Rubens Rewald (Idê Lacreta)
Bom, quando me foi proposto pensar, celebrar, elogiar, citar uma mulher do cinema brasileiro e destacar, é difícil porque são tantas, né? E me veio logo num primeiro momento à cabeça o mais óbvio, que são as atrizes, porque é o que vem à tona. E daí podia ser de qualquer época e eu comecei a pensar. Veio à cabeça grandes atrizes, veio Glauce Rocha, veio a Darlene Glória, veio tantas. Mas aí eu fiquei pensando “puxa, essas aí já foram tão celebradas, assim, tão consagradas”.
E aí eu acho que eu vou pensar numa coisa diferente, alguém que está por trás das câmeras que nem eu. E a pessoa que me veio à cabeça, claro, talvez pelo fato de que eu recém trabalhei com ela, foi a Idê Lacreta.
Idê Lacreta é uma montadora que já está na estrada desde o início dos anos 80, 81 pra ser mais preciso, com Cabaret mineiro. E ela tem um grande filme, tem vários filmes no currículo, mas talvez o mais conhecido seja A hora da estrela.
Ela acabou de montar o meu filme, Corpo, e ela é de um talento, de uma compreensão, de uma percepção e sensibilidade em relação ao cinema ímpar, que poucas, infelizmente, que poucas pessoas sabem disso. Assim ela reescreve o filme na montagem, ela percebe elementos de construção de personagem que os diretores nem nunca perceberam. Ela reconstrói os personagens, ela descobre tempos e espaços, quer dizer, é uma pessoa que domina essa linguagem.
Então, sem dúvida nenhuma, a minha celebração vai para essa grande dama do cinema brasileiro: Idê Lacreta.
Rubens Rewald é cineasta, roteirista e montador.
Depoimento ao Mulheres em janeiro/2008na "11a Mostra de Cinema de Tiradentes".
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