Ano 20

A Felicidade das coisas, 2020, Tahis Fujinaga

Uma mulher e mãe e uma felicidade fugidia

A felicidade das coisas, de Tahis Fujinaga está situado em uma linhagem de produção que aborda o universo familiar  por uma lente aparentemente naturalista, porém de tessitura sofisticadíssima, e que já nos apresentou filmes de altíssimo quilate, como Benzinho, de Gustavo Pizzi. Em cena, uma mãe de três filhos, um deles em gestação, em férias com eles e a sua mãe em uma praia do litoral paulista.

É a partir dessa personagem Paula, às voltas com a construção de uma piscina em sua casa de veraneio e os embates com o filho adolescente, com a mãe já na chave avó e com o marido ausente, que A felicidade das coisas apresenta uma radiografia precisa sobre as responsabilidades asfixiantes que recaem sobre a mulher e, sobretudo, sobre uma mulher mãe. "Eu não aguento mais, eu não aguento mais", lá pelas tantas Paula se desespera em lágrimas, em cena reveladora não só de um momento específico de sua vida, mas de um estado de coisas permanente e estabelecido para si, mesmo que à sua revelia. E em meio a isso tudo, a felicidade, ainda que fugidia. 

O filme conta com uma atuação absolutamente arrebatadora de Patrícia Saravy, que imprime no rosto, na fala e em todo o corpo, o ultraje de sonhos desfeitos, angústia, frustrações, medos e permanentes espantos.

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Sala 
 Léa Garcia
Dona de um talento ímpar e altivo, Léa Garcia brilha no teatro, na TV e no cinema.