Ano 20

Angela Figueiredo

A atriz Angela Figueiredo nasceu no Rio de Janeiro, em 8 de março de 1961. É uma atriz que despontou no final dos anos 1970 e início dos anos 1980, com atuações na televisão, no teatro e no cinema. Angela Figueiredo é filha da cineasta Vera de Figueiredo, sendo sua primeira experiência nas telas no filme dirigido pela mãe, Feminino Plural, em 1976. "Acho que foi minha primeira experiência em participar de um longa-metragem sim e foi meio que natural. Minha mãe falou para eu fazer, acreditei nela e fiz. Foi uma experiência difícil, desafiadora'.

Tem trajetória na dança e como modelo, e, a partir da década de 1980, intensifica sua carreira de atriz. Participa de várias peças e estreia em novelas com o pé direito como a indomável Analu em "Guerra dos Sexos" (1983/84), marco de Sílvio de Abreu na TV Globo, atuando depois em várias novelas, especiais e minisséries da emissora, e também em produções do SBT. "Lembro que amei trabalhar naquela novela. Era muito divertido. Tudo novo para mim. Que turma boa, eu era muito nova. Foi um convite do diretor Jorge Fernando". 

Na década de 1980, participa do curta Sinal Vermelho (1982), de Marcelo Taranto, e de Johnny Love (1988), de Elias Jr. Atua em Sonhos de Menina Moça (1988), dirigido por Tereza Trautman, e integra o elenco feminino estelar do filme formado, além dela, por Tonia Carrero, Louise Cardoso, Marieta Severo, Selma Egrei, Monique Lafond, Xuxa Lopes, Zezé Motta, Íris Bruzzi, Norma Blumm, Gabriela Alves, Flávia Monteiro e  Dóris Giesse.  "O que me lembro era um clima ótimo entre elenco, equipe e direção. Uma beleza de locação e direção delicada, direção de arte incrível. Que elenco, que sorte a minha".

No dia 15 de outubro, Angela Figueiredo estará em Belo Horizonte para participar da Mostra Curta Circuito, que nesta edição 2024 focaliza as cineastas transgressoras que dirigiram filmes durante a ditadura civil-militar, homenageia a sua mãe, Vera de Figueiredo e exibe Feminino Plural, seguido de bate-papo. Angela Figueiredo conversou com o site Mulheres do Cinema Brasileiro por e-mail e repassou a  sua trajetória. Fala de sua formação, das peças no teatro, das novelas e dos filmes em que atuou. E fala, claro, de sua mãe e da homenagem a ela.


Mulheres do Cinema Brasileiro: Para começarmos, nome, data de nascimento, cidade em que nasceu, e formação.

Angela Figueiredo: Angela Figueiredo, 8 de março de 1961, Rio de Janeiro. Me profissionalizei ainda adolescente, no ano de 1978. Tive inúmeros mestres, fiz muitos cursos e estudei bastante. 

MCB:  Você começou sua carreira como modelo, não é isso? Poderia falar um pouco sobre esse momento?

AF: Comecei minha carreira dançando, fui bailarina, fiz parte de um grupo profissional de dança contemporânea quando eu tinha 14 / 15 anos. Ao mesmo tempo, fazia campanhas publicitárias, fotos de moda, aulas diversas e ainda ia ao colégio. 

MCB: Como foi conviver com sua mãe, Vera de Figueiredo, pelo prisma da cineasta?

AF: Difícil. Ela estava sempre lutando, brigando para defender o lugar dela. Brigava contra o sistema. Ela estava a frente de seu tempo. Era também uma pessoa criativa, inovadora, pesquisadora, dedicada ao trabalho até o final da vida dela. 

MCB: Sua primeira participação no cinema foi no filme dela, Feminino Plural, em 1976. Como foi essa experiência?

AF: Acho que foi minha primeira experiência em participar de um longa-metragem sim,  e foi meio natural. Minha mãe falou para eu fazer, acreditei nela e fiz. Foi uma experiência difícil, desafiadora. Não me lembro bem. Foi há 50 anos!!! Não assisti novamente, vou assistir na Mostra Curta Circuito junto com o público e depois vamos fazer um bate-papo. Acho que vai ser incrível. 

MCB: Você tem uma carreira no teatro, com quase 10 peças no currículo, Poderia destacar alguns desses trabalhos?

AF: 10 peças? Acho que um pouco mais... Me dedico a carreira de atriz de teatro há anos. No teatro tenho autonomia de fazer o que quero. Muitas vezes atuo, produzo e dirijo. Tenho uma companhia chamada Cia de Teatro As Moças, com a atriz e produtora Fernanda Cunha, há 10 anos. Tenho trabalhado com o diretor Dan Rosseto, esse ano estreamos a comédia "Elas São de Matar". Produzi, traduzi, dirigi e atuei no monólogo: "1975", da autora uruguaia Sandra Massera. Trabalhei como atriz e produtora em 5 edições do Festival de Peças de Um Minuto do grupo Parlapatões, com edições em Portugal, no Uruguai e no Brasil. Fiz outros espetáculos como atriz e como produtora. 

MCB: Na televisão, você já faz sucesso de cara como a inesquecível Analu, no marco "Guerra dos Sexos", 1983/84, do Sílvio de Abreu. Como chegou a essa produção e como foi compor a indomável Analu?

AF: Não me lembro bem do processo. Lembro que amei trabalhar naquela novela. Era muito divertido. Tudo novo para mim. Que turma boa, eu era muito nova. Foi um convite do diretor Jorge Fernando. Nós já tínhamos trabalhado juntos antes dele me chamar para a novela. Já tinha feito alguns trabalhos na Globo, mas estrear nesta novela com aquele texto, aquela direção, aquele elenco, direção de arte, figurinos, tudo foi incrível ! Que sorte a minha. 

MCB: Você desenvolve uma carreira contínua na TV, em novelas, especiais e minisséries. Poderia destacar alguns trabalhos?

AF: Foram tantos... "Saramandaia", "Maria Esperança", "Louca Paixão", "Guerra dos Sexos", "Brega e Chique", "Um Lugar ao Sol", participações nas séries "Pagador de Promessas", "Hebe", "Sob Pressão". 

MCB: Nos anos 1980, você intensifica sua atuação no cinema. Como foi atuar no curta Sinal Vermelho, 1982,de Marcelo Taranto, e em Johnny Love, 1988, de João Elias Jr.?

AF: Todos foram trabalhos importantes. Diretores jovens e na época estavam estreando, novos desafios, processos criativos diferentes. Sempre gostei do set de filmagem, das horas e horas de trabalho, da preparação, dos ensaios. 

MCB: Você atua em Sonhos de Menina Moça, 1988, da Tereza Trautman, e integra elenco feminino estelar: Tonia Carrero, Louise Cardoso, Marieta Severo, Selma Egrei, Monique Lafond, Xuxa Lopes, Zezé Motta, Íris Bruzzi, Norma Blumm, Gabriela Alves, Flávia Monteiro,  Dóris Giesse.  Poderia falar sobre a sua personagem Diana, sobre o filme,  e sobre a direção? 

AF: Foi demais, filmamos num castelo no alto do bairro Humaitá, no Rio de Janeiro. Tenho que rever o filme para te falar mais sobre a personagem Diana. Falei outro dia com a Tereza, não falava com ela há anos. Lembro vagamente, o que me lembro era um clima ótimo entre elenco, equipe e direção. Uma beleza de locação e direção delicada, direção de arte incrível. Que elenco, que sorte a minha. 

MCB:  O curta Luz, de Cesar Nery e André Hayato Saito, 2015,é mais um trabalho seu no cinema. Poderia falar sobre esse filme?

AF: Ah esses rapazes tão talentosos. Esse trabalho é mais recente. Fui mãe da atriz Priscila Sol, eu já tinha sido a mãe dela na novela Água na Boca. Roteiro sensacional e filmado num plano sequência dentro de um hospital funcionando. Um show! Elenco e equipe entrosados, concentrados e no timing perfeito.

 MCB:  A Mostra Curta-Circuito exibe Feminino Plural em edição que focaliza as cineastas transgressoras que dirigiram filmes durante a ditadura civil-militar e homenageia a sua mãe, Vera de Figueiredo. Como é para você ver a importância do trabalho dela na história do cinema brasileiro e também essa homenagem a ela na Mostra? 

AF: Saber da importância do trabalho da minha mãe no cinema brasileiro de certa forma justifica a nossa vida em família. Ela se dedicou ao audiovisual até o final da vida dela. Ter conseguido realizar dois filmes de longa metragem ousados, desafiadores, transgressores é a assinatura da personalidade dela. Ela deixou seis roteiros para séries e longa metragens, deixou além dos longas mais três filmes de curta e média metragem. Quando recebemos o convite para a participação do filme Feminino Plural na Mostra foi quando começamos a cuidar dela. Não imaginávamos que ela morreria tão de repente.  É uma honra essa homenagem, tenho certeza que de onde quer que ela esteja ela está amando essa homenagem! Essa FESTA!  

MCB:  Para terminar, as únicas duas perguntas fixas do site: Qual foi o último filme brasileiro a que assistiu?

AF: Saudosa Maloca, direção do Pedro Serrano.

MCB: Qual mulher do cinema brasileiro, de qualquer época e de qualquer área, você registra nessa sua entrevista como uma homenagem e o porquê?

 AF: Minha mãe, Vera de Figueiredo, porque estamos homenageando a carreira e as obras da Vera neste momento na 24 ° edição da Mostra Curto Circuito – Transgressoras Brasileiras do Cinema, ano que ela faria 90 anos e no ano de sua passagem para o outro plano.


Foto: Acervo pessoal
Entrevista realizada por email no dia 10 de outubro de 2024.

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Atriz intensa nas telas e de personalidade forte, com falas polêmicas.