Sonia de Paula
Sonia de Paula nasceu em 26 de março de 1953, em Morro Agudo, interior de São Paulo. No início, quis ser cantora. Vai para São Paulo, conhece Walmor Chagas, e começa aí a trajetória artística no teatro, onde vai desenvolver extensa carreira - a estreia é em “Abelardo e Heloísa”, com direção de Flávio Rangel. “Eu cantava, mas não era profissionalmente não. Na realidade, eu queria ser cantora porque eu tinha cantado em um show do Jair Rodrigues na cidade onde eu fui criada, Orlândia, que é do lado da cidade em que eu nasci. Eu fui para São Paulo, mas não deu certo eu começar a carreira como cantora, daí eu conheci o Walmor Chagas, foi quando eu iniciei a minha carreira de atriz”.
A estreia em televisão foi uma participação em “A Patota” (1972/73), novela de Maria Clara Machado, já sua projeção nacional veio como Ciça, na inesquecível “Estúpido Cupido” (1976/77), de Mário Prata. Em “A Sucessora” (1978/1979), de Manoel Carlos, tem uma atuação marcante como Isabel, em composição arrebatadora em que alterna momentos de graça, tristeza e fúria - atua em várias outras e faz sucesso também em “A Indomada” 1997), de Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares. “Bom, a minha primeira novela foi uma participação em “A Patota” (1972/73). Depois eu encontrei o Mário Prata e ele disse que tinha um papel para mim no “Estúpido Cupido”. Eles me testaram e aí eu ganhei o papel da Ciça, que foi com o qual eu fui conhecida no Brasil todo”.
Sonia de Paula marca presença no cinema popular da década de 1970, sendo dirigida por grandes cineastas do gênero, como Alberto Pieralisi, Luís Antônio Piá, Roberto Machado, José Miziara e Cláudio Cunha. Integra o cinema de Os Trapalhões, e é dirigida também por Alex Viany e Bruno Barreto. “O cinema é uma arte, assim, em que eu fiz muita coisa, mas não é uma arte que eu domine tanto”.
Sonia de Paula conversou com o Mulheres do Cinema Brasileiro. Ela repassou sua trajetória: o início da carreira artística, os trabalhos no teatro, em que foi dirigida por nomes como Flávio Rangel e Fernando Torres; a presença junto às crianças em peças infantis e no projeto “Lê pra mim”; a carreira na televisão em novelas como “Estúpido Cupido” e “A Sucessora”; a presença no cinema popular, e em filmes como A noiva da cidade, de Alex Viany e As meninas, de Emiliano Ribeiro, e muito mais.
Mulheres do Cinema Brasileiro: Para começar: nome, data de nascimento, cidade em que nasceu e formação.
Sonia de Paula: Meu nome é Sonia Maria de Paula, artisticamente Sonia de Paula. Eu nasci em Morro Agudo, no interior de São Paulo, no dia 26 de março de 1953. Eu tenho o segundo grau completo e a formação na carreira que eu escolhi para mim eu aprendi fazendo, mas eu aconselho todo mudo a se preparar.
MCB: Você começou sua trajetória cantando, não é isso? Seu desejo inicial era ser cantora? Como se deu a passagem da cantora para a atriz?
SP: Eu cantava, mas não era profissionalmente não. Na realidade, eu queria ser cantora porque eu tinha cantado em um show do Jair Rodrigues na cidade onde eu fui criada, Orlândia, que é do lado da cidade em que eu nasci. Eu fui para São Paulo, mas não deu certo eu começar a carreira como cantora, daí eu conheci o Walmor Chagas, foi quando eu iniciei a minha carreira de atriz.
MCB: Você tem uma carreira importante no teatro. Como foi a sua estreia nos palcos? Foi com a peça "Abelardo e Heloísa", dirigida por Flávio Rangel, não é isso?
SP: Eu estreei no Teatro Paiol, em São Paulo, com a peça “Abelardo e Heloísa”, direção do Flávio Rangel, no dia 21 de setembro de 1971. Olha quanto tempo, né?
MCB: Você poderia destacar algumas peças?
SP: Olha, eu fiz várias peças. “Abelardo e Heloísa”, dirigida pelo Flávio Rangel, “Capital Federal”, também dirigida pelo Flávio Rangel. Fiz também “O Último Carro”, direção do João das Neves, fiz “Viva o Cordão Encarnado”, com direção do Luiz Mendonça, fiz “A Mulher de Todos Nós”, com direção do Fernando Torres, com a dona Fernanda Montenegro. Fiz tantas peças. Agora, recentemente, estou fazendo “As Meninas Velhas”, com direção do Tadeu Aguiar.
MCB: Você tem também uma presença de destaque no teatro infantil. Gostaria que comentasse sobre o teatro para crianças.
SP: Eu já tinha trabalhado para as crianças, eu tinha feito uma peça, e depois, quando a minha filha nasceu, há trinta anos, eu resolvi produzir. Comecei com “O Casamento da Dona Baratinha”, que fiz durante 15 anos, “O Patinho Feio”, “A Cigarra e a Formiga”. Continuo com meus sonhos de levar o teatro para as nossas crianças, para formação de plateia, para elas saberem a importância que é o teatro.
MCB: Você tem um projeto importante para a literatura, que é o "Lê Pra Mim". Você pode falar um pouco sobre ele e destacar alguns participantes?
SP: Bom, desde 2010 eu faço esse projeto de incentivo à leitura, que é o “Lê Pra Mim”. Eu faço em centros culturais, pontos turísticos, e dentro de escolas públicas, para as nossas crianças saberem a importância que é ler. Para a gente nunca deixar de sonhar, e lendo você pode fazer grandes viagens, realizar grandes sonhos. Várias pessoas já participaram: Laura Cardoso, Elke Maravilha, Roberta Miranda, Fafá de Belém, Reynaldo Gianecchini, Cláudia Raia, Maitê Proença, Nicette Bruno, o autor Pedro Bandeira, muita gente.
MCB: Na televisão, você tem uma carreira grande e importante nas novelas, sendo o marco inicial de seu sucesso a inesquecível Ciça, de "Estúpido Cupido" (1976/77), do Mário Prata. Como foi selecionada e como foi para você ser projetada nacionalmente?
SP: Bom, a minha primeira novela foi uma participação em “A Patota” (1972/73). Depois eu encontrei o Mário Prata e ele disse que tinha um papel para mim no “Estúpido Cupido”. Eles me testaram e aí eu ganhei o papel da Ciça, que foi com o qual eu fui conhecida no Brasil todo.
MCB: Em "A Sucessora" (178/79), do Manoel Carlos, recentemente exibida no Canal Viva, tivemos a oportunidade de ver/rever um trabalho magistral seu de atriz como a Isabel. Como foi atuar nessa novela?
SP: “A Sucessora” foi uma novela maravilhosa, em que eu tive a honra de trabalhar com grandes atrizes, Susana Vieira, Nathália Timberg, Arlete Salles. Foi maravilhoso e o texto incrível do Manoel Carlos. Foi um divisor de águas para mim, realmente, saber da minha capacidade.
MCB: Outro sucesso seu é na novela "A Indomada" (1997), de Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares, como a Lourdes Maria, e que surpreendeu o público na revelação final. É também um dos seus destaques na TV, não é isso?
SP: Em a “Indomada” eu era uma beata. Depois, eu fui escolhida, foram vários personagens que gravaram para ser o Cadeirudo, mas eles decidiram que o Cadeirudo seria a Lurdes Maria, a beata, e aí foi aquela loucura, né?
MCB: Você tem grande presença no cinema popular das décadas de 1970, sendo dirigida no início em dois filmes do Alberto Pieralisi, Café na Cama (1973) e Oh, que delícia de patrão (1974). Como chegou ao cinema e como foi participar desses primeiros filmes?
SP: O cinema é uma arte, assim, em que eu fiz muita coisa, mas não é uma arte que eu domine tanto.
MCB: Também na década de 1970, você foi dirigida pelo Luís Antônio Piá, Roberto Machado, Levi Salgado, e por dois de seus maiores nomes do gênero, José Miziara e Cláudio Cunha. O cinema popular é um capítulo importante na história do cinema brasileiro. Como foi participar e como foi ser dirigida por esses cineastas?
SP: Eu não me preparei muito, é uma arte, como eu disse, que eu domino muito pouco. Tive grandes diretores: Luiz Antônio Piá, Alberto Pieralisi, José Miziara, Claudio Cunha.
E teve o Alex Viany, que foi incrível, né, o A Noiva na Cidade. E o Índia, a Filha do Sol, que era direção do Fábio Barreto, irmão do Bruno Barreto.Teve também o Adriano Stuart.
MCB: Em outro modelo de produção, você atua em A Noiva da Cidade, de Alex Viany, e na década de 1980 em Índia, a filha do sol, de Bruno Barreto, e no infantil O Incrível Monstro Trapalhão, do Adriano Stuart. Poderia comentar sobre esses trabalhos.?
SP: A Noiva da Cidade foi assim um filme que só tinha amigos, todo mundo está nesse filme, então foi uma comemoração de juntar várias pessoas, acho que foi esse o intuito do Alex Viany, foi bárbaro eu ter feito. Quanto ao O Incrível Trapalhão, eu trabalhava com Os Trapalhões na televisão, daí o Adriano Stuart me convidou para o filme.
MCB: Depois de alguns anos afastada do cinema, você retorna na década de 1990 em As Meninas, dirigido por Emiliano Ribeiro, uma adaptação de um dos maiores romances da literatura brasileira escrito por Lygia Fagundes Telles.
SP: As Meninas foi um filme incrível. Da Lygia Fagundes Telles, com direção do Emiliano Ribeiro.
MCB: Durante sua carreira até agora, seja no teatro, na televisão e no cinema, você contracenou com grandes atores e atrizes. Algumas dessas atrizes te marcaram especialmente?
SP: Olha, no teatro eu trabalhei com grandes atrizes, mas eu vou citar uma que eu aprendi muito, que foi quando eu fiz “Viva o Cordão Encarnado”, direção do Luiz Mendonça: Ilva Niño. Nossa, foi um aprendizado. Na televisão eu posso citar a Ana Lúcia Torre, com quem eu fiz “A Indomada”, ela realmente me ensinou muito. E no cinema, quando eu fiz As Meninas, a Camila Amado me ensinou muito também, assim como com todas as pessoas que eu contracenei e que participaram de A Noiva da Cidade, que foi um filme, que se você vê, tem todo mundo ali, do Rio de Janeiro, atores e de atrizes fazendo participações com os quais aprendi muito.
MCB: 17 - Para terminar, as únicas duas perguntas fixas do site: Qual foi o último filme brasileiro a que você assistiu?
SP: Bom, eu não estive nesse Festival Rio que teve agora de cinema, eu não estava aqui no Rio, mas um filme que eu acabei de rever agora foi o Minha Fama de Mau (Lui Farias), que conta um pouco da vida do Erasmo Carlos. É porque eu estou fazendo um trabalho, então eu quis rever, foi o último filme que eu acabei de ver.
MCB: Qual mulher do cinema brasileiro, de qualquer época e de qualquer área, você deixa registrada na sua entrevista como uma homenagem e o porquê?
SP: Minha grande homenagem é uma grande artista que eu tive a honra de ser secretária, assistente de direção, trabalhei muito tempo com ela e que me ensinou muito, que é a Bibi Ferreira. A Bibi não ensinou só a mim não, ela ensinou muita gente. Nós tivemos a honra, nós fomos abençoados, quem teve a oportunidade de conviver e assistir a nossa grande e maravilhosa Bibi Ferreira.
MCB: Muito obrigado pela entrevista:
Entrevista realizada por áudios de WhatsApp no dia 20 de outubro de 2024.Crédito foto: Acervo pessoal
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