Zilda Mayo
Nascida em Araraquara, São Paulo, Zilda Mayo é uma das maiores atrizes do cinema popular produzido na Boca do Lixo. O sonho de ser atriz a levou para São Paulo, capital. “Quando cheguei em São Paulo eu era empregada doméstica, fui babá, mas tinha um sonho de ser atriz, desde pequenininha já fazia teatrinho, passava rouge na cara. Vim para São Paulo com a cara e a coragem. Aí eu li em uma revista que o Silvio Santos estava precisando de moças para fazer esse filme´(Ninguém segura essas mulheres), e fui lá com a cara e a coragem. Quando o Miziara falou que a personagem era uma prostituta e que tinha que fazer na rua, ninguém topou. Daí eu disse “Eu topo, personagem né, vamos lá”. Eu fiz essa ponta no filme e, em seguida, eles me convidaram para ser Telemoça do programa do Sílvio Santos. Lembra do Telemoção? Eu ficava lá, do lado da geladeira, da bicicleta, entrava muda e saia calada. Então eu fazia esse programa, fiquei oito meses fazendo o programa do Silvio Santos”.
Daí para a frente, Zilda Mayo faz um filme atrás do outro, e sendo dirigida por cineastas importantes da Boca do Lixo, como Jean Garrett, Francisco Cavalcanti e Carlos Reicnhenbach. “Ai eu fiz o filme (Possuídas pelo pecado, de Jean Garrett) e explodiu. Eu me lembro do Marabá, minha foto com mais de 20 metros na porta do Marabá. Aí fui fazendo um filme atrás do outro, fui fazendo cinema, fui fazer teatro. Eu não fui fazer teatro porque estava estourada no cinema não, eu fui fazer teatro para aprender, e aí eu descobri que eu tinha o dom do palco, a vocação de palco. Aí me chamaram pra fazer televisão também, programa do Barros de Alencar, daí fazia televisão e desfilava, tudo que você pode imaginar eu fazia, desfilava, tirava foto, eu era capa de revista, fazia cinema, fazia teatro, viajava. Tive o privilégio de conhecer o Brasil todo trabalhando, essa é minha história”.
Zilda Mayo se tornou uma das maiores estrelas do panteão da Boca do Lixo, onde reinaram atrizes como Helena Ramos, Matilde Mastrangi, Aldine Muller e muitas outras. “Esses rótulos todos, símbolo sexual, a mais não sei o quê, a mais gostosa, a mais linda, tudo era a mais no cinema nacional. Eu nunca me deslumbrei, isso que é bacana, nunca me deslumbrei, mas nem sonhava que isso iria acontecer, realmente não”.
Zilda Mayo esteve na 4a Cineop - Mostra de Cinema de Ouro Preto, onde participou de debate sobre a Boca do Lixo e para a apresentação de filmes em que atuou, como A Ilha dos prazeres proibidos, de Carlos Reichenbach. A atriz conversou com o Mulheres e repassou sua trajetória: o início da carreira, os filmes, a Boca do Lixo, as atrizes, o teatro, a televisão, e muito mais.
Mulheres do Cinema Brasileiro: Zilda, você começou sua carreira fazendo comerciais, não é isso?
Zilda Mayo: A primeira coisa que eu fiz foi uma ponta no filme Ninguém segura essas mulheres, uma produção do Sílvio Santos.
MCB: Como você chegou nesse episódio, O Furo, do longa Ninguém segura essas mulheres, dirigido pelo José Miziara?
ZM: Quando cheguei em São Paulo eu era empregada doméstica, fui babá, mas tinha um sonho de ser atriz, desde pequenininha já fazia teatrinho, passava rouge na cara. Vim para São Paulo com a cara e a coragem. Ai eu li em uma revista que o Silvio Santos estava precisando de moças para fazer esse filme, e fui lá com a cara e a coragem. Quando o Miziara falou que a personagem era uma prostituta e que tinha que fazer na rua, ninguém topou. Daí eu disse “Eu topo, personagem né, vamos lá”. Eu fiz essa ponta no filme e, em seguida, eles me convidaram para ser Telemoça do programa do Silvio Santos. Lembra do Telemoção? Eu ficava lá, do lado da geladeira, da bicicleta, entrava muda e saia calada. Então eu fazia esse programa, fiquei oito meses fazendo o programa do Silvio Santos.Na época, tinha aquelas boates em São Paulo, com o Sargentelli, que tinha shows que eram muito famosos. Eu fui convidada para ser uma das bailarinas em uma dessas boates, para dançar. Eu fui fazer um show, que veio de Paris, era com os seios de fora, nossa senhora, com umas correntes. Eu fui lá, fiz o show, queria trabalhar, mas aí o Silvio falou que ou fazia shows ou trabalhava como Telemoça, e me mandou embora. Eu fiquei triste, porque era um sonho, ele quebrou um sonho meu, porque eu comecei na televisão.
Aí eu descobri que o David Cardoso ia fazer um filme e fui lá falar com ele. Foi uma coisa muito incrível que aconteceu comigo, foi uma coisa que marcou muito o meu coração, porque eu era uma pessoa tão ingênua, tão ingênua. Eu cheguei lá, com aquele sonho, e falei assim “Eu estou sabendo que o David Cardoso vai fazer um filme e vim aqui conversar, eu queria saber como é?” Apesar da minha ingenuidade, eu sou muito sensitiva, eu percebi, eu sacava as coisas. O homem que me atendeu, ele pegou o telefone e começou a falar, como se estivesse falando com alguém. Então ele falou assim “Você quer fazer o filme mesmo ou quer sair com o diretor? Vem aqui depois o David faz umas fotos com você”. Eu pensei, ele está falando é para mim, dando indireta. Eu sai dali tão arrasada, eu peguei um táxi, porque não tinha carro, eu me lembro bem disso. Em São Paulo tem uma igreja, a Igreja das Almas, eu cheguei nessa igreja, peguei duas velas, ascendi uma para o anjo da guarda dele e uma para o meu. Eu disse assim “Eu nunca vou esquecer isso” Falei com Jesus “Se for para eu seguir uma carreira de atriz, que é o meu sonho, que eu faça esse filme com o David Cardoso, mas se não for, o Senhor corta agora, é o meu sonho, mas eu quero que seja cortado agora”. Eu saí de lá tão chateada. Cinco dias depois o David Cardoso tocou a campainha do meu apartamento com o texto na mão e falou “O papel é seu”.,
MCB: Era o Possuídas pelo pecado.
ZM: Possuídas pelo pecado, com Helena Ramos, Nicole Puzzi, David Cardoso, Agnaldo Rayol,
MCB: Com a direção do Jean Garrett.
ZM: Do Garrett. Ai eu fiz o filme e explodiu. Eu me lembro do Marabá, minha foto com mais de 20 metros na porta do Marabá. Aí fui fazendo um filme atrás do outro, fui fazendo cinema, e fui fazer teatro. Eu não fui fazer teatro porque estava estourada no cinema não, eu fui fazer teatro para aprender, e aí eu descobri que eu tinha o dom do palco, a vocação de palco. Aí me chamaram pra fazer televisão também, programa do Barros de Alencar, daí fazia televisão e desfilava, tudo que você pode imaginar eu fazia, desfilava, tirava foto, eu era capa de revista, fazia cinema, fazia teatro, viajava. Tive o privilégio de conhecer o Brasil todo trabalhando, essa é minha história.
MCB: Eu já assisti Possuídas pelo pecado e gosto muito, e é bacana aquela sua relação com as atrizes. Você, que estava chegando ali, como foi aquela convivência?
ZM: Então, isso que era bom, porque era sempre uma família. Não tinha um distanciamento, todo mundo era muito junto, muito unido, ria muito, conversava muito, viajava junto, almoçava junto, não tinha nenhum tipo de clima ruim na época, entendeu? Era assim, com raríssimas exceções. A gente ia de Kombi, caindo aos pedaços, comia quentinha, todo mundo era igual. Era capa todos os dias, a fama, o sucesso, capa de revista, sucesso absoluto, mas eu não tinha nada de mordomia, nada de cachê altíssimo, a gente estava valendo milhões e não sabia. Estava valendo milhões para os produtores, para os distribuidores, para o cinema, enfim, então essa é uma realidade que eu não tinha a menor consciência, eu não sabia, eu não tinha essa sabedoria, eu não sabia que eu vendia muito, que eu dava muita bilheteria, entendeu?
Então, quer dizer, eu fui bastante explorada, meu corpo, minha imagem, minha nudez, isso eu confesso que sim. Mas é passado, já foi, não posso chorar pelo leite derramado, eu topei fazer os filmes, eu fiz, até hoje eu tenho esse interesse grande para saber como era a carreira, os filmes, enfim, poxa vida, foram 42 filmes. Quando falam meu nome, porque o meu nome é mais famoso que minha figura, eu dou muita risada, “Ela deve ter muito dinheiro, ela é muito rica”. Então eu tenho essa imagem também, mas, graças a Deus eu não sou apegada a coisas materiais, eu gosto de coisa boa, mas não sou apegada, já consegui evoluir um pouco espiritualmente, o que eu acho que é mais importante. Porque quando você é muito jovem, você não tem muito essa preocupação, o corpo e o espírito caminham junto, quando você evoslui espiritualmente você já pensa de uma forma diferente em relação ao ser humano. A coisa mais importante na vida é ter um bom relacionamento, entre tudo, amigos, família, trabalho, em todos os lugares. Se existisse um bom relacionamento não existiria violência, não existiria nada que estamos vivendo. O que faltou na época? Faltou experiência, faltou informação. Faltou um bom empresário que estivesse ao meu lado, eu era muito sozinha, tudo sozinha, eu assinava os contratos sozinha, às vezes eu nem entendia.
MCB: Você consegue se lembrar da primeira vez que pisou no set de cinema? Você imaginou que seria uma estrela?
ZM: Não, imagina, de jeito nenhum, nunca. Esses rótulos todos, símbolo sexual, a mais não sei o quê, a mais gostosa, a mais linda, tudo era a mais no cinema nacional. Eu nunca me deslumbrei, isso que é bacana, nunca me deslumbrei, mas nem sonhava que isso iria acontecer, realmente não.
MCB: Você atua de novo em um filme ótimo do Jean Garret, que é o Excitação.
ZM: Excitação, com o Flávio Galvão
MCB: Tem aquela cena ótima, da motocicleta.
ZM: Eu me lembro que quando fiz essa cena a câmera estava muito perto da moto, a moto era 750 cilindradas, eu fui dar uma acelerada na areia, já levantei e empinei ela, eu empinava a moto na época. Eu passei por cima da câmera, quebrei a câmera, me cortei toda, ai tinha continuidade, maquiagem, e aquele corte na perna. Um grande filme o Excitação, foi sensacional filmar, em São Sebastião, só tinha essa casa da praia que nós filmamos e uma pousada, hoje é claro que tem até um teatro maravilhoso lá. Foi maravilhoso ter feito esse filme.
MCB: Você trabalhou com grandes diretores da Boca do Lixo. Você atuou também com o grande Osvaldo de Oliveira.
ZM: Ele me chamava de estabanada. Eu adorava ele, e é gozado que todo mundo tinha medo dele, porque ele era bravo e nervoso, mas ele tinha uma grande simpatia por mim, ele gostava demais de mim, mas ele não mostrava que gostava. Eu consegui conquistá-lo com meu jeito engraçado de ser, eu gostava muito dele.
Eu era muito amiga de todos, eu me entrosava bem com as pessoas, porque eu era engraçada. Me chamavam de a rainha dos técnicos, porque eu curtia muito, eu me interessava muito pela iluminação, aquela coisa, cada take tem que mudar a iluminação, muda para lá, muda para cá. Às vezes você chegava no set de manhã, se maquiava e ficava o dia inteirinho maquiada, e não entrava na filmagem porque mudava a luz, mudava tudo. Então eu gostava muito dos técnicos, éramos muito amigos, nos dávamos muito bem, foi uma grande alegria.
MCB: Eu queria que você comentasse também os filmes que fez com o Carlos Reichenbach, A Ilha dos prazeres proibidos e Rainha do fliperama (episódio do longa As safadas).
ZM: O Carlos Reichenbach é uma pessoa incrível, ele é um grande ser humano. O respeito e o carinho que ele tinha por todas as pessoas, pelas atrizes, a maneira de trabalhar, um grande diretor de fotografia, ele fazia uma fotografia esplendorosa. Tenho muito carinho por ele, ele tinha a maneira de tratar, a simplicidade, a quietude dele, o respeito, eu sempre notei isso no Carlos Reichenbach, ele sempre foi assim.
MCB: Quando você fez o A Ilha dos prazeres proibidos você tinha noção de estar em um dos filmes de destaque da carreira dele?
ZM: Não, jamais. É o filme que mais passa no Canal Brasil.
MCB: Como foi a convivência com a Neide Ribeiro e com a Meiry Vieira,
ZM: Foi ótima, a Meiry Vieira, a Neide Ribeiro. Eu chamava a Neide de Neidão e ela me chamava de Zildão. Hoje, relembrando tudo, eu já ri muito, não mudou nada, é muito engraçado, era uma coisa sensacional, aquelas praias, o cansaço, a espera, a correria, não tinha briga, não tinha discussão, não tinha nada, corria tudo bem, não tem o que reclamar, não lembro de coisa ruim, Graças a Deus.
MCB: Você trabalhou também com o Tony Viera (Matador sexual).
ZM: Tony Vieira, eu fiz um filme com ele, adorei, uma pessoa que eu tenho grande carinho. Outro que me respeita, que fiz muitos filmes com ele é o Chico (Francisco) Cavalcanti. Eu fiz uns três (quatro) filmes com ele e que foram muito marcantes, Em O cafetão tinha uma cena do filme em que só tinha um ovo para comer, daí o ovo quebra cai no chão, e o casal fica sem o ovo para comer, só tinha aquele ovo. Na verdade, isso foi uma indireta sobre a fome, ele coloca isso muito bem, tenho um respeito grande por ele.
MCB: Você fez muitos filmes, mais de 40. Você destacaria mais alguns?
ZM: Eu gostei muito de ter feito O Rei da Boca, uma personagem forte, toda atriz gosta de fazer, acho que é um desafio, né, uma prostituta, é uma coisa muito real. Foi feito na Boca do Lixo mesmo, é uma coisa que foi muito real, uma personagem muito forte, eu gostei. Foram vários personagens, vários filmes que eu gostei muito de ter feito, muito. Eu gostei muito de fazer aquela motoqueira (Excitação), era o meu começo, né, um papel no filme inteiro. O filho da prostituta, do Chico, eu também gostei muito de ter feito, era uma pessoa assim, uma mulher, não tinha que mostrar a sensualidade, nem a sexualidade, nem beleza, nem nada, totalmente de cara lavada, uma coisa assim, real. Bom, tudo o que eu fiz que foi muito real, coisa verdadeira da vida, que não estava mostrando sexualidade, sensualidade, beleza, gostosa, coisa real da vida, foram os marcantes que eu gostei muito de ter feito.
MCB: Você fez drama, fez filme policial, fez filme de presídio, fez comédia, só que as pessoas só falam de pornochanchada, o que você pensa sobre isso?
ZM: Não, não tem nem que pensar, eu ficar explicando a minha vida inteira Quando eu lançar meu livro as pessoas vão saber mais, por isso que eu falo que é importante participar desses eventos e você falar sobre tudo isso. O Luís Zakaib, que está escrevendo meu livro, que é jornalista. ele falou “Pois é, a maioria dos filmes que assisto não são pornochanchadas”. Eu mostrei os filmes para ele ver, olha que interessante, ele vai contar tudo isso no livro, porque ele pesquisou muito sobre pornochanchada durante três anos, para escrever o livro.
MCB: E também nada contra a chamada pornanchanchada. Só que colocam um rótulo, né?
ZM: Imagina, não tenho nada contra, as pessoas que falam.
MCB: Você falou uma coisa que eu gostei muito no debate, queria que você comentasse aqui: você falou sobre a diferença entre nu e nu artístico.
ZM: Ai, nu artístico, nu artístico é ótimo, né? (risos), nu é nu em qualquer lugar, a única diferença é o gratuito e o não gratuito. Se na situação é necessário, ficar nu naquela cena, ai, para mim, é se é gratuito ou não gratuito. E tinha muitas cenas de nu em filmes que era gratuito, que precisava ter o nu para vender o filme, para fazer sucesso, quantas cenas apareceu o nu à toa, isso é gratuito pra mim. Então é dessa forma que eu coloco, por isso que quando eu falo as pessoas dão muita risada “Ah, porque eu fiz nu, mas é nu artístico, não quero que mostra. Então por que mostra? A gente tem que levar na brincadeira mesmo, né (risos).
MCB: E sua experiência na televisão?
ZM: Eu fiz com o Walcyr Carrasco (e Eloy Santos) aquela minissérie, "Filhos do Sol", lembra? Eu fui para o Peru, Com o Raul Gazola, Cristina Mullins, Othon Bastos. Todo mundo era ligado à energia cósmica de Macchu Picchu, no Peru. Eu era a louca, sempre me dão papel de muito louca e perua, fiz umas cenas lindas. É gozado, todo mundo me acha louca, mas eu não sou louca, eu não bebo, todo mundo me acha perua, mas eu não sou perua. Deve ser porque tem essa marca minha de ser engraçada, deve ser isso, não sei.
MCB: Você fala uma coisa que eu acho muito importante, que não existe ex-atriz.
ZM: Não tem isso, só não está atuando, mas você continua sendo atriz eternamente, basta ter talento, né?
MCB: Mesmo porque você está trabalhando no teatro.
ZM: Sim, Graças a Deus. Agora eu estou olhando uns textos para voltar a atuar, porque eu queria fazer uma temporada em São Paulo, se Deus quiser, dando certo, vou voltar.MCB: Qual foi seu último trabalho no teatro?
ZM: Eu fiz uma peça chamada “Nua na plateia”, fiz 12 anos , tive o privilégio de viajar o Brasil inteirinho, foi muito sucesso, o Ronaldo Ciambroni que escreveu, um texto maravilhoso. Tinha um preconceito com o titulo, ai eu tinha que explicar que o título é coerente com a situação do meu personagem e vive dentro do espetáculo, ela se deslumbra na plateia contando a sua vida. Foi um sucesso e, modéstia à parte, eu fiz muito bem, adorei ter feito.
MCB: Para terminar: Qual foi o último filme brasileiro a que você assistiu e qual mulher do cinema brasileiro, de qualquer época e de qualquer área, você deixa registrada na sua entrevista como uma homenagem?
ZM: O último filme brasileiro que eu assisti, eu esqueci o nome, foi tão ruim, foi tão ruim.
MCB: Você gosta do cinema brasileiro atual?
ZM: Eu gosto, me esqueci agora o nome. Sobre a mulher, eu sou apaixonada pela Lilia Cabral, ele nem precisa abrir a boca, eu choro de emoção. A Fernanda Montenegro é hors concours, né? Temos muitas atrizes fantásticas no cinema e na televisão.
MCB: Na década de 1970 você fez parte de um time importante, Helena Ramos, Nicole Puzzi, enfim, muitas. Você mantém contato com elas?
ZM: Todas, adoro a Helena, nos falamos sempre. Era para ela estar aqui (na Cineop), mas, não conseguiram contato com ela, mudou o telefone. Com a Neide Ribeiro a gente sempre está conversando. Nunca tive nada contra ninguém, se alguém falou alguma coisa nesse sentido mentiu, porque nunca houve, se escreveram alguma coisa, que a gente tinha alguma treta, uma com a outra, se brigamos, ou alguma coisa de ciúmes, é tudo mentira, eu nunca tive ciúmes de ninguém. Nunca discuti com ninguém, nunca tive treta com nenhuma das atrizes, para mim são todas ótimas, eram lindas, maravilhosas, cada uma tinha seu estilo. A Helena até fez filmes assim muito mais importantes do que eu, né, como Iracema, A virgem dos lábios de mel (Carlos Coimbra), que foi um sucesso, Mulher Objeto (Sílvio de Abreu). Imagina, eu tenho por elas um carinho, um orgulho fazer parte dessa época, dessa história, fazer parte dessa grande história da pornochanchada. Muito obrigada.
MCB: Obrigado você.
Entrevista realizada em junho de 2009, durante a 4a Cineop - Mostra de Cinema de Ouro Preto.Crédito da foto: Alexandre C. Mota
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