Vera Gimenez
Nascida em 14 de setembro de 1948, em São Paulo (SP), Vera Gimenez é uma das musas do cinema popular da década de 1970 e 80, e estrela dos filmes do cineasta, produtor e ator Jece Valadão. A veia de atriz já pulsava desde criança, ainda que ela não soubesse: “Eu era atriz e não sabia, porque desde pequena eu fazia uma coisa que eu acho que não são todas as pessoas que fazem. Eu lia muito, então esse negócio de ler muito fazia com que eu virasse os personagens que eu lia, entendeu? Então, por exemplo, se eu lia um livro e gostava do personagem, eu vivia interpretando ele e ninguém sabia que eu fazia isso, minha mãe não sabia de nada”.
Vera Gimenez estreia como atriz em 1967 ao atuar na novela Os fantoches, de Ivani Ribeiro, exibida na Excelsior: “Eu fui fazer porque eu trabalhava, precisava de dinheiro, meu pai tinha sido muito rico e tinha perdido muito dinheiro, e eu fui trabalhar. Eu achava aquilo estranho, desagradável, muito chato, porque ficava-se horas e horas esperando”. A estreia no cinema se dá no episódio Berenice, de Pedro Carlos Róvai, do longa Lua de mel e amendoim. Mas foi seu encontro com Jece Valadão, com quem se casa, que vai intensificar sua carreira nas telas, e ela se torna musa de seu cinema: “Ele não me deu moleza não. Ele não deu moleza, tanto é que emObsessão o papel principal era da Rossana Ghessa. Em A difícil vida fácil era da Sandra Barsotti, entendeu? Ele não deu moleza não, quando eu reclamava ele dizia que eu tinha que fazer ainda pra conseguir chegar lá... coisas assim”.
Com Jece Valadão, seja ele produzindo ou dirigindo, faz vários filmes, como Os amores da pantera, Eu matei Lúcio Flávio, e O torturador. É requisitada também por vários cineastas, e se destaca no policial O marginal, de Carlos Manga, no drama A freira e a tortura, que ela abomina. Sua preferência vai para comédias como Já não se faz amor como antigamente eNinguém segura essas mulheres, sobre a qual ela comenta: “Tem dois filmes que eu gosto muito, duas comédias, uma é esta, que eu adoro, que é muito engraçada. Mas eu me irritei bastante com o Anselmo (Duarte), a gente era muito doido. O filme era muito engraçado, né, porque é uma comédia, acho que comédia sempre é bom de fazer, eu gosto muito”.
Vera Gimenez conversou por telefone da sua casa com o site Mullheres do Cinema Brasileiro, em março de 2013. Ela revisita sua trajetória, fala sobre o começo da carreira, a televisão, o teatro, o cinema, os filmes em que atuou, a experiência com os diferentes diretores, a relação com Jece Valadão, os filmes que gosta e o que abomina, e muito mais.
Mulheres do Cinema Brasileiro: Você teve sempre esse desejo de ser atriz?
Vera Gimenez: Não, eu era atriz e não sabia, porque desde pequena eu fazia uma coisa que eu acho que não são todas as pessoas que fazem. Eu lia muito, então esse negócio de ler muito fazia com que eu virasse os personagens que eu lia, entendeu? Então, por exemplo, se eu lia um livro e gostava do personagem, eu vivia interpretando ele e ninguém sabia que eu fazia isso, minha mãe não sabia de nada. Eu li E o vento levou, que é um livro de mais de 600 páginas, sei lá, e eu virei a Scarlett O’Hara. Então eu acho que eu era atriz e não sabia. E como na minha época ser atriz era uma coisa, não era uma coisa cogitada, entendeu?
MCB: Sim.
VG: Porque as pessoas não falavam, não existia, ser atriz era uma coisa meio maldita, então eu não tinha ideia. E aí eu fiz dois anos de faculdade de cinema.
MCB: Isso quando?
VG: Em São Paulo, 67..., foram dois anos, quer dizer, um ano e meio. Aí depois engravidei da Lu (a apresentadora Luciana Gimenez). Então eu era atriz e não sabia.
MCB: Eu tenho dois registros aqui e eu fiquei em dúvida... tem um registro que fala que na televisão você começou em uma novela que se chama Os fantoches...
VG: Verdade. Os fantoches foi na TV Excelsior, em São Paulo. Era direção do Avancini, e era com Paulo Goulart, Dina Sfat, Paulo José.
MCB: A novela era da Ivani Ribeiro, não é?
VG: Exato, eu fiz uma participação, eu fazia uma cartomante, é mole, com 18 anos, meio que doido.
MCB: Esse é seu primeiro trabalho de atriz?
VG: De atriz é.
MCB: E foi difícil? Para você que tinha esse interesse e ficava fantasiando?
VG: Eu fui fazer porque eu trabalhava, precisava de dinheiro, meu pai tinha sido muito rico e tinha perdido muito dinheiro. E eu fui trabalhar. Eu achava aquilo estranho, desagradável, muito chato, porque ficava-se horas e horas esperando, porque televisão é arte de esperar, né? Então ficava horas e horas esperando, eu achava aquilo muito chato. Tinha a Yara Lins, enfim... Ela ficava lá jogando carta, fazendo crochê, tricô, era um negócio. Era na Vila Leopoldina, em São Paulo, era um frio do cão aqueles estúdios enormes, era com o Avancini. O Avancini tinha me visto em um comercial e me chamou, então eu não estava achando que aquilo era muito bom não.
MCB: E você ainda pegou um diretor que era famoso por...
VG: Ele achou que eu poderia ser atriz, não foi Zé ninguém não, foi ele.
MCB: Ou seja, você começou em grande estilo, porque Walter Avancini é um dos maiores diretores que a gente tem de televisão.
VG: É, infelizmente morreu.
MCB: E depois disso?
VG: Aí eu parei, parei porque eu engravidei, tive a Luciana, e aconteceu que eu fiquei desempregada. Eu era booker de uma agência de modelo de São Paulo e essa agência deu o cano em todo mundo, eu fiquei desempregada. Nisso, o pai da Luciana, eu estava separada dele, resolveu sequestrar a minha filha, sequestrou minha filha no dia que ela fez um ano. Ele tinha muito dinheiro. Eu estava sem emprego, sem dinheiro para brigar pela minha filha. Ele sequestrou minha filha, encostou duas kombis na porta da minha casa, de acordo com a empregada que eu tinha, e levou minha filha para a casa da mãe dele. Eu tive que brigar na justiça, então, para brigar na justiça você tem que ter grana e eu não tinha. Aí eu fui falar com o Aníbal Massaini, que era meu amigo, ver se tinha algum trabalho pra mim de modelo, alguma coisa. Ele estava fazendo um filme, ele falou que tinha sim, que era uma participação no filme que ele estava fazendo, que era com a Rossana Ghessa. Aí eu falei tá bom, precisava de dinheiro. Nisso entrou o Pedro (Carlos Róvai) me viu, e me chamou pra fazer um episódio dele aqui no Rio de Janeiro.
MCB: Que é do Lua de mel e amendoim.
VG: Exatamente, eu fiz o segundo episódio, em que a estrela era a Renata Sorrah.
MCB: Sim, esse primeiro do Aníbal, que você falou, qual era o filme?
VG: É o mesmo.
MCB: E aí acaba que você faz do cinema o espaço mais importante na sua carreira.
VG: Eu parei, eu vim aqui para o Rio e fiz um outro filme. Fiz uma comédia.
MCB: Que é o Tô na tua, ô bicho.
VG: Com a Nair Bello, que é o Tô na tua, ô bicho. Era o Agildo (Ribeiro), Costinha. A Nair Bello era minha mãe, nossa, eu adorava a Nair. Enfim, fiz e me chamaram pra fazer um terceiro filme. Era um filme que eu não fiz, quem fez foi a Darlene Glória. Eu não quis fazer, fui embora para São Paulo, eu estava com saudade da minha filha. A essa altura eu já tinha conseguido pegar minha filha de volta, estava com minha mãe. Fui pra São Paulo e fiquei quase um ano lá, foi em 1970. E aí eu conheci o Jece (Valadão) na estreia do meu filme.
MCB: O encontro seu com o Jece vai ser fundamental, não é, porque vocês vão se casar e você vai ser a principal musa do cinema dele, a principal estrela.
VG: Eu fiz muito filme sem ser com o Jece.
MCB: Sim. A gente vai abordar também. Eu queria esse lado com o Jece Valadão porque vocês fizeram filmes importantes, nesse período você foi a estrela do cinema dele.
VG: Mais ou menos, ele não me deu moleza não. Ele não deu moleza, tanto é que em Obsessão o papel principal era da Rossana Ghessa. Em A difícil vida fácil era da Sandra Barsotti, entendeu? Ele não deu moleza não, quando eu reclamava ele dizia que eu tinha que fazer ainda pra conseguir chegar lá... coisas assim.
MCB: Era difícil essa convivência? Porque vocês eram casados e também trabalhavam juntos.
VG: Não, não era, o Jece era uma pessoa de facílima convivência, talvez, de todos os maridos que eu tive, ele era o mais fácil de conviver. Ele era uma pessoa calma, não era nervoso, dificilmente gritava, não falava palavrão, era uma pessoa de facílima convivência. Quero ir em tal lugar, então tá, então vamos; não quero ir, tá bom, não vamos, entendeu? Ele era de facílima convivência.
MCB: Como foi para você, com essa vida já intensa no cinema? Você já se sentia essa atriz que você fantasiava lá atrás?
VG: Não, não sentia, eu renegava tudo que eu fazia porque nunca tive apoio da minha família, entendeu? Então eu não fazia aquilo, eu achava que eu poderia fazer coisa melhor. Só que na época você não podia fazer coisa melhor, não tinha para fazer, dificilmente você conseguia fazer uma coisa melhor nessa época por conta da repressão, entendeu? Eu não tinha muito o que fazer, fazia o que tinha, mas eu achava que podia fazer coisas melhores. Às vezes eu discutia com o Jece, por exemplo, teve uma vez que eu realmente fiquei muito brava, que eu fiquei muito chateada, que foi no último filme que eu fiz com ele, foi direção do Calmon.
MCB: Eu Matei Lúcio Flávio.
VG: Não.
MCB: O torturador.
VG: O torturador, que é o meu xodó esse filme. E eu acho que poderia ter sido melhor, entendeu? Eu gosto muito do filme, o filme poderia ter sido melhor, eu poderia ter estado melhor, poderia ter feito mil coisas melhores. Mas aí começou o filho dele a se meter, foram muitas coisas que aconteceram, mas é um filme que não foi entendido na época.
MCB: Inclusive, do Antônio Calmon, talvez seja o filme mais marginal dele, talvez seja um dos filmes menos vistos do Calmon.
VG: Pois é, e é um filme que eu gosto muito, porque é uma linguagem nova, uma linguagem de quadrinho. E tem atores maravilhosos, Otávio Augusto, que é sensacional, deu um show, tem o Ary Fontoura...
MCB: Tem o Arena (Rodolfo Arena).
VG: Tem o Ary com a Thaís (Portinho), ela sobe em cima dele, ele monta e se prepara, é monstruosa aquela cena. Enfim, é uma pena que o filme não foi entendido, eu gosto muito do filme.
MCB: Agora, nesses filmes com o Jece, eu acho impossível não falar do Os amores da pantera, que é um filme que eu, particularmente, gosto muito.
VG: É, mas também discuti, eu discuti porque o autor, que é o... como é o nome dele? Me esqueci, ele escreveu um livro. Eu não acreditava exatamente nisso, na conspiração de tráfico de drogas, entendeu? Que tem em Os amores da pantera. Eu não acreditava, e aí discutia com ele porque eu achava que não era assim, acho que na realidade o que aconteceu é que ela era uma doida, doida varrida, todo mundo sabe, todo mineiro soube, entendeu? Uma mulher que adorava provocar homens, o Ibrahim Sued chegou a dar um tiro nela, pegou no portal da porta, entendeu? E a Ângela Diniz, que Deus a tenha, era uma mulher que gostava de correr riscos, de provocar, e eu não concordava com Os amores da pantera, achava que não era isso que tinha acontecido. O que tinha acontecido é que ela falou coisas para ele e ele matou ela, entendeu? Louco, com cocaína, enfim. Foram alguns filmes que eu discuti com o Jece.
MCB: Só recuperando, esse autor que você falou é o José Louzeiro, não é?
VG: É, José Louzeiro.
MCB: Mas ainda que você tenha essas questões com roteiro e tudo mais, você está em um momento muito bom na tela, eu acho que você está maravilhosa, como atriz e como uma presença cinematográfica mesmo.
VG: Obrigado. Tá bom, isso daí é o de menos, né?
MCB: Você gosta desses filmes que você fez?
VG: Alguns eu gosto. Por exemplo, eu gosto muito desse filme que eu estou te falando, sobre reencarnação, aquela cena andando a cavalo, eu gosto muito. Gosto muito do filme que eu fiz com o Tarcísio (Meira) e a Darlene (Glória), sempre muito crítica, sempre achando que eu poderia ter feito melhor. Eu poderia, eu sinto falta, falta de direção, não no caso do filme da Darlene, porque a direção era boa, aliás, o assistente de direção era o Sílvio de Abreu.
MCB: Esse da Darlene que você está falando é O marginal, não é?
VG: É, do Manga (Carlos Manga). Esse teve uma direção primorosa, mas o resto me deixava muito solta, e acho que faltou muito a direção, direção de atores, que eu estou falando.
MCB: É um filme lindo, um filme que sobreviveu.
VG: O Tarcísio está ótimo, a Darlene está ótima.
MCB: E você está ótima.
VG: O filme é muito bom.
MCB: Você citou O torturador, do Calmon. E aí, falando de Calmon e Jece, é impossível também não falar do Eu matei Lúcio Flávio, que tem, para mim, dois trabalhos lindos ali de atriz, que é o seu e o da Monique Lafond.
VG: Ela ganhou um prêmio.
MCB: O filme tem essa questão da presença cinematográfica, em que a câmera procura essas mulheres e, no caso, vocês duas ali no filme é muito impressionante. É um filme que você gostou de fazer? Como foi?
VG: Eu tinha acabado de dar à luz o Marco Antônio, então eu ainda estava gordinha, e o Calmon falou que ele queria uma representação da Lanna Turner, ele era muito engraçado, o Calmon. Teve uma época que a gente era muito amigo, eu não sei o que aconteceu com o Calmon, o Calmon sumiu, não sei, nunca mais. O Calmon vivia na minha casa, dormia na minha casa, ele era amigo mesmo. Aí acabou, meio estranho, mas enfim, eu gostei de fazer o filme, eu gostava das coisas do Calmon.
MCB: É impressionante, porque ele abandonou o cinema, ele foi para a televisão. A filmografia dele é muito boa, os filmes dele são muito bons.
VG: É, eu não sei, eu acho que deu uma pirada de cabeça, sumiu, não está nem na televisão, né?
MCB: É, já tem um tempo que ele não faz novelas.
VG: É, eu acho que ele teve, ele tinha problemas emocionais, essa coisa da sexualidade, mas ele está sumido, nunca mais eu vi o Calmon. A última vez que eu vi o Calmon pessoalmente, para você ter ideia, eu estava em um shopping aqui no Rio, acho que no Shopping da Gávea. Ele entrou e eu fui falar com ele, e ele me tratou super, hiperfrio, eu achei aquilo tão estranho.
MCB: E dirigindo, ele era tranquilo?
VG: Era, mas o Jece era mais tranquilo. Mas o Calmon também, o Manga também, eu não peguei diretor louco não.
MCB: Você fez também dois filmes com o Anselmo Duarte, O descarte e o episódio...
VG: É, eu faço uma participação no Descarte, que era da Glória (Menezes), né, o filme.
MCB: E o Ninguém segura essas mulheres.
VG: Esse eu adoro.
MCB: Que tem aquele episódio que você era a protagonista.
VG: Adoro. Tem dois filmes que eu gosto muito, duas comédias, uma é esta, que eu adoro, que é muito engraçada. Mas eu me irritei bastante com o Anselmo, o Anselmo era muito doido rsrs. O filme era muito engraçado, né, porque é uma comédia, acho que comédia sempre é bom de fazer, eu gosto muito.
MCB: Aquele marido que volta inesperadamente...
VG: É, piada normal.
MCB: Mas é muito bem conduzida.
VG: E tem um outro que eu fiz aqui em São Paulo, que eu adoro. A história é da Lygia Fagundes (Telles), o episódio do Aníbal (Massaini), e a direção é do John Herbert.
MCB: Sei, chama-se O noivo esse episódio, ele vai casar e não sabe com quem, daí fica lembrando das mulheres que passaram pela vida dele.
VG: É, e aí tem a cena do carro, que eu acho hilária. É uma doida varrida, que não quer dar pra ele, e chega na porta do apartamento, faz um charme e volta, e quer dar pra ele no carro, é muito engraçado.
MCB: Já não se faz amor como antigamente.
VG: É, tem algumas coisas que eu gosto muito, outras eu detesto.
MCB: Você poderia citar alguma, ou não?
VG: A freira e a tortura, eu quero bater nele até hoje, eu gosto dele pra caramba, mas foi o último filme que eu fiz, eu já estava na faculdade, faltou direção, faltou tudo.
MCB: Mas é um filme lindo, você não acha não?
VG: Não.
MCB: Você, David Cardoso e a direção do Ozualdo Candeias.
VG: Pois é, por que eu caí nessa esparrela de fazer? Porque a Guta, que era a toda poderosa da TV Globo, me convenceu a fazer. “Não vou fazer porque não é meu perfil os filmes dele”, e ela me ligando, “você tem que fazer, tem que fazer”, “não, mas não é o meu perfil, você está querendo que eu faça filme do David Cardoso?”. Eu gosto muito do David, é meu amigo, mas não dá pra fazer filme do David, cara, é muita putaria, é muita sacanagem, é muita coisa horrível. “Não, mas esse aí não vai ser porque o Ozualdo Candeias é um diretor premiado, e tem também é a história, de uma freira, não sei o quê...”. Bom, encheu tanto o meu saco, que me convenceu a fazer. Eu acho que faltou direção, eu acho que o Candeias estava precisando de dinheiro. Trabalhar com o Candeias foi adorável, ele era maravilhoso, era uma pessoa muito legal, mas eu acho que ele precisava de dinheiro, então ele cedia aos apelos. Então, por exemplo, fazia uma cena séria com ele, eu virava as costas, e só tinha putaria dentro da cadeia. A história foi muito mal dirigida. No primeiro dia que eu fui filmar, eu já percebi que ia dar merda, entendeu? Porque não tinha, eu estava acostumada a fazer filme com um set legal, e não tinha. Se passava em 60 e poucos, o filme. Os filmes nacionais pecavam principalmente por falta de profissionais, você tem que fazer a pesquisa da equipe que você vai botar, qual é a roupa, não tinha, não tinha. Por exemplo, vi uma cena do filme com o meu cabelo todo armado, aquele cabelo não podia estar armado daquele jeito, e tem cenas que não tem um pingo de maquiagem. Foi uma das cenas mais nervosas que eu passei, era com figuração, em cima de um prédio, tentando me atirar lá de cima, me afogar, enfim. Eu tentei fazer uma coisa séria. E quando virava as costas faziam uma merda.
MCB: O autor é o Jorge Andrade.
VG: Jorge Andrade.
MCB: E é curioso você falando essas coisas assim, porque eu entendo tudo isso que você está dizendo, mas eu gosto muito do Freira, acho um filme impactante.
VG: A história é linda, o final é lindíssimo, ele vai ao cemitério, lindíssimo. Mas pelo amor de Deus! Eu fui dublar e aí eu falei “eu quero ver o filme, o copião”. “Ah, não dá pra ver”, e não sei o quê, sempre uma desculpa, entendeu? Eu não fui à estreia, devia estar na Faculdade, devia ter prova, e minha prima foi na estreia em São Paulo, no Marabá, imagine, e ela passou a mão no telefone e me disse: “Vera, o que é isso? Que merda é essa?”. Entendeu? Porque não é nada, o filme é híbrido, ele não conseguia fazer a história, a história era boa, era do Jorge Andrade, entendeu? A história era boa, você poderia ter feito uma coisa bem mais densa, muito melhor. E na realidade foi feita uma coisa que não é nada, não é nada, eu abomino esse filme, sinceramente, tenho vontade de me atirar de cabeça quando vejo o filme.
MCB: A questão da nudez te incomodava ou não?
VG: Nesse filme não, nesse filme tinha uma proposta, quer dizer, na minha cabeça tinha uma proposta, entendeu? Eu não tenho cenas libidinosas no filme, tem cena de nudez, mas não tenho cenas sexuais, não tem, minhas não. Tem cenas, que quando eu estou nua e eles querem me atirar lá de cima do prédio, quando eu estou sendo afogada também. Eu tenho cenas sexuais muito mais fortes, sensuais, com o Tarcísio (em O marginal), e não aparece nada.
MCB: No Freira eu lembro que tinha cenas fortes com a Sônia Garcia, se não me engano.
VG: Quem?
MCB: Sônia Garcia, que fazia uma das presidiárias, que estava presa.
VG: Só tinha cena de putaria ali, cara, e nunca era filmadas comigo perto, nunca, nunca. Eu filmei a minha parte, e depois que eu saía eles faziam as putarias, não era comigo ali, eu nunca vi.
MCB: O cinema feito na década de 70 e de 80 é uma fase que eu gosto muito e que hoje está sendo retomado, está sendo olhado melhor.
VG: Representa o que nós éramos naquela época, não é?
MCB: Isso.
VG: Eu concordo com você porque a gente, naquela época, não podia falar nada, era uma repressão danada. Me lembro do Jece indo pra Brasília direto para sentar junto com a censura, os cortes, entendeu? Era uma coisa assim terrível, terrível. Cortavam cena e ai ficava-se mendigando uma cena porque se não o filme ficava sem pé nem cabeça, entendeu? E tinha o negócio da Embrafilme, O Barretão sempre mandando, enfim.
MCB: Você teve algum problema com a censura?
VG: Eu Vera não, mas os filmes sim, os filmes sim. Aliás, um dos caras que foi diretor da Embrafilme, o Carlos (Guimarães), sabe quem é? Ele mora em Minas, ele foi diretor da Embrafilme, ele deve ter muita história. Ele foi diretor da Embrafilme durante um tempo, ele não é um cineasta, nem sei porque o Carlos entrou. Aliás, ele chegou a fazer um filme sim, ele chegou a fazer um filme aqui no Rio de Janeiro, A cartomante. O Carlos era super meu amigo.
MCB: Vera, esse cinema da década de 70 é muito marcado por grandes musas no cinema, que hoje são reverenciadas por uma legião de fãs. Vocês conviviam na época? Você citou algumas aqui, Sandra Barsotti, Rossana Ghessa.
VG: Rossana não porque é paulista, né, eu sou paulistana mas fui embora pro Rio. Mas era muito amiga e continuo muito amiga da Monique (Lafond), gosto muito da Sandra (Barsotti).
MCB: E vocês conviviam? Falavam sobre esses filmes? Como era?
VG: Não, teve uma época em que eu dava muita festa, por exemplo, a Monique ia muito na minha casa. Monique é minha amiga, continua minha amiga.
MCB: Já entrevistei ela para o site, inclusive. Ela fez muitos filmes, ela fala em 44.
VG: Ui, ui, poderia ter ganhado mais dinheiro, não é? Tem esse detalhe, hoje em dia você vê o Canal Brasil, eu fico furiosa, passam todos os meus filmes e você não tem direito a nada, eu acho isso o cúmulo.
MCB: Você fez televisão, mas fez muito mais cinema. Era uma predileção sua ou porque não havia convite para a TV?
VG: Olha, na realidade, o que ocorre na televisão... Eu vim para o Rio de Janeiro. Quando eu estava com o Jece eu já tinha dois filmes, e eu fui fazer uma novela (Tempo de viver, 1972/73) na Tupi, tem até no Youtube uma cena comigo e o Otávio Augusto. A estrela era aquela moça, aquela atriz loira que morreu em um desastre de automóvel.
MCB: Adriana Prieto?
VG: Adriana Prieto, que foi namorada do Róvai. Eu não tive convivência nenhuma com ela porque sabe como é novela, você está em um núcleo, não está no outro. A direção era do Jece, quer dizer, começou direção de um, de outro, e depois era o Jece que estava dirigindo, e na Tupi mesmo.
MCB: Essa é antes de você ir pra Globo.
VG: Foi, foi a primeira novela do Jece Valadão, ele levou as câmeras, aquelas câmeras pesadas, enormes, ele levou pra rua. Uma novela em preto e branco na Tupi, tem cenas minhas no Youtube.
MCB: Porque depois você vai para a Globo e faz a Escalada, a primeira lá. E aí você faz várias, faz Anjo mau.
VG: Fiz várias participações, Anjo mau, eu fiz inteira. Aí sofri um acidente de carro.
MCB: Você faz Duas vidas.
VG: Aliás, morreu a atriz que fazia minha mãe. O que fazia meu pai já tinha morrido, era o Jayme (Barcellos), e agora ela morreu na semana passada (Rosita Thomaz Lopes). Eu tive um problema muito sério nessa novela, a câmera, a luz da câmera, aquele olhinho vermelho que tinha na câmera me deixava extremamente tensa, caia a minha pressão,eu ficava muito nervosa, foi quando eu comecei a fazer terapia, eu tinha aflição, parecia que a câmera invadia a minha privacidade.
MCB: Era uma personagem importante, você fazia a Paula na novela.
VG: É, depois eu fui substituída pela Alessandra Negrini.
MCB: Na versão, no remake.
VG: Eu gostei muito de novela, de algumas novelas que eu quis fazer, Que rei sou eu?, eu queria muito fazer, queria ter feito, só que eu era meio dispersiva, porque não faltava convite, não faltava dinheiro, então eu não corria atrás. E a Globo, sempre muito maldita, né, com negócio, sei lá, de predileção, de puxação de saco.
MCB: Mas você fez várias novelas.
VG: Fiz muitas participações. Eu fiz muito Os Trapalhões.
MCB: Você ficou um tempo sem fazer, e aí depois retornou em A próxima vítima, você fazia uma secretária, que era a Andréia.
VG: Eu vou te dizer uma coisa, eu só faltei lamber o saco, falando honestamente, do Sílvio de Abreu e do Jorge Fernando para conseguir fazer essa novela, foi muito complicado.
MCB: Você já tinha feito outras coisas com eles, não tinha? Uma participação.
VG: Fiz uma participação em Guerra dos sexos, fiz a namorada do Tarcísio (Meira), que cai dentro da jaula. Quem está fazendo agora esse personagem? Acho que...
MCB: Essa nova versão eu não estou assistindo.
VG: Bom, é muito ruim mesmo, é decadente, não tem nada a ver, já era. O problema da Globo, sendo honesta, ou você faz parte da panela, coisa que eu não faço, eu nunca fiz parte da panela... Então primeiro tinha o Jece, então os caras queriam me comer, mas tinha o Jece, que era uma coisa de perdição, entendeu? Psicologicamente. E depois eu nunca puxei saco, eu entrei na faculdade, e eu realmente abandonei. Pedir, correr atrás, até aceitar para fazer. Então quando eu quis voltar, eu me formei em 86, quando eu quis voltar, eu fui contratada pela Manchete pra fazer Kananga do Japão.
MCB: Que é uma novela linda.
VG: Eu tive um problema terrível, foi um dos grandes choques da minha vida. Eu estava contratada, eu fiquei contratada um ano na Manchete, eles foram obrigados a me pagar durante um ano. A Tizuka Yamasaki, na véspera da gravação, me tirou da novela.
MCB: É mesmo?
VG: É. Olha só, eu estava ensaiando com o Raul Gazola lá na bloch, hoje nem tem mais, onde era a editora. Eu estava ensaiando, ela ligou, pediu para que eu fosse conversar com ela. Aí eu cheguei e estava ela, o Carlos Araújo e o Jayme Monjardim. Ela disse que não queria que eu fizesse.
MCB: Por quê?
VG: Ela disse “Porque você não cortou o cabelo”. Aí eu falei “cortei o cabelo sim”, meu cabelo estava curtinho. Aí ela, “você não cortou o suficiente”, e eu falei “olha querida, eu cortei o cabelo o suficiente, só que tem um detalhe, eu tenho a cabeça pequena e eu sou muito grande, sou muito alta, se eu cortar muito não sei o que vou parecer. "Você não afinou a sombracelha". "Afinei a sombrancelha". “Você não sabe dançar”. “Sei dançar”. Enfim, o que aconteceu foi que eu me indispus. Para você ver como que é, né, a gente estava ensaiando dança já tinha mais de um mês.
MCB: O personagem seu era qual, o que a Elaine Cristina fez?
VG: Não. Cadê a Elaine Cristina? Sumiu, né?
MCB: Eu já entrevistei ela para o site também, ela estava fazendo novelas no SBT.
VG: Ela sumiu, ela era casada com o Flávio.
MCB: Flávio Galvão, é até hoje.
VG: Então, não, quem fez foi uma de cabelo vermelho, esqueci o nome dela. O problema é que aconteceu o seguinte. A gente estava ensaiando dança né, a nossa professora era a Sandra Regina. A Tizuka chamou uma pessoa faltando assim 20 dias para estrear a novela. Ela tirou a Sandra Regina e botou uma outra professora, botou essa mulher lá, entendeu? Eu fiquei puta, falei não pode, não é assim, a gente está acostumada com a Sandra Regina, inclusive eu fazia aula particular na minha casa com a Sandra Regina, e eu fiquei chateada, eu falei e tal, e eu não sei se foi isso.
MCB: Era a personagem da Tamara Taxmann?
VG: Tamara Taxmann. Eu achei extremamente de mau gosto o comportamento dela, não que ela não tivesse que aceitar. Eu teria feito assim, olha, eu fui chamada hoje, de hoje pra amanhã pra substituir a Sylvia Bandeira, por exemplo, uma pessoa que eu gosto e que eu curto, tudo bem, mas vamos lá, o que eu faria? Olha, eu vou substituir, mas por que a Sylvia saiu? Por que ela não está mais, o que aconteceu? Me dá o telefone da Sylvia. Entendeu? Eu teria feito isso, eu teria falado com a Sylvia, “olha, eu preciso trabalhar, você sabe como é esse negócio de atriz, preciso trabalhar, estão me chamando pra substituir você, o que está acontecendo?”. Eu teria feito isso, porque era o papel certo pra se fazer e ela não fez.
Eu fui lá, ela falou comigo que não queria que eu fizesse, e eu fiquei em estado de choque. Eu morava na Barra, bem longe por sinal. Eu fui lá e ela falou “olha, então faz o seguinte, aguarde até as 8 horas da manhã que eu te dou a resposta se você pode fazer ou não”. Olha a maldade, muita maldade, muita escrotidão da parte dela. E aí eu tive que aguardar, minhas roupas estavam todas prontas, tudo feito, tudo arrumado, e ela ligou às 8 horas da manhã falando que eu não iria fazer. Eu tinha passado a noite toda chorando, sentada em uma cadeira, olha, foi uma das coisas que mais me revoltou na minha profissão. E eu falei que não queria ser mais atriz, larguei, abandonei outra vez e passei um ano em São Paulo dirigindo o departamento comercial de uma fábrica. Depois eu vim para o Rio de Janeiro dirigir uma boate, um bar, no restaurante Streg, e aí foi isso.
Depois, a década de 90 foi uma cagada na minha vida, em 90 minha empregada de 14 anos teve um AVC, em 91 eu resolvi sair da minha casa na Barra da Tijuca, porque a Luciana não viria mesmo mais embora para o Rio de Janeiro, ela morava na Europa, então não tinha cabimento morar eu, meu filho e meu marido em uma casa de quatro suítes. Então eu mandei arrumar meu apartamento, passei um ano inteiro arrumando meu apartamento para mudar, porque quando não tem dinheiro sobrando é foda, né? Aí vim para cá em 91, no final de 91, em 92 meu pai morreu, em 93 meu marido morreu, em 94 eu tive um câncer.
MCB: Nossa.
VG: Então, a década de 90 foi uma década assim de perdas irreparáveis. E teve duas coisas muito boas, foi meu neto que nasceu em 99, mas já entrando em 2000, e o livro que eu escrevi. E tem a A próxima vítima, em que eu acho que me deram um papel de merda.
MCB: Foi nesse período A próxima vítima, não é?
VG: Foi, eu ainda estava gravando. Uma coisa que adorei fazer foi A gaiola das loucas, que eu fiz quatro meses, e aí tive o câncer, e fui obrigada a sair.
MCB: No teatro, não é?
VG: É. Então, a década de 90 foi uma década de merda na minha vida, foi, assim, inacreditável, foi assim só perdas, perdas financeiras, perdas emocionais, perdas físicas, enfim.
MCB: O bom é que você se recuperou, venceu o câncer.
VG: É, mais ou menos, mas tem que estar sempre de olho, ano retrasado tive que fazer uma rádio porque foi na minha coluna, entendeu? Algumas pessoas ficam curadas sim, outras, como eu, eu tenho sempre que ficar de olho, entendeu? É uma doença, hoje em dia, dependendo do câncer, do local, é uma doença mais, vamos dizer assim, crônica, como é no meu caso.
MCB: Mas aí nos anos 2000 você retoma, você faz Cristal, no SBT, não é isso?
VG: É.
MCB: E faz Donas de casa desesperadas.
VG: É, na Argentina, que foi muito bom.
MCB: E Cristal, no SBT, não é isso?
VG: Isso, também foi muito bom. Infelizmente, o cara que fez meu marido morreu, morreu esse mês.
MCB: Quem é?
VG: Um diretor de teatro, ator, a gente faz trabalho de marido e mulher, ele era muito engraçado (Luiz Bacelli).
MCB: Eu queria falar só mais uma coisa importante, que você juntou televisão e cinema, fazendo Os trapalhões, não é?
VG: Os trapalhões, ótimo, foi ótimo trabalhar com eles.
MCB: No cinema, você fez A filha dos trapalhões, em 84.
VG: Foi muito bom, trabalhar com eles foi muito bom, agora não é mais o que era, né?
MCB: E você fazia também programas na televisão, você fez participações também.
VG: Fiz muito, muito, Viva o gordo, Os trapalhões, fiz muito, muito.
MCB: Agora Vera, o último filme seu é o Solidão, uma linda história de amor.
VG: É uma participação, cara, vou falando essas coisas e lembrando dos meus amigos que morreram. Nossa senhora, eu nunca vi tanto dinheiro gasto em uma coisa, era uma história de peruinha, né?
MCB: Eu lembro que tem Maitê Proença.
VG: Tarcísio, era tudo participação.
MCB: Era um elenco grande.
VG: Foi o último filme, mas eu fiz peças de teatro depois.
MCB: E por que, é falta de convite?
VG: Vou te dizer uma coisa, primeiro que eu não conheço mais ninguém do cinema. Depois o brasileiro tem uma coisa muito ruim, não tem memória, se você está com mais de 50 anos, 60 anos, você não é nada, entendeu? Eu não vou ficar implorando, querido, eu não vou mais bater na porta de ninguém, se eu puder produzir eu produzo, se não foda-se, entendeu? Eu acho que eu já fiz o que eu tinha que fazer, eu acho que tenho 28 filmes, eu não tenho a menor ideia de quantos filmes eu tenho. Eu tenho acho que quatro peças de teatro, não sei quantas novelas, então não estou nem aí. Agora eu estou no sindicato de atores para ver se a gente consegue moralizar essa merda que está aqui no Rio de Janeiro, eu faço parte da chapa, que é para ver se a gente consegue ter um sindicato decente aqui, embora, eu vou te dizer uma coisa, eu nunca vi uma classe tão desunida na minha vida. Eu liguei para uma série de atrizes para irem na reunião que a gente tem para mostrar o que está acontecendo no sindicato do Rio de Janeiro, nenhuma apareceu, entendeu? Não teve nenhum interesse, não sei se elas estão desmotivadas. É a única coisa que estou interessada em fazer.
MCB: Como atriz você não está fazendo nada agora?
VG: Não.
MCB: Mas está sentindo falta?
VG: Estou, estou, claro. Mas eu vou dizer, eu não vou ficar pedindo não.
MCB: Você poderia falar pelo menos só os nomes, você falou que foram quatro peças.
VG: Eu fiz uma com a Tessy Callado, no Teatro América, e foi engraçadíssima. Depois eu fui tentar fazer uma peça com o Avancini e eu não aguentei, não tive condições de fazer a peça com o Avancini, foi uma merda, um dos maiores fracassos de bilheteria que teve aqui no Teatro Mesbla, uma peça do Carlos Eduardo Novaes chamada Mulher integral, foi com a Yoná Magalhães. Enfim, eu tenho um grande defeito, se eu não acredito no projeto eu não consigo ir em frente, entendeu? E eu não acreditava no projeto, achava uma merda e a direção do Avancini... na realidade, ele era um diretor de televisão, no teatro ele ficava experimentando, e eu acho que não tem que experimentar muito, você tem que fazer. Aquilo foi me dando uma psicose, entendeu, na cabeça, das loucuras dele, eu larguei no meio, não sei quem me substituiu. Depois foi o Gaiola, não, depois do Gaiola eu fiz Allan Kardec, um passo da eternidade, que eu adoro, adoro essa peça, uma peça linda, história de Allan Kardec. Eu fiz uma peça em São Paulo, Amores, de Tenesse Williams.
MCB: Como atriz, você gosta de todos os veículos?
VG: Lógico, gosto,eu gosto muito de teatro. A gente está mexendo com um pessoal que está querendo fazer uma produção de teatro, que é O costureiro e a madame, vamos ver se a gente consegue levantar dinheiro, é difícil levantar dinheiro.
MCB: Para terminar, as únicas duas perguntas fixas do site. Qual foi o último filme brasileiro a que você assistiu?
VG: Vale da televisão?
MCB: Vale.
VG: Da televisão, aliás, assisti duas vezes, foi o último que passou na Globo, que eu morri de rir que é com minha atriz predileta, a Fernanda Torres. Os normais 2 - uma noite muito louca, eu adoro, é hilário, eu já assisti umas duas vezes ou três.
MCB: A segunda é qual mulher do cinema brasileiro, de qualquer época e de qualquer área, você deixa como homenagem na sua entrevista, uma mulher que você goste?
VG: Acabei de falar, uma atriz que eu acho fantástica, sensacional, maravilhosa, é uma das pessoas que eu sou mais fã, é a Fernanda Torres.Quando chega a Vejinha, que ela escreve de 15 em 15 dias, a primeira coisa que eu vou procurar é o que ela escreveu. É uma mulher culta, preparada, uma senhora atriz, seja no teatro, seja no cinema, seja na televisão, eu sou assim enlouquecida por essa mulher, acho que a Fernanda Torres é tudo de bom como atriz. Ela só não é melhor que a mãe dela, e é outro gênero, ela é muito legal, ela é muito boa atriz, e é uma pessoa simples.
MCB: Muito obrigado pela entrevista.
VG: Imagina. Tá bom querido, foi um prazer.
Entrevista realizada por telefone em março de 2013.
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