média da cineasta Clarissa Campolina. O filme surgiu a partir de uma oficina que Clarrisa fez com o cineasta iraniano Abbas Kiarostami. Segundo a diretora, em determinado momento ele pediu que seus alunos descrevessem a cidade em que eles acordam todos os dias. Clarissa teve uma dificuldade enorme em responder a pergunta. Ela, que nasceu em Brasília, mas mora em Belo Horizonte desde os dois anos de idade, buscou essa resposta nesse documentário.Clarissa Campolina é uma das sócias da Teia, produtora mineira de relevância, com trabalhos exibidos no Brasil e em outros países. A cineasta adotou um procedimento. Ela dividiu o mapa de Belo Horizonte em quadrante, cada um deles com uma numeração distinta. Daí, saia de casa a cada dia para registrar somente o quadrante sorteado - alguns já conhecia, outros não.
Notas Flanantes persegue a estética que, de certa forma, aproxima os integrantes da Teia, como Helvécio Marins e Marília Rocha. Nos filmes da Teia, a aproximação com o objeto se dá a partir de uma aposta de linguagem, e por isso os filmes não são, muitas vezes, para o público convencional, de digestão imediata. É difícil o escoamento de filmes em formato média, pois se ao falar de exibição os curtas já são um tanto marginais no circuito - acabam tendo como vitrine apenas os Festivais ou o Canal Brasil e TVs educativas, o média é ainda mais marginal. Campolina sabe disso, mas confessou que não conseguia tirar nada para virar um curta e nem acrescentar para virar um longa. Notas Flanantes ficou com 45 minutos e, ainda que em alguns momentos não empolgue, sobretudo na utilização da narração - um dos recursos mais difíceis e perigosos em qualquer filme -, tem outros tantos momentos bem bacanas e de solução estética sedutora.
quarta-feira, 24 de junho de 2009