Luciano Ramos (Suzana Amaral)
Eu quero falar sobre uma senhora que está viva, uma figura importantíssima do cinema brasileiro que se chama Suzana Amaral. Diretora de filmes importantes, o mais conhecido dela é A hora da estrela, que ela fez em 1985.
Eu conheci a Suzana de perto, bem de perto, porque ela foi minha colega na TV Cultura, ela era produtora da TV Cultura, ou seja, dirigiu dezenas de programas de televisão, programas de documentários, ela fez documentários para a TV durante muito tempo.
O que tem de curioso e o que tem de importante na figura da Suzana é a sua força física, intelectual e mental, porque ela tem 82 anos, está vivíssima. Outro dia ela me ligou “ô Luciano, precisamos conversar sobre projetos”, 82 anos rsrsrs. Quando ela começou a se transformar em uma mulher de comunicação, antes de ser diretora de cinema ela foi uma diretora de programas de televisão, quando entrou na Escola de Comunicação e Artes na USP, é só você fazer as contas, uma pessoa que nasceu em 1932, em 1968 já era avó. Ela entrou na faculdade e foi uma espécie de líder estudantil ou pelo menos uma celebridade entre as pessoas todas da USP.
Ela se revelou como uma grande produtora de televisão e maior ainda diretora de cinema, uma pessoa de grande sensibilidade, de uma cultura imensa e de um grande coração. Inclusive, cheguei a elaborar com ela vários outros projetos que não foram realizados para a televisão. Ela me ajudou, ela trabalhou comigo, por exemplo, na discussão dos primeiros roteiros que eu fiz para a Globo em termos de ficção. O Walter Avancini estava procurando, nos anos 1980, pessoas que trabalhavam em televisão para serem colaboradores dele em termos de roteiro, em termos de criação, e nós fizemos alguns projetos. Depois ela não foi pra frente, não me lembro o que aconteceu, acho que ela se desentendeu com o Avancini, não me lembro bem o que foi. Mas eu tive esse privilegio de trabalhar em uma mesa junto com ela, uma figura sensacional, uma joia preciosa do cinema brasileiro.
Luciano Ramos é crítico de cinema.
Depoimento registrado em janeiro de 2015 na 18ª Mostra de Cinema de Tiradentes.
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