Ano 20

Gilda Nomacce

Gilda Nomacce nasceu em Ituverava, São Paulo. Desde criança já tinha certeza que seria atriz, investiu na formação e esteve com um dos maiores nomes dos palcos brasileiros. “Eu fui me formando na prática porque comecei muito nova, comecei na escola, mas o que eu considero a minha maior formação foram os anos que passei pesquisando com o Antunes Filho, que é meu mestre e me ensinou muita coisa". 

Com trajetória nos palcos, chegou ao cinema com o pé direito, atuando no premiado curta Um ramo, dirigido por Marco Dutra e Juliana Rojas. “Que sorte a minha ter começado com a Juliana e o Marco. Eu já era uma atriz de carreira no teatro,  eles já tinham um filme que já havia ido para Cannes, na época da faculdade, mas eram jovens iniciantes, talentosíssimos, todos nós sabemos. O Marco me ligou e disse “Gilda, eu tenho uma personagem para você, a Liciane, ela é pequena, mas nós escrevemos para você e queríamos muito que fizesse”. Na minha cabeça veio assim, eu me senti entrando no cinema, eu nunca pensei que fosse pequeno, eu achei aquilo tão maravilhoso, eu disse “Vou fazer uma carreira no cinema”. Eu recebi de uma maneira como sendo um presente divino, maravilhoso”.

A partir daí atua em inúmeros curtas, muitos deles primeiros filmes de cineastas talentosos “Eu comecei a receber roteiros, eu comecei a ter disputas dos diretores querendo fazer o primeiro filme comigo”. E também em longas e séries televisas, todos os trabalhos marcados pelo seu amor ao cinema. “Eu amo o set, eu amo as pessoas, eu amo as funções. E eu acho que é isso também, de no princípio ter tido muita sorte, e eu continuo com essa sorte, porque eu estou aqui nesse festival, hoje, com três filmes. No ano passado eu tinha dois filmes em Berlim, eu já tive filmes em festivais muito importantes e muitas vezes, então eu sou mal acostumada, quando sai as listas eu fico tão eufórica”.


Gilda Nomacce esteve na Mostra de Cinema de Tiradentes e conversou com o Mulheres do Cinema Brasileiro. Ela repassa a sua trajetória: a cidade natal, a formação, o palco, os filmes, a relação com os diretores, seu amor pelo cinema, e muito mais.


Mulheres Do Cinema Brasileiro: Eu preciso que você comece falando seu nome, cidade onde nasceu, formação e sua data de nascimento.  

Gilda Nomacce: Meu nome é Gilda Nogueira Macedo, quando eu nasci em Ituverava eu tinha esse nome, hoje eu uso como atriz, já há muitos anos, Gilda Nomacce, que é a mistura do nome do meu pai com a minha mãe. “No” de Nogueira, “Macce” de Macedo. Essa coisa do nome é uma coisa muito forte, porque eu não me identifico mais sendo nem Gilda Nogueira, nem Gilda Macedo, eu sou Gilda Nomacce. De Ituverava, eu tenho a honra de ser a primeira mulher que entrou na Wikipédia, tem o Gustavo Borges, o Marcelo Tas, o Vitor Martins. Quando eu dei um google e vi que eu era a primeira mulher na minha cidade eu me senti tão honrada, porque eu sou uma feminista. Eu até me emociono ao falar disso. Quando eu era menina, lá em Ituverava, eu já tinha essa atitude feminista, nem sabia de onde vinha, não tenho tradição de mulheres, minha mãe é uma mulher maravilhosa, mas não é engajada. Então isso é uma coisa que me faz muito feliz, de certa forma serei história na pequena Ituverava. Eu nasci dia 01 de agosto de 1971, durante a ditadura. 

MCB: E sua formação?  

GN: Eu fui me formando na prática porque comecei muito nova, comecei na escola, mas o que eu considero a minha maior formação foram os anos que passei pesquisando com o Antunes Filho, que é meu mestre e me ensinou muita coisa. Já trabalhei com muita gente incrível e considero minha formação esse convívio com gente incrível, fiz muitos cursos, entrei na faculdade na Belas Artes, mas não completei. Eu sou uma pessoa muito da prática, eu só aprendo quando vivencio,  então eu fui para a vivência, essa é a minha formação.  

MCB: Você tem essa formação teatral, inclusive acabou de falar do Antunes. Como se dá esse passo para o cinema? O primeiro curta é o Um ramo, não é isso?  

GN: É o primeiro. 

MCB: Durante um tempo você irá fazer vários curtas,  já começou no  Um ramo,  que é importante e premiado, e que acabou  marcando a sua parceria com a Juliana Rojas e o Marco Dutra, depois disso você faz vários filmes com eles. Como  foi essa transição para o cinema? Você já pensava nisso, já queria o cinema?  

GN: Eu sempre quis muito fazer cinema, mas na minha juventude o cinema praticamente não existia. Eu até queria ser internacional, fui para Londres, com 18 anos estudava em Londres, queria fazer cinema, e depois voltei para lá com o Trabalhar cansa, estreando no tapete vermelho. Mas enfim, nessa lacuna de tempo, até eu conseguir eu fui fazendo teatro, que é o que você consegue produzir como ator. Porque o resto é sonho, você depende de outras pessoas. Quando eu saí do Antunes formamos uma companhia chamada “Companhia da Mentira”, com artistas incríveis que também estavam saindo no mesmo período: Donizeti Mazonas, Silvio Restiffe, Gabriela Flores, Priscila Gontijo, Eliana Matheus. Primeiro pensamos em Hilda Hilst, queríamos autores brasileiros e a Hilda ainda era viva. Isso é uma coisa que eu me ressinto profundamente. porque  a gente combinou de ir várias vezes à Casa do Sol para conversar com ela, acabamos não indo e ela logo faleceu. O Lourenço Mutarelli tinha feito um filme com o Donizeti Mazonas, o Irina, e eles tinham uma cena juntos, “Cheiro do Ralo” ainda não era filme. O Donizeti disse para fazermos o “Cheiro do Ralo” , pois é de um autor brasileiro, eu ainda não conhecia o Lourenço. Quando eu comecei a produzir a obra dele, o Lourenço mudou muito a minha cabeça como atriz, ele é uma figura muito importante na minha carreira. 

Mas aí o “Cheiro do Ralo” foi vendido para o Heitor Dhalia e não podíamos mais fazer. O Mutarelli nos convidou a ler, deu toda a história dele, todos os quadrinhos, começamos a ler e fazer os improvisos. Ele nunca tinha visto ainda um ator fazer o texto dele porque o “Cheiro do Ralo” ainda não tinha sido feito. Foi a primeira coisa que ele filmou, hoje tem inúmeros filmes dele, maravilhosos. Quando ele começou a ver a companhia improvisar em cima da cena dos quadrinhos dele, ele se ofereceu para escrever uma peça para nós. Eu fazia a personagem chamada Shirlei, foi uma personagem muito importante na minha vida, foi uma transformação na minha carreira. Foi quando o Marco Dutra e a Juliana (Rojas), que eram muitos jovens, me viram. Eu me lembro da Juliana, bem novinha, no nosso camarim, chorando de emoção, delicadíssima, ela nos abraçou. E aí o Marco, o Caetano (Gotardo), o Rafael Gomes, o Rafael Primo, a maioria dos diretores que eu trabalho hoje se apaixonaram por mim como Shirlei, essa personagem do Lourenço Mutarelli. Eu comecei a receber roteiros, eu comecei a ter disputas dos diretores querendo fazer o primeiro filme comigo.

Que sorte a minha ter começado com a Juliana e o Marco. Eu já era uma atriz de carreira no teatro,  eles já tinham um filme que já havia ido para Cannes, na época da faculdade, mas eram jovens iniciantes, talentosíssimos, todos nós sabemos. O Marco me ligou e disse “Gilda, eu tenho uma personagem para você, a Liciane, ela é pequena, mas nós escrevemos para você e queríamos muito que fizesse”. Na minha cabeça veio assim, eu me senti entrando no cinema, eu nunca pensei que fosse pequeno, eu achei aquilo tão maravilhoso, eu disse “Vou fazer uma carreira no cinema”. Eu recebi de uma maneira como sendo um presente divino, maravilhoso. Fui para o set, eu tinha uma cena no supermercado. Eu levei uma mala para o set, e quando o Sérgio Silva me recebeu ele disse “Nunca vi isso!” Tinha tanto entusiasmo e tantas roupas brilhantes, a que eu estou no filme é  a mais simples, era um bustiê. Aí pensaram “Que mulher louca!”. Eu estava tão entusiasmada, eu tinha criado tantas coisas, teve coisas que não entraram porque era muito engraçado. 

A  minha função ali no Um ramo, eu era invasiva, porque ela (a protagonista) estava em um silêncio mais absoluto, a filha dela tinha tirado férias e ela estava voltando, ela estava sozinha . E aí eu entrava, não só com uma voz aguda, eu entrava inteira, eu me sentia invadido. Eu invadi fisicamente, porque eu, como atriz, sempre procuro isso, uma ação que simbolize o que quero dizer, uma síntese, e quando eu pensei em abrir o couro cabeludo dela invasivamente e dizer “Seu cabelo é seco ou oleoso?”. Quando eu fiz aquilo, eles deixaram, depois eu enfiava a cabeleira para ela cheirar, enfim, eu fui muito além. Eu amo a Helena Albergaria, que fazia a protagonista, a Helena permitiu que minha carreira tivesse espaço muito rápido, porque o primeiro curta que eu fiz foi com ela de protagonista, o primeiro longa que eu fiz foi com ela de protagonista de novo,  que é o Trabalhar cansa. Além de ser uma atriz brilhante,  a Helena é uma pessoa muito especial, ela não enxerga o outro como coadjuvante, é uma pessoa que vê o outro com igualdade, então ela me deu espaço para existir.

Me convidaram para assistir na casa da Juliana o teaser que o Caetano (Gotardo) tinha feito a edição, e aí quando eu, naquela sala, com aquele monte de gente sentado no chão, vi a minha cena no teaser e não posso te descrever a felicidade que eu senti “Meu Deus, minha carreira”. Me senti tão feliz, mas tão feliz, e  pensei “Eu entrei no teaser, eu tenho força, né” Daí, como se  não bastasse, meu primeiro filme entra em Cannes, filme produzido por Sara Silveira, essa mulher dessa força. Estávamos lá em Cannes, tinha dois filmes na nossa sessão, na Semana da Crítica, tinha o do Esmir Filho, que também tinha me visto nessa peça e também queria filmar comigo, trabalhei com ele no Tudo que é sólido pode derreter.  Enfim, tinha dois brasileiros, e  a Ju e o Marco sempre muito simples, porque até hoje, com todo o sucesso, com tudo que eles são, com tudo que eles representam, eles não tem um tom de euforia, de arrogância. Daí, quando falou, meu Deus!, quando eu vi a Sara batendo no peito eu me identifiquei com ela, eu passei a amar a Sara naquele momento, eu amo essa mulher. A Ju e o Marco levantaram. Eu levantei e minhas pernas tremiam como se eu fosse a protagonista do filme, enfim, eu tremia, e a gente ganhou aquele prêmio.

Eu amo o set, eu amo as pessoas, eu amo as funções. E eu acho que é isso também, de no princípio ter tido muita sorte, e eu continuo com essa sorte, porque eu estou aqui nesse festival, hoje, com três filmes. No ano passado eu tinha dois filmes em Berlim, eu já tive filmes em festivais muito importantes e muitas vezes, então eu sou mal acostumada, quando sai as listas eu fico tão eufórica. Isso me deu uma compulsão para produzir filmes também. Além de eu ter necessidade, no dia a dia a minha vida é mais pesada, eu tenho uma mãe que está doente, com uma doença degenerativa, e aí você vai lidando com aquilo. Tudo para mim é expressão, às vezes eu me vejo e estou fazendo o corpo da minha mãe. Eu estou com ela, eu levei minha mãe para morar comigo. Eu pensava “Nossa, será que eu vou conseguir continuar com minha carreira?”.  Eu não tive filho, mas penso que deve ser igual mulher com filho, a prioridade vira o amor, né? A vida foi tão boa comigo que quanto mais eu estou lá em casa vendo aquela vida dura que eu tenho, mais as pessoas me convidam para fazer filmes lindos, e me adoram. Então, para mim, é onde eu transformo tudo que é duro na vida, engoli, digeri.

Cada filme me dá a possibilidade de lidar com um pedaço doido de mim ou um pedaço do que eu não estou vendo, que é bom em mim ou do mundo. Então o cinema foi me levando a enxergar. Como eu faço muitas personagens, eu nunca vou olhar do meu ponto de vista, eu vou sempre procurar olhar que ponto é aquele. Eu nem sei como eu acho isso porque aí é uma coisa metafísica, aí já não tem muito domínio, eu começo a ficar quase em transe, eu até abaixo minha pálpebra, eu vou tentando acessar,  e aí quando eu acesso é um vulcão,  porque aquela vida está ali para ser vivida na plenitude do instinto. Eu só acho que estou pronta para fazer um papel quando eu crio um instinto, então ser atriz de cinema nesse momento tem toda essa alegria. Ontem, eu passava na rua e as pessoas gritaram “Gilda, eu te amo! Gilda maravilhosa”. Aí  eu olho para isso tudo e falo “Meu Deus, isso também é ficção, mas é tão bom viver esse lado da expressão”. Porque eu acho que expressão é comunicação, e tudo que eu tento quando eu pego um papel é como eu vou abrir o outro para receber isso, e aí eu me abro até o avesso do avesso e busco tudo que está escondido nessa vida. Como atriz, o que eu faço é mostrar o que o ser esconde, só que aí eu tenho obsessão por entender, quando uma pessoa está falando comigo ou mesmo quando não está, pois ela está falando. Eu olho e tem as camadas, né, o que ele está mostrando, o que ele está falando, e aí essa sobreposição de camadas é o que eu tento fazer e finjo que estou fazendo o que eu estou mostrando.  

MCB: E tem seu talento, que é extraordinário. Você, inclusive, vai para a comédia, vai para o drama, e a gente não consegue tirar os olhos de você nos filmes. Além dessa percepção que você falou agora, tem essa questão do talento. E, além disso, ainda tem a terceira coisa: Você tem uma coisa cinematográfica, a câmera te abraça e te projeta. Então eu acho que isso tem muito a ver com esse tanto de filmes que você fez e está fazendo.  

GN: A questão do talento. Foi muito difícil eu chegar até a exposição do meu talento, porque, internamente, eu achava que tinha talento, mas no começo foi muito difícil. Porque aí tem a ansiedade, tem o medo, então eu pensava “Será que talento a pessoa nasce com ele ou será que se adquire? O que é talento?” Hoje eu sou professora, não gosto muito dessa nomenclatura, porque eu troco com pessoas que estão começando na mesma carreira, eu tenho um tempo. E aí eu sempre falo isso, porque, às vezes, você não está conseguindo expressar aquilo. Às vezes as pessoas têm angústias, faz tempo que não atua, está parada. Eu acho que a pessoa que mais se desenvolve como ator é a pessoa que mais tem uma observação aprofundada da vida, quanto mais você consegue olhar as coisas sem ser do seu ponto de vista. A coisa em si você nunca vai poder chegar, porque tem sempre esse intermédio da sua vivência, mas tentar olhar as coisas, olhar as pessoas, então o tempo todo é um exercício. O ator é um apaixonado pelo ser humano, é um humanista. Eu acho que o que eu fui desenvolvendo foi o meu amor pela humanidade, porque antes a humanidade, muitas vezes, me deixava perplexa, me deixava deprimida.

Eu, com 14 anos, saía da escola e ficava uma semana em uma sala escura e sem tomar banho. Eu tinha que entender o que tinha acontecido na relação dos meus pais, refazer o meu pai para mim. E aí, quando  você deixa de pensar assim, “meu pai, minha mãe”, e passa a olhar aquele homem, é duro, olhar para as pessoas sem ser em relação a você. Quando, às vezes, você está em uma discussão, você está com raiva daquela pessoa, é importante sair do seu ponto de vista e entender o que significa aquilo, o que aquela pessoa está falando de fato, não o que você acha. Então se posicionar fora do seu lugar e no lugar do outro em relação eu acho que é o maior exercício para conseguir um talento, essa vontade de falar de universos que são o lugar da fala.

Eu tenho obsessão por mendigos desde pequena, é muito forte, em uma sociedade como a nossa, em que todo dia eu vejo mendigo comendo comida do lixo, azeda, lambendo lixo, crianças sendo chutadas no centro da cidade de uma calçada para outra, e todo mundo naturalizando isso. Eu não quero naturalizar isso, eu quero sofrer a cada mendigo que passar e eu quero entender a história daquele sujeito. Eu filmei agora em  Belo Horizonte, com o Ricardo Alves Júnior, o “O Natal de Rita”, um especial para a Globo Minas. A gente foi filmar em um lugar muito bonito de Belo Horizonte, é um lugar que está tomado pelo crack e tinham tirado uma foto de um sujeito de rua. Ele ficou muito agressivo e eu fui lá falar com ele, eu não tenho medo, porque quando você quebra a barreira e você olha de pessoa para pessoa, as coisas funcionam. Ele começou a chorar e falar “Eu sou um ser humano, eu sou um ser humano”. Então o que eu acho que é talento é equalizar, de onde aquela pessoa está, é buscar entender, porque as dimensões são tantas. Realmente, uma pessoa de rua tem tantas camadas ali para ela olhar para você e não ser agressiva, e como que eu vou olhar, é um instante, como que é essa comunicação de ser humano para ser humano, seja lá quem ele for. É uma onda de equanimidade, de igualdade, de não existir diferença por nenhum fator, estamos aqui na vida e somos uma vibração, equalizar vibração, então eu trabalho muito com vibração, com energia. Por isso que eu acho que as pessoas não me conhecem de um filme para outro, porque a minha cara muda, eu faço um filme sem maquiagem, faço outro sem maquiagem e elas não têm a mesma figura, a alma modifica a musculatura, e não é na musculatura que eu trabalho, é no espaço de existência, respeitando. 

MCB: E tem esse amor da câmera por você. 

GN: Sempre que olho para mim vejo que eu estou ficando cada vez mais velha, isso é inevitável, e a minha relação com isso não está sendo tão difícil, mas também não é fácil. Eu sempre penso assim “A câmera vai me melhorar”. Eu realmente acho impressionante, eu sou uma mulher que daqui a pouco faz 50 anos. Então não tem mais essa relação só de beleza, mas é de configurar, configurar uma existência, de ter plenitude. Por isso que eu falo com as pessoas “Não fiquem menosprezando coadjuvante, cinema não tem isso, um segundo na tela é um segundo, é uma vida inteira”. Então quando você vai fazer um personagem menor você não compõe diferente do personagem maior. Eu não faço protagonista diferente de coadjuvante e eu não faço curta diferente de longa.  Eu existo em qualquer circunstância. E agora está acontecendo umas coisas de um tempo para cá, como eu estou com menos tempo, menos resistência física, às vezes eu sou tomada por coisas em cena, eu nem fui naquela profundidade,  estou ali e, de repente, começo a perceber que aquela personagem está indo em questões tão profundas que eu nem tinha dimensão daquilo, então  tem a disponibilidade para ver a experiência. Deu ação, eu não sei o que eu vou fazer, eu começo, aquele segundo é o meu primeiro segundo, o segundo segundo. Do Ação! ao Corta! eu sei qual é a minha ação, eu vou me organizar entre o espaço físico,  tudo isso se modifica,  aquilo lá não existe mais, eu estou vivendo, como estou com você aqui agora, que eu também nem tenho ideia do que estou vivendo aqui, eu vou saber depois, aí também vou saber quando eu for ver o filme. 

MCB: Agora são muitos filmes,  muitos diretores e muitas diretoras.

GN: Realmente eu tenho trabalhos com muitas diretoras também, tenho essa outra sorte, trabalho com muitas mulheres, o que me agrada muito. Não que me agrade menos trabalhar com homens, evidentemente, eu gosto tanto quanto, mas acho importante que as mulheres estejam aí. Às vezes, tem uma cena que eu olho para mim e penso “Nossa, eu consegui exatamente o que a Juliana queria, eu vejo até a cara dela em mim”.  Quando chego no set, eu não tenho a expectativa de como aquele diretor vai lidar comigo, eu tenho a expectativa que ele vai gostar de mim, isso eu tenho, se eu me sinto amada eu me entrego a qualquer condução. Tem diretores muito amorosos e tem diretores que são até mais rígidos, eu vou me adaptando a tudo. Talvez eu até tenha uma obsessão por agradar, agradar no sentido de querer que ele consiga a expressão que deseja, eu não quero impor a minha expressão. Então eu adoro trabalhar com gente diferente e adoro trabalhar com os mesmos, os mesmos porque a cada filme você vai aprofundando aquela relação, o que você já conhece do outro, e você vai podendo ir para lugares que já nem existem mais. E aquela coisa de começar uma relação. Então eu me adapto a tudo. Eu tenho diretores bravíssimos, né, como o Antunes (Filho), que eu amo, passei por ele e foi maravilhoso, nós temos uma relação pessoal sensacional, de amor profundo. Babenco (Hector) já me humilhou bastante, imagina que eu tive que dançar tango para o Babenco, olha que eu aprendi para dançar e o Babenco chorou com meu tango. Porque como atriz eu dancei tango por um mês e meio, como pessoa eu levaria vinte anos e não daria um passo daqueles. Foi uma situação muito engraçada porque ele falou “Eu não filmava havia sete anos” (filme Meu amigo Hindu). Ele me humilhou, me ridicularizou bastante, olhava para mim como se diz “Quis puxar o saco e se ferrou”; Mas, mesmo assim, ele foi um cara tão incrível de trabalhar, eu gosto das pessoas severas, eu gosto de todo mundo, então eu lido bem com isso. Foi muito lindo, porque ele olhou e se emocionou, ele é sincero.

Às vezes, eu me sinto rasa para as coisas técnicas porque eu não sou acadêmica e sou convidada pra fazer tantas coisas, curadoria não aceito porque eu não tenho condições, júri fui algumas vezes. O Heitor Augusto me falou uma coisa que eu achei muito bacana porque eu respeito muito o Heitor como jornalista, como pensador, como pessoa, e ele disse “Gilda, o que você falou aqui com a gente foi muito importante porque é um ponto de vista que a gente não tem, o da atriz” Aí eu comecei a me sentir um pouco, mas eu tenho esse complexo de inferioridade às vezes, intelectual, porque eu trabalho com pessoas tão brilhantes, meus diretores todos são tão engajados e sensacionais nesse sentido de conhecimento. As pessoas têm uma bagagem de referências, já a minha referência é da vida mesmo, então eu me sinto mais pobre nesse sentido. Então meu lugar na inteligência é outro, eu sou mais da sensibilidade do que da referência.  

MCB: Você gostaria de destacar algumas personagens que você fez nesses tantos filmes, ainda que eu sei que você ache todas importantes?  

GN: É, eu acho todos importantes, mas tem aqueles que te dão aquelas viradas de pensamento, de carreira mesmo, e do tanto que elas continuam na cabeça das pessoas. Então  eu penso como essas personagens me ajudaram a continuar ganhando papel até hoje por causa delas. O Trabalhar cansa me dá muito papel até hoje, é impressionante como jovens que nem viram na época e vão estudar, procurar o filme, se apaixonam. E também foi o primeiro prêmio que eu ganhei,  em Brasília, e isso começou a me possibilitar a participar de filmes maiores. Assim que ganhei, eu fiz o Quando eu era vivo, e aí  minha personagem era maior. Então a Miranda de Quando eu era vivo” é uma personagem que eu também tenho muito amor, ela é tão diferente de mim fisicamente. Eu sofri muito fisicamente por conta da Miranda, porque tiraram toda minha sobrancelha, meu cabelo está amarelo ovo, curtinho. Eu tenho uma imagem que parece muito com uma tia minha, irmã do meu pai, eu amava essa tia, já faleceu e eu continuo amando, a tia Zildinha. Quando eu acordei no dia seguinte com aquela imagem, fui escovar os dentes, me olhei no espelho e comecei a chorar. Então tem essa esquizofrenia, eu sou sempre um resto de personagem. Eu já não posso mudar esse cabelo atual, eu estou em duas séries agora, não pude mudar por uma, não posso mudar por outra, já vou começar uma que eu não posso mudar pelas duas. Então como agora eu tenho muita continuidade, porque estou fazendo muitas séries, eu acabo mudando menos o visual. Eu sempre deixei fazer o que bem entendessem, só que, às vezes, você surta porque  tem que conviver com aquilo, porque você é a mesma pessoa da personagem.

Ausência, do Chico Teixeira, foi o primeiro filme que eu fiz meio fora da minha turma. Eles não eram minha turma no começo, mas depois viraram. As pessoas sempre acham que eu faço filmes com a minha turma, mas eles são porque eu faço filmes com eles, os amo e crio uma amizade muito forte com meus diretores. Para esse filme com o Chico Teixeira eu fiz a preparação com a Fátima Toledo, que é outra questão sempre muito polêmica, mas como eu tenho essa relação de vários jeitos de se chegar a um fim, eu passo por ela com um desejo de entrega. A minha relação foi muito boa com ela e eu também gosto muito do resultado dos atores, gosto muito do resultado do filme, o Chico foi incrível. Ela faz filmes com o Marco e com a Ju, com a Filmes do Caixote, com o João Marcos de Almeida, com o Sérgio Silva. 

O Chico Teixeira já é outro universo, aí eu fui me expandindo. As pessoas começaram a falar “A gente já estava cansado de ver você fazendo aquelas loucas, ainda bem que você fez um papel diferente” A princípio eu fiquei um pouco agressiva, eu tenho um pouco de resistência para o debate, daí eu falei “È porque não me davam outros papeis, me deram esses e eu fiz” Então tem essa coisa de você acabar repetindo uma coisa psicológica, então eu faço histérica, eu faço louca, eu faço perturbada, muito. Mas aquela mulher era outro registro, era outro universo, a Luzia foi uma mulher muito importante na minha vida, no cruzamento de existência  que a gente estava ali e que  a Fátima faz você entender qual o cruzamento que você estava vivendo, porque você pegou esse personagem, o que é a questão. Então eu acho que é um filme que abriu para as pessoas me enxergarem também com essas outras nuances, né, de não ser tão engraçada, de não ser tão louca. Eu faço uma mulher muito simples, não sei se essa palavra é boa, talvez essa palavra seja culturalmente usada mas não seja boa,  então é a textura da Luzia. Quando eu assisti pela primeira vez eu me emocionei muito também, eu olhava para os olhos dela. Na hora de filmar, você não sabe se estão filmando sua cabeça, seu pé, sua metade, tinha cenas que eu achava que estava e não estava, e aí quando eu olhei para os olhos da Luzia, eu disse “Nossa senhora, essa mulher, que dor, que dor”. Eu fui para os festivais e nas entrevistas as pessoas perguntavam como era fazer uma mãe tão horrível.  Elas julgam que aquela mulher é uma pessoa má porque ela abandonou aquele menino. E aí eu comecei a entender, olha, o que eu entendi nesse filme, minha relação mudou com minha mãe. Eu choro nas entrevistas quando falam mal das minhas personagens, eu falo “Gente, ela abandonou aquele filho porque  achava que era um peso tão grande para ele, ela achava que ele seria melhor sem ela”. 

Quando um jornalista fala que dá vontade de carregar a Luzia no colo, aí você fala “Ele me entendeu, ele me abarcou”. Não a mim, a personagem. Aí você consegue colocar uma mulher madura, uma pessoa que tem uma sensibilidade em relação a ela, isso que eu gosto de fazer. Eu vivo isso também como mulher madura ficando velha, os roteiros geralmente são mulheres que já estão desistindo, estão na ribanceira abaixo. E eu costumo dizer isso com muito orgulho, porque eu tenho essa idade, que estou aqui em ascensão, porque minha carreira está a cada ano melhorando e eu espero que ela melhore muito, desejo isso e acho que vai acontecer pelo encaminhamento de tudo. Porque as mulheres dessa idade  não são mais mulheres, então é sempre a mãe,  a frustrada, a amarga, a abandonada.

As pessoas começaram a olhar para um outro lugar. Em minha única Terra é na Lua eu faço um homem, então foi um desafio sensacional.Tem muita gente que gosta de mim por conta do Jiboia, que é do Rafael Lessa, e que vai ser um longa agora, estamos esperando vários editais, a Sara Silveira está produzindo. Vai ser minha protagonista, eu estou louca para fazer uma protagonista, evidentemente. O Nua por dentro do couro é um filme que eu fiz do Lucas Sá, um maranhense que estudava em Pelotas. Eu o conheço desde o Trabalhar cansa, e aí ele fez uma chantagem emocional “Se você não vier, não vou fazer” Eu fui lá para Pelotas comer baconzitos de almoço e jantar, e é um filme que eu ganhei cinco prêmios de Melhor Atriz. Muita gente me adora por conta do Nua por dentro do couro, então eu tenho uma carreira com o Lucas, eu já fiz outras coisas com ele e vou fazer muitas, é um filme que eu acho que me deu um destaque grande.

Talvez a cena que eu tenha achado mais forte da minha vida tenha sido a  do O duplo, a da morte. Eu pensei “Como vou me preparar para a morte, como que se prepara para morrer?”. Daí eu pensei na morte do meu pai. Eu estava ensaiando para o filme da Caru (Alves de Souza) à tarde e filmava à noite,  então eu estava muito cansada. Eu acho a  Flora Dias uma fotógrafa  sensacional, ela preparou a luz,  que estava linda. Na hora que fui fazer a cena da morte eu comecei a sentir um ressentimento por estar deixando a vida, começaram a vir sentimentos tão profundos e o ressentimento foi o maior deles, coisas que eu não tinha vivido, coisas que eu tinha batido no cimento. E aí dei uma desmaiada, só que ninguém percebeu, porque eles acharam que era da cena, e era da cena, eu morri literalmente. Depois, a Ju quis fazer a dublagem de alguns sons, ela queria uns guturais para o pescoço, daí fui na casa do Daniel Turine, que estava fazendo o som do filme, que aliás faz sons de tantas coisas e é tão maravilhoso. Daí passou para eu assistir, quando eu me vi morrendo pela primeira vez eu tive um susto, foi tão forte assistir minha morte, eu precisei de meia hora para conseguir voltar e fazer aqueles sons. Então aquela relação com a ficção é muito de vida mesmo, porque aquilo existiu, os sentimentos, eles são isso, eles são para  muito além do que eu possa planejar.

MCB: Agora você falou que está produzindo?  Ou tem intenção? 

GN: Não, eu já me produzi muito em teatro. cinema não. Às vezes eu tenho umas ideias, mas penso “Nossa, isso aqui já está uma equipe toda formada”. Quando me chamam para fazer um filme tem tantas coisas para fazer, tantas ideias. No futuro, se ninguém mais me der papel, eu tenho papeis que eu mesma vou produzir, por enquanto eu vou fazer tudo que me derem. Ultimamente, eu tenho feito muitas séries. E estou no Filme-Catástrofe,  que a Julia (Katharine) é a protagonista, do Gustavo Vinagre, o Febre, do João Carlos de Almeida e do Sergio Silva, e em A passagem do Cometa, da Juliana Rojas. Estou fazendo a série  "O Doutrinador", que ainda vai estrear, estou filmando. Estou fazendo "Assédio", que é uma série de uma nova plataforma da Globo. E já está em andamento a segunda temporada de "A Garota da Moto", que é uma série que eu fiz no SBT. Foi a primeira série que passou em canal aberto que eu fiz e que me deu algo que ainda não tinha vivido, que é essa coisa de uma certa popularidade, fiquei muito feliz. 

Eu tinha muito medo de fazer televisão, agora lá em Ituverava eles iriam dizer “Ah lá, está vendo porque ela não ficou famosa? Porque ela é ruim, ela é exagerada”. Então a primeira coisa em canal aberto me deixou muito tensa e a minha personagem teve um amor do público muito forte, tanto que na segunda temporada eu venho muito maior. E aí eu penso “Eu conquistei!”. Porque eu também fiz com muito amor a minha personagem, ela queria muito se envolver com um socialite e aí eu pensei “Eu vou colocar toda energia de vontade da fama”. É um principio de oportunidade. E, é claro, um ator pode não ter vontade de ficar famoso, mas a maioria tem e é muito frustrante você ser um ator anônimo. Porque as pessoas imaginam que um ator seja famoso, então quando você fala que é ator e você não é famoso as pessoas não acreditam, elas perguntam e eu falo que faço cinema. Daí elas dizem “Você é produtora? Você é diretora? Você é roteirista?” Porque nunca me viu, né, então isso é uma coisa frustrante. Eu estou nesse universo agora, dessa tentativa.

Então aqui em Tiradentes, no mundo do cinema, eu me sinto famosa, é meu mundo ideal, é meu mundo mágico. Às vezes eu paro e penso “Quando eu era menina as pessoas falavam: você vai ser atriz, mas você tem algum parente ator? Você tem algum artista na sua família?” Então eu pensava “Que pessoas loucas, eu não vou ser atriz, eu sou atriz”. Eu me sentia sempre atriz, para mim não teve esse processo de querer ser, eu chorava na classe de fingimento, eu sentia falta de ar, todo mundo  me pedia para fazer. Até hoje todo ator acha ruim quando pedem para fazer uma palinha “Faz um pedaço?”. Eu adoro, faço um pedaço de todos personagens que a pessoa pedir, eu dou palinha de todos, então eu adoro, sou meio circense, me considero um pouco atriz circense, faço contorcionismo. Eu acho que vou gostar muito da popularidade quando ela chegar, porque o que eu já conquistei me faz muito feliz. 

MCB: Agora, as únicas duas perguntas fixas do site. Qual foi o último filme brasileiro a que você assistiu?  

GN: Ai meu Deus, eu acho que foi o Boas maneiras (Marco Dutra e Juliana Rojas). Foi o último filme que eu assisti, mas também não assisti um filme não brasileiro depois disso. Eu sou fã do cinema brasileiro, eu dou sempre preferência para o cinema brasileiro, e acho que a gente tem uma qualidade incrível. Quando a gente viaja com os filmes, eu fico muito orgulhosa do nosso cinema autoral, das nossas pessoas sensacionais Quando eu estou em competição com filmes de milhões e penso nos nossos dois milhões e meio, três no máximo, quando muito seis, quando pouco mil... Filmes incríveis que eu já fiz, sei la, de duzentos mil, que são coisas que rodaram, eu penso “Como somos incríveis, como o brasileiro é incrível”. 

Eu torço muito pelo nosso cinema, então até hoje eu ouço gente desinformada, que ainda fala que o som do cinema brasileiro é ruim “Ah, não vou em cinema brasileiro porque é muito ruim”. “Ah, vocês nunca ficam em cartaz porque não devem ter qualidade, porque se as pessoas gostassem ficava”.  Então são relações que as pessoas não entendem o que é mercado, a distribuição. O quanto é triste você ir no cinema fazer propaganda do seu filme e no cinema não ter nenhum cartaz do seu filme e ter de todos os internacionais. Você ir para Cannes e todos os jornais do mundo inteiro falarem de você e você chegar aqui e ter um rodapé. Então isso me dá tristeza. Eu faço corpo a corpo, eu vou para o cinema, eu vejo, e as salas nem sempre são tão cheias e nem sempre duram tanto. Eu sofro a cada filme que acaba rápido, mesmo merecendo estar por muito tempo. Mas eu sei a competição com o capital que vem para divulgação e para pagar a sala, que a gente compete de igual para igual, isso, realmente, nesse sentido de financeiro, não é justo. Mas não tem importância, o nosso cinema é maravilhoso e ele tem força suficiente para, independente de tudo isso, estar ganhando o mundo, talvez até mais o mundo do que até agora a população brasileira. Por isso que eu amo o festival, essa discussão ontem, como o cinema discute a atualidade, como  a gente tem essa força de fazer cinema e discutir a sociedade. O cinema é muito potente e o cinema brasileiro a gente  sabe o quanto está incomodando e o quanto ele é relevante.  

MCB: E qual a mulher do cinema brasileiro, de qualquer época e de qualquer área, você deixa registrada na sua entrevista como uma homenagem?  

GN: Eu estou tentando pensar em outra, mas a primeira que me veio e eu acho que tenho que respeitar o fluxo do vento é a Marília Pera. A Marília  é uma gênia, como muitas outras gênias brasileiras. O que ela faz em Pixote (Pixote, a lei do mais fraco, Hector Babenco)… eu tive uma quase convulsão quando eu assisti. A Marília é uma mulher que eu gostaria de homenagear. No  dia do filme Ausência,  a homenagem antes do filme, em Gramado, foi para a Marília Pera. Eu mal podia imaginar que era a última vez. Porque eu queria tanto assim, ela iria fazer a minha mãe. Eu tenho um livro que o Lourenço Mutarelli escreveu, que é "O Grifo de Abdera". Ele escreveu para mim a personagem, o Fernando Sanches que irá produzir, e aí  a gente pensava na Marília para a mãe. Eu pensava “Nossa, como é contracenar com uma mulher com tanta força”. Ela tem tudo que eu queria ter, se eu pudesse me encarnar em uma atriz, acho que eu me encarnaria nela, e como não posso, estou tentando absorver tudo de maravilhoso que ela tem. E tantas outras atrizes como a Denise Weinberg, no Meu amigo Hindu, do Babenco. Quando eu vi aquela mulher em cena no mesmo plano. Nós temos muitos talentos, eu poderia dizer muitas.

MCB: Muito obrigado pela entrevista.


Entrevista realizada em janeiro de 2020, durante a Mostra de Cinema de Tiradentes.
Foto atualizada: Divulgação

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