Nina de Pádua
Nina de Pádua nasceu no Rio de Janeiro, no dia 9 de outubro de 1955. Atriz de destaque na cena cultural brasileira, a vocação artística veio desde criança. “Eu não sei muito falar sobre a minha formação, porque quando comecei a atuar eu tinha três anos de idade. Então, a minha vida inteira eu fiz isso. Por mais que eu tenha feito escola de teatro, o curso do Sérgio Britto, na verdade, foi a vida que foi me formando, a própria profissão. Então, eu não tenho uma formação acadêmica formal”.
Nos palcos, onde tem grande e importante trajetória, Nina de Pádua integrou aquele que renovou o teatro carioca, e brasileiro, o cultuado e indomável grupo “Asdrúbal trouxe o trombone”, que projetou outros tantos nomes do teatro moderno como Regina Casé, Luiz Fernando Guimarães, Evandro Mesquita, Patricya Travassos, Hamilton Vaz Pereira, Perfeito Fortuna, entre outros. “Começamos a procurar uns clássicos, “O Despertar da Juventude”, mas nada resumia, basicamente, tudo que queríamos falar da vida da gente. Então foi um momento muito feliz de uma reunião de nós todos, jovens, de 18, 20, 20 e poucos anos, para falar da gente, para abrir esse espaço, para ter uma nova cena. Porque vinha muito forte o movimento, por exemplo, do Teatro Oficina, que é uma coisa mais política, no sentido mais radical da coisa, mais feérico. A gente veio com uma coisa de alegria, a gente veio com uma coisa do famoso desbunde, uma coisa do “Vamos ser felizes, o que interessa é sermos felizes”, esse era o grande recado que a gente vinha trazendo. Então foi um momento muito bacana e muito feliz, o encontro desses jovens todos”.
Nina de Pádua desenvolveu também uma carreira notável no audiovisual, seja em várias novelas e minisséries, como também no cinema. Em sua filmografia, diretores como Ivan Cardoso, Haroldo Marinho Barbosa, Norma Bengell, Ana Maria Magalhães, Antônio Calmon, Rogério Sganzerla, e muitos outros.” Mas como o Múmia foi um filme feito com muito sacrifício, filmava um tempo, aí tinha que parar, esperar mais verba, então, nesse meio tempo, entrou o Engraçadinha no meio. Eu já tinha começado a filmar O Segredo da Múmia, que muito me orgulha, porque eu fui assistente de montagem. Eu sentei na moviola para cortar o filme, eu fui continuísta, eu ajudava a enrolar o Anselmo de múmia, a gente ficava enrolando o Anselmo com gases para ele fazer a múmia. Então eu fiz de tudo nesse filme. Foi uma experiência extraordinária, eu troquei chassi de filme, naquela época era com chassi, o rolo do filme. Então foi assim, eu já entrei de cara fazendo meio que tudo ali dentro. Não tenho nem palavras para descrever essa experiência”.
Nia de Pádua conversou com o Mulheres do Cinema Brasileiro por vídeo-chamada no dia 29 de janeiro de 2025. A atriz repassou a sua trajetória: o despertar para a carreira artística, o teatro e a experiência em “Calabar”, a explosão do “Asdrúbal trouxe o trombone”, novelas e minisséries como “Gata Comeu” e “Dona Beija”, e, claro, o cinema, em filmes como O Segredo da Múmia, Engraçadinha, Menino do Rio, Eternamente Pagú, Nem tudo é verdade, e muitos outros.
Mulheres do Cinema Brasileiro: Para começarmos, nome, data de nascimento, cidade em que nasceu e formação.
Nina de Pádua: Meu nome é Nina de Pádua, eu nasci no dia 9 de outubro de 1955, na cidade do Rio de Janeiro. Sou carioca da gema, filha de uma pernambucana com um paraense, tenho muito orgulho da minha cidade. Eu não sei muito falar sobre a minha formação, porque quando comecei a atuar eu tinha três anos de idade. Então, a minha vida inteira eu fiz isso. Por mais que eu tenha feito escola de teatro, o curso do Sérgio Britto, na verdade, foi a vida que foi me formando, a própria profissão. Então, eu não tenho uma formação acadêmica formal.
MCB: Já te ouvi contando também que você e o seu irmão, que é poeta, foram viver juntos em Ipanema, se não estou enganado.
NP: Caramba! É verdade, poucas vezes eu falei sobre isso, achei bacana você saber.
MCB: E isso penso que alimentou também esse seu ambiente artístico, não?
NP: Sem dúvida alguma.
MCB: Essa convivência com escritores...Você pode falar um pouquinho sobre isso?
NP: Na verdade, isso foi quando eu já tinha, talvez, 16, 17, 18 anos. Então, eu já estava trabalhando como atriz. Sem dúvida alguma, meu irmão é dessa geração dos poetas. Tem um livro da Heloísa Buarque, que agora é Heloísa Teixeira, chamado “26 Poetas Hoje”, que foi um movimento muito forte aqui no Rio, a galera da “Nuvem Cigana”, a Poesia Marginal. Eu era do “Asdrúbal Trouxe o Trombone”, que também era outro grupo, não era marginal, mas era um grupo bem moderno, estávamos no auge do sucesso. Então, isso tudo contribuiu, mas, na verdade, eu, desde os três anos de idade, na minha casa, eu sempre participei de todas as festas do colégio. Minha mãe fazia as roupas, eu sempre, de alguma forma, estive envolvida e sempre estive no palco, era uma coisa caseira, de colégio e tal. E tinha o meu ambiente em casa, a minha mãe é uma artista extraordinária, minha mãe pinta, minha mãe desenha, minha mãe costura, minha mãe borda, minha mãe faz joia. Então, eu sempre estive isso.
O meu pai era médico, mas um grande desenhista, por exemplo. Então o meu ambiente em casa sempre esteve, de alguma forma, ligado à arte. Eu sou sobrinha de uma grande cantora brasileira, que foi Maria Helena Raposo, que fez aquela excursão para a Rússia com a Dolores Duran. A Dolores me ninava, segundo a minha mãe, ela me adorava. Eu me lembro dela, mas não me ninando, eu me lembro dela já maiorzinha na casa do meu avô. Mas, enfim, então eu venho dessa tia cantora, com uma voz belíssima e tal. Então, era o meu ambiente. Eu sempre fui meio cercada por isso tudo. Meu pai era médico, minha mãe era uma artista dentro de casa, ela não era pública, então é mais ou menos por aí. E essa coisa de morar com o meu irmão, em uma época de uma Ipanema efervescente, os anos 70, que borbulhava. Enfim, de repressão da Ditadura Militar, amigos sumindo, histórias tenebrosas que não chegavam, mas, ao mesmo tempo, uma resistência, uma alegria, uma força, uma vontade, uma criatividade de todos os artistas querendo escapar daquele sufoco. É isso.O meu irmão é João Carlos Pádua, ele está no livro da Heloísa, chamado “26 Poetas Hoje”, junto com o Cacaso, com o Geraldinho Carneiro, com muita gente famosa e conhecida, porque foi um movimento muito importante aqui no Rio de Janeiro nessa ocasião.
MCB: Antes de falarmos sobre Asdrúbal, você participou da peça “Calabar”, não é?
NP: Sim.
MCB: Essa montagem do “Calabar” é que tinha a Betty Faria?
NP: Claro, é a primeira, é a original.
MCB: A Betty me deu entrevista também, e eu lembro dela falar isso, que ela tinha ensaiado muito e depois a peça foi proibida.
NP: A peça estava pronta, nós já estávamos com figurino, cenário, tudo pronto. Nós estávamos para estrear no Teatro João Caetano, e, naquela época, você tinha que marcar uma audição com a censura para liberar, para estrear. A gente não conseguia marcar, não conseguia marcar, não conseguia marcar, e aí uma hora não marcou mais, porque eles falaram que não tinha mais marcação, acabou-se, não vai ter mais peça. Foi um baque muito grande para todos nós, era um elenco enorme, uma produção espetacular, da Fernanda Montenegro e do Fernando Torres.
MCB: Você pode citar alguns nomes do elenco?
NP: O elenco era Betty Faria, Tetê Medina, Antônio Ganzarolli, Hélio Ary, Odilon Wagner, estou falando dos papéis principais. Nos menores tinha Anselmo Vasconcelos, Nina de Pádua, Perfeito Fortuna, era um elenco de apoio muito grande.
MCB: Você já citou o Asdrúbal Trouxe o Trombone, que realmente renovou a cena teatral, não só a carioca, mas do próprio teatro mesmo E que também projetou aqueles nomes todos, Regina Casé, Patricya Travassos.
NP: Sem dúvida. Luiz Fernando Guimarães, Evandro Mesquita.
MCB: Hamilton Vaz Pereira… Você pode falar um pouco sobre o Asdrúbal?
NP: O Asdrúbal vem basicamente de um curso do Sérgio Britto, um curso extraordinário, com professores assim dos maiores. Por isso que digo que a minha formação não é formal, mas ela é muito bem embasada, porque nesse curso nós tínhamos professores como Sérgio Britto, Gianni Ratto, Glorinha Beuttenmuller, Klaus Vianna, então era assim alto nível. O Asdrúbal vem daí, ele vem de uma necessidade de jovens atores.
Deixe-me fazer um parêntese aqui. É que nessa época, exatamente, a juventude não tinha muita voz, você tinha programas e coisas dirigidas para criança, peças infantis, Maria Clara Machado, a mil por hora, e tinha para adulto. Uma faixa intermediária, que é de uma adolescência até uma jovem, até uns dezoito, vinte anos, não tinha linguagem para a gente, não tinha conversa com a gente, não tinha espaço, e vínhamos vinha dessa ânsia de querer esse espaço. Começamos a procurar uns clássicos, “O Despertar da Juventude”, mas nada resumia, basicamente, tudo que queríamos falar da vida da gente. Então foi um momento muito feliz de uma reunião de nós todos, jovens, de 18, 20, 20 e poucos anos, para falar da gente, para abrir esse espaço, para ter uma nova cena. Porque vinha muito forte o movimento, por exemplo, do Teatro Oficina, que é uma coisa mais política, no sentido mais radical da coisa, mais feérico. A gente veio com uma coisa de alegria, a gente veio com uma coisa do famoso desbunde, uma coisa do “Vamos ser felizes, o que interessa é sermos felizes”, esse era o grande recado que a gente vinha trazendo. Então foi um momento muito bacana e muito feliz, o encontro desses jovens todos. Fizemos outras coisas além do “Trate-me Leão”. Começou com o “O Inspetor Geral”, depois montou o “Ubu Rei”, mas o “Trate-me Leão” foi a consagração por ser um texto de nossa autoria, não era um clássico. “O Inspetor Geral” é um clássico do Nikolai Gogol, maravilhoso, ganhou prêmio, mas era um clássico de um autor. O “Trate-me Leão” resumiu tudo aquilo com a linguagem da gente. Levamos nove meses ensaiando, a gente fala que foi um parto, porque a gestação foi completa, e a garotada pirou com a gente, porque eles se viram representados ali, num momento tão difícil do Brasil, tão tenebroso, com esses malditos generais, enfim. Então vinha com essa juventude, com essa alegria, com essa ânsia, oferecendo essa possibilidade de felicidade e de alegria, porque a alegria enlouquece esses caras todos, porque ela não tem domínio, eles precisam que você viva sobre o medo, para que possam te dominar, e a alegria ela acaba com isso, ela acaba com eles. Então era uma forma de resistência àquela maldita ditadura que nos assolava.
MCB: Você teve um episódio pessoal com os repressores?
NP: Graças a Deus, não! Porque, na verdade, quando do golpe de 64, eu tinha oito anos, porque foi em março, eu completo aniversário em outubro. Então, meu irmão, sim. Meu irmão teve episódios, teve que ficar escondido um tempinho na casa da minha tia, teve que esconder os livros, ele era cinco anos mais velho que eu. Então, ele já tinha amigos que sumiram. Quando fui realmente me dar conta, foi alguns anos depois, já mais para 68, 69, 70, porque eu já estava maiorzinha. Então, eu sofria a repressão, por conta de amigos, mas não eu pessoalmente.
MCB: Mas você atuou ali nos anos de chumbo.
NP: Isso aí, enfim.
MCB: Antes de a gente entrar no audiovisual, além do Asdrúbal, você tem uma carreira também grande no teatro.
NP: Sim.
MCB: Você poderia citar alguns trabalhos de destaque para você? NP: Olha, o maior de todos foi uma grande amiga muito querida, eu trabalhei com ela, se não me engano, quatro ou cinco vezes, quatro ou cinco direções, que é Bibi Ferreira. Para mim, não querendo desmerecer ninguém, a Grande Dama do Teatro Brasileiro se chama Bibi Ferreira, sem dúvida alguma. E ela era alguém que eu via na minha infância, porque a minha mãe também sempre me levou para ver os grandes musicais da Bibi, eu era garota, seis, sete anos, “My Fair Lady”, enfim, aquilo tudo que ela realizou. Eu a acompanhei e mais tarde me tornei amiga dela, além de trabalhar com ela. Éramos meio vizinhas, eu morava quase em frente à casa dela. Então, já começa por aí. Eu tenho essa grande alegria de tê-la no meu currículo, tenho o Juca de Oliveira, tenho o Paulo Gracindo, tenho a Nathalia Timberg. Tenho o Fúlvio Stefanini, que é meu amigo até hoje, muito querido, com quem realizei muitos trabalhos, somos muito amigos, eu me dou com a família dele, a gente se encontra até hoje em dia. Então, eu tenho um currículo que me sinto muito honrada, tem muita gente importante, Chico Buarque, sem dúvida alguma, Ruy Guerra, autores de “Calabar”, e mais outros tantos que talvez eu esteja esquecendo agora, muita gente bacana.
MCB: Você tem um parceiro importante, que é o Anselmo Vasconcelos, não é isso?
NP: É meu parceiro até hoje, esse aí é o de fé camarada. A gente começou em “Calabar”,que foi quando o conheci. Ele é um companheiro, um mestre, um guru para mim.
MCB: O seu primeiro trabalho na televisão foi no “Malu Mulher” ou no “Aventuras com o Tio Maneco”?
NP: Pois é, eu sempre falo que é “Malu Mulher” porque às vezes a memória falha. Mas eu tenho quase certeza que foi primeiro o “Tio Maneco”.
MCB: Você atua em muitas novelas, mas eu fico impressionado com tantas minisséries muito importantes. Tem “Quem Ama Não Mata” ...
NP: Isso. “Parabéns pra você”, tudo isso em papéis pequenos. Eu fiz uma minissérie que eu amo, que quase ninguém fala dela, e ela fez muito sucesso na época, que é “A Máfia no Brasil”, dirigida por Roberto Faria.
MCB: Nas novelas, um de seus grandes destaques foi a Ivete de “A Gata Comeu”.
NP: Sem dúvida alguma, e estamos festejando esse ano os 40 anos da “Gata”, vai ter uma festa daqui a pouco.
MCB: Você poderia citar algumas de destaque para você?
NP: Olha, a minha primeira novela, eu tenho muito orgulho dela, porque foi a última novela da Janete Clair. Foi uma novela que lançou muita gente, lançou a mim, lançou Fernandinha Torres, lançou a Malu Mader, lançou a Cláudia Jimenez, que não falava muito disso, mas foi lançada ali, e lançou a Glória Pérez. Porque como a Glória era colaboradora, quando a Janete faleceu, quem assumiu a novela, com a participação do Dias (Gomes) orientando, foi a Glória Pérez, então, eu diria que foi a primeira aparição, assim, oficial de Glória. Então é uma novela que lançou muita gente bacana. Era num horário meio ingrato, porque era uma tentativa de relançar o horário das 10 horas da noite, então ela não foi, assim, um grande sucesso, estrondoso, que se esperava, mas para mim foi muito marcante, E as outras todas, “Dona Beja” é uma paixão que eu tenho, que eu amo muito. Eu fiz há mais de 20 anos, sei lá, na Globo, “Alma Gêmea”, que reprisou há pouco tempo. Tenho muito orgulho da minha passagem pela Rede Record, onde eu fiz coisas maravilhosas, como “Chamas da Vida”, que foi a minha primeira novela lá e que eu amo, toda vez que ela passa é um sucesso estrondoso. Enfim, eu tenho orgulho disso tudo.
MCB: Você citou “Eu Prometo”, que eu assisti à época, tinha as três filhas da personagem da Dina Sfat, né? Fernanda Torres, Malu Mader e Julia Lemmertz.
NP: Julinha também, é verdade.
MCB: Eu vi muitos trabalhos seus na televisão, tem também a Pepa de “Éramos Seis”.
NP: Eu ia falar agora, “Éramos Seis” era outra novela que eu também amava, muito orgulho. Eu não quero ficar besta não, mas eu só fiz coisas muito bacanas.
MCB: E você trafegou por várias emissoras: Globo, SBT, Manchete, TV Cultura.
NP: Sim. Até na Bandeirantes, porque eu fiz uma novela chamada “O Campeão”, que era produzida pela TV Plus, mas passava na Bandeirantes.
MCB: Com a Marília Pêra.
NP: Com a Marília, maravilhosa. Um elenco também extraordinário, até Sidney Magal fazendo a novela, muito bacana também. Estava começando nessa época essa história de síndrome de pânico, então eu fazia uma mulher que tinha síndrome de pânico, eu me divertia muito fazendo, porque ela tinha umas crises, largava o carro no meio da rua. Enfim, foi muito legal, muito bacana.
MCB: Bom, agora vamos entrar no cinema. O primeiro filme foi Engraçadinha?
NP: Na verdade, o primeiro filme que eu fiz na minha vida de cinema, que não era amador, porque amador eu fiz na escola de teatro, tem uns curtas por aí que nem lembro mais o nome, mas o primeiro oficial que eu fui contratada para fazer era um curta-metragem do diretor chamado Sylvio Autuori. que já faleceu. Foi feito em São Paulo, a gente estava com o Asdrúbal, eu e Evandro Mesquita, somos nós dois, fala de uma coisa de poluição, a gente usava umas máscaras, um curta bem bacaninha, me esqueci o nome agora. Depois desse, o primeiro filme adulto que eu comecei a fazer foi O Segredo da Múmia.
MCB: Do Ivan Cardoso, com quem você foi casada…
NP: Eu não fui casada com o Ivan, eu fui namorada do Ivan, eu até tive outros maridos, mas com o Ivan, especificamente, eu namorei bastante tempo, mas era só namorada. Eu não casei com ele, não morei na mesma casa, enfim. Mas como o Múmia foi um filme feito com muito sacrifício, filmava um tempo, aí tinha que parar, esperar mais verba, então, nesse meio tempo, entrou o Engraçadinha no meio. Eu já tinha começado a filmar O Segredo da Múmia, que muito me orgulha, porque eu fui assistente de montagem. Eu sentei na moviola para cortar o filme, eu fui continuísta, eu ajudava a enrolar o Anselmo de múmia, a gente ficava enrolando o Anselmo com gases para ele fazer a múmia. Então eu fiz de tudo nesse filme. Foi uma experiência extraordinária, eu troquei chassi de filme, naquela época era com chassi, o rolo do filme. Então foi assim, eu já entrei de cara fazendo meio que tudo ali dentro. Não tenho nem palavras para descrever essa experiência.
MCB: E eu vou pular um pouco a ordem dos filmes. Essa questão que eu falei de você ser casada com o Ivan, e que você me corrigiu que é namorado, é porque eu nunca entro em assunto pessoal nas entrevistas. Eu citei isso porque achava que sim e porque vocês vão fazer mais trabalhos juntos, você vai fazer depois com ele O Escorpião Escarlate.
NP: Na verdade, no Escorpião eu faço uma pequena participação, porque aí, enfim, eu já não estava mais namorando, e aí ele se vingava, não me dava o papel, dava o papel para outra, mas depois se arrependia e me chamava para fazer outra coisa, então foi meio por aí, mas sim, fiz várias outras coisas e alguns curtas.
MCB: Bom, então vamos voltar ao Engraçadinha, que é um filme que adoro.
NP: Que delícia.
MCB: A sua personagem, Letícia. Eu adoro esse filme mesmo. E foi um filme importante naquela época.
NP: Sim.
MCB: Eu tenho uma paixão muito grande pelo cinema do Haroldo Marinho Barbosa.
NP: Sim, querido Haroldo.
MCB: E tem a Lucélia Santos, brilhantemente ali. Queria que você comentasse um pouco sobre esse filme.
NP: É uma época também extraordinária. Para mim foi maravilhoso ter feito o filme, nós gravamos ele todo em Petrópolis. Ficamos lá talvez uns dois, três meses, não me lembro exatamente quanto tempo, mas era uma delícia fazer. Era o Luiz Fernando Guimarães, que tinha vindo do Asdrúbal comigo, o Daniel Dantas, que tinha estudado comigo no Bennett, a Lucélia e o Haroldo, enfim, um elenco extraordinário. Wilson Grey, José Lewgoy, o pai do Daniel, Nelson Dantas, queridíssimo, muitos atores extraordinários, o Lafayette Galvão… O Haroldo era muito cuidadoso com isso. Então era um elenco de primeiríssima e uma experiência maravilhosa. Ficar dois, três meses em Petrópolis, filmando Nelson Rodrigues. Eu só tenho uma magoazinha deste filme, pois eu pedi muito ao Haroldo, mas eu não consegui ser apresentada ao Nelson (Rodrigues) e pouco depois ele faleceu. Então não tive oportunidade de conhecê-lo, mas o meu primeiro marido, este sim marido, era o Cafi, um fotógrafo que fez Capas do “Clube da Esquina", é sobrinho de Nelson, então eu tinha um pezinho ali perto dele, de alguma forma.
MCB: Você falou isso agora, mas me corrija se eu estou enganado: tem você na capa do disco, não é isso?
NP: Não só na capa do disco, do “Clube da Esquina 1”, e no “Clube da Esquina 2”. Além da capa, eu canto no coro.
MCB: Olha que maravilha.
NP: Sim, estou na capa dos dois, o primeiro, antes de me casar com o Cafi, foi ali que ele se apaixonou. E o segundo já casada com o Cafi, cantando no coro.
MCB: Eu sou pesquisador de cinema brasileiro há mais de 30 anos, mas o meu contato com você como público de cinema, e sobretudo, no meu caso, que venho da periferia, foi com o Menino do Rio.
NP: Que é uma doçura.
MCB: Quando Menino do Rio aconteceu, ele foi muito visto por várias classes sociais. É outro momento importante, que é esse cinema jovem do Antônio Calmon, do Lael Rodrigues. Gostaria que falasse um pouco sobre o Menino do Rio.
NP: Menino do Rio também é outra coisa deliciosa, um filme leve, também ligado a esse movimento de falar para essa juventude, de também mostrar para essa juventude caminhos que não se falava. Não existia adolescente, adolescente não dava palpite, adolescente obedecia a pai e mãe e acabou-se. Não tinha programação para essa galera, então, tanto o Asdrúbal, um pouco antes do Menino do Rio, como o próprio Menino do Rio e alguns outros sequenciais, era dirigido para essa galera. Então, foi um movimento muito forte, muito grande, que mexeu com muita gente daquela idade. Mesmo sendo bem, digamos, bairrista, porque é um filme passado na zona sul do Rio de Janeiro, verão carioca, mas acho que ele conseguiu falar com o Brasil todo. Ele unificou, porque essa coisa era um segmento da sociedade que era ignorado, que eram os adolescentes, os pré-adolescentes, que não tinham uma linguagem, um caminho, um escape para aquilo tudo. Então, por isso eu acho que são tão marcantes esses movimentos, essas obras, nesse sentido.
MCB: Eu considero o Antônio Calmon um dos maiores cineastas do Brasil, eu acho que ele é subestimado. Eu vi uma curiosidade na sua biografia, mas eu quero que você me corrija se eu estou errado. Essa sua relação com o Sul, você acabou de falar que sua mãe é do sul.
NP: Não, minha mãe é pernambucana.
MCB: É seu pai então?
NP: Meu pai é um paraense, mas eu tenho uma ligação forte com o Sul.
MCB: Isso que eu queria te perguntar, porque eu fiquei vendo a sua filmografia, e aí tem o Me Beija.
NP: Isso, eu não citei, mas deveria ter citado, porque eu também adorava, maravilhoso ter feito.
MCB: Que é do Werner Schunemann.
NP: Isso.
MCB: Tem o Noite, do Gilberto Loureiro, que se passa no Sul.
NP: E que é feito lá, exatamente.
MCB: Tem o Obscenidades, o curta.
NP: É verdade, você está me lembrando coisas que eu não me lembrava...
MCB: Tem mais uma coisa aqui que eu quero ver, o Aqueles Dois, do Sérgio Amon, que é baseado no Caio Fernando Abreu. E tem uma peça que você fez com o Anselmo Vasconcelos, ele fazendo o Caio e você a Hilda Hilst.
NP: Fizemos várias, e sim, fizemos essa.
MCB: Estou citando essa, porque olha quanto trabalho com o Sul. Quando você me corrigiu, dizendo que seu pai é paraense, é porque na minha cabeça tinha ficado paranaense. Essa sua relação com o Sul vem de onde?
NP: Querido, não sei explicar. A primeira vez que fui ao sul foi com o “Trate-me Leão”. O que aconteceu? Nós estreamos no Rio de Janeiro, foi um sucesso estrondoso, estreamos no Teatro Dulcina, ficamos lá, talvez, dois, três meses, eu não me lembro bem o tamanho da temporada lá. E, imediatamente, partimos para uma longa viagem pelo Sul, não sei nem o porquê, era coisa de SNT, Serviço Nacional de Teatro, que nos ofereceu essa viagem. Era uma capital e duas cidades do interior, tanto que fomos presos em Santa Maria. Quando a gente chegou em Porto Alegre foi uma coisa tão louca, a gente se sentia os Beatles, porque era uma coisa na porta do teatro, era uma galera insana berrando, querendo, puxando, uma coisa assim extraordinária.
Então, a minha ligação com o Sul começou por ali. Eu já fiquei encantada com a terra, porque, realmente, Porto Alegre é um lugar que eu amo, já voltei lá milhões de outras vezes, fiz muitas peças lá, muita coisa bacana, conheci Mário Quintana, enfim, eu tenho um carinho especial. Acho que como ficou esse carinho no coração, as coisas começaram a aparecer me chamando para lá. Eu fui convidada para o filme do Werner, que muito me honrou, também foi muito bacana. Foi uma época complicada, porque eu estava gravando “Eu Prometo” e ainda apresentava um programa na TV Educativa chamado “Qualificação Profissional”, era um programa para reeducação de professores, para instrução. Então, eu gravava a novela, gravava o programa e tinha que ir para Nova Petrópolis fazer o filme. Eu me lembro que eu pegava o voo de meia-noite, chegava às duas da manhã em Porto Alegre, tinha alguém me esperando no aeroporto, me levava para Nova Petrópolis, eu chegava lá às quatro da manhã, e seis e meia a gente já estava filmando. E tinha que filmar sexta, sábado, domingo, porque na segunda eu tinha que voltar para gravar. Segunda, terça e quarta, novela e programa. Então foi uma época muito louca, mas é um filme muito bacana, que eu tenho muito carinho. Eu tive uma alegria bacana em 2010, eu fiz uma excursão pela Serra Gaúcha com uma peça sobre Mário Quintana, queridíssimo poeta, e eu cheguei em Nova Petrópolis e tinha uma homenagem para mim no colégio. A gente ficou hospedado em um colégio agrícola, um pouquinho fora de Nova Petrópolis, enfim, não me lembro a distância, mas pouca distância. E então fui homenageada lá pelos alunos, aí voltei no colégio, revi os lugares, foi encantador, foi muito bacana.
MCB: E você tinha observado isso, esse tanto de trabalhos que você fez no Sul?
NB: Menino, eu sabia que tinha essa ligação, mas realmente você me lembrou de coisas que a gente vai juntando as pontas, e é muito legal, eu tenho muito orgulho E fiz muita peça no Teatro São Pedro, fiz muita coisa, eu amo o Sul, realmente tenho muito carinho.
MCB: Saindo agora do Sul, aí você atua em Avaeté - a semente da vingança, do Zelito Viana.
NP: Também muito orgulho de ter feito, um filme importante, um filme de denúncia de um massacre, que ocorre até hoje, uma coisa vergonhosa, porque a terra é deles, a terra não é nossa, nós somos todos invasores. Avisar isso para o Trump.
MCB: E é um filme que foi realizado em 1985, mas que é atual até hoje.
NP: Com certeza, eu estou falando, esses massacres ocorrem até hoje, e esse filme trata desse assunto que até hoje não foi resolvido, digamos, ou estabelecido como deveria, os indígenas, coitados, são muito desrespeitados.
MCB: Você também atua num filme muito importante de um cineasta referencial no cinema brasileiro, que é o Nem Tudo é Verdade, do Rogério Sganzerla?
NP: Esse é também o maior orgulho, nossa, eu faço uma participação pequenininha, e pretensiosa. Porque a gente brincava, como era o Orson Welles, falava que eu era a Rita Hayworth, mas, enfim, não era. Tenho muito orgulho de ter essa observação no meu currículo porque é a gente da maior qualidade, competência e importância no Brasil. Sou amiga da Helena Ignez até hoje, a gente se fala pelo face, essas coisas, e muito orgulho de ter feito, é um filme maravilhoso, Rogério é o “The Best”.
MCB: Tem mais um filme, que é o da Norma Bengell, Eternamente Pagu.
NP: Pagu é maravilhoso, eu amo, que filme delicioso de ter feito, eu faço a Sidéria, a irmã da Pagu. Nossa, Norma, querida, que saudade, muito bacana ter feito, acho um filme lindo também, muito lindo. Cara, eu só fiz coisa boa, estou muito feliz, porque eu nem lembrava disso tudo.
MCB: Pois é, normalmente nessas entrevistas que eu venho fazendo, muitas atrizes e diretoras falam que elas vão revivendo a trajetória.
NP: Até porque a sua pesquisa está exemplar, Muito obrigada, porque isso é um carinho, isso é uma deferência. Muito obrigada.
MCB: Tem também o Como Nascem os Anjos, do Murilo Salles.
NP: Sim, mas o Como Nascem os Anjos é uma coisa engraçada, eu não apareço no filme. Por quê? Eu cheguei até a filmar algumas cenas, mas elas foram cortadas, porque estava grande. Eu fazia a esposa do americano, o dono da casa, então as cenas que foram gravadas são cenas como eu com ele na praia, a gente se beijando, depois eu doente no hospital para mostrar que eu tinha morrido, então, tudo isso acabou não entrando no filme. Eu acho que meu nome entrou, talvez por deferência do Murilo, fico muito grata. Mas, de fato, você não vai ver nenhuma cena minha lá. Eu acho que aparece uma foto, quando os meninos estão na casa, eu abraçada com ele, mas também não tenho certeza se aparece mesmo. MCB: Tem um filme que eu ainda não vi, que é o Assim na Terra Como no Céu, do Ricardo Santos.
NP: É, maravilhoso também, são vários episódios, e o meu é como se fosse o Indiana Jones, procurando a fonte da juventude. Faço com um grande amigo meu, queridíssimo, Bernardo Jablonski, que era meu parceiro de tênis, inclusive, era meu parceiro de tela e de tênis, a gente jogava tênis junto. No nosso episódio, eles estão buscando a fonte da juventude, e no final eu apareço de bigode cavanhaque. Eu fiquei a cara do meu irmão. Eu olhava e falava, “Não acredito, é o meu irmão que está fazendo a cena”. Porque ela caía lá no lago, nascia, e ficava igual um homem, e a cara do meu irmão, foi uma homenagem, de certa forma.
MCB: Tem um curta, Observatório, do Pompeu Aguiar.
NP: Eu fiz várias coisas com o Pompeu. Esse curta é lindo, em preto e branco, todo filmado em um hotel no Leme. O Pompeu foi um parceiro muito querido, eu fiz, se não me engano, três filmes com o Pompeu. Tem um outro que eu fiz, que é dentro de um táxi, com a Beth Goulart e com o Chico Dias, não me lembro o nome agora. E o último foi num apartamento no Leme, uma história de duas mulheres, com a Dedina Bernardelli. Infelizmente, acho que houve discordâncias de produção e direção, não sei bem o que houve, esse filme nunca foi exibido, nunca foi visto, nem mesmo por mim, me lembro de ver uma cena ou outra, mas ele completo não vimos, e era um filme muito bonito. O Pompeu Aguiar é fora da casinha, e muito bacana, é um amigo querido que não vejo há bastante tempo, me sinto muito honrada de ter feito os três filmes dele.
MCB: Um trabalho seu mais recente é em Nada a Perder.
NP: Bem recente, eu faço a sogra do Bispo Edir Macedo, foi o Alexandre Avancini quem dirigiu. Eu acho o filme muito honesto, eu destacaria bastante o trabalho do Petrônio Gontijo, que é um trabalho lindo dele, muito bacana. Ele tem uma coisa com as mãos, o Bispo tem um defeito nas mãos, então à noite o Petrônio tinha que fazer massagem. É um trabalho de composição de ator muito bonito do Petrônio, eu tenho que manifestar essa minha observação. O meu papel é uma coisa pequena, não tenho uma grande participação, porque eu sou apenas a sogra. Então é o começo do filme, quando ele conhece a minha filha e começa a namorar, então é uma participação menorzinha. Eu me sinto muito honrada de ter feito com o Alexandre Avancini porque eu trabalhei com o pai dele, Walter Avancini, eu fiz Mandacaru e Obrigado, Doutor. Então foi bacana ter trabalhado com o pai, sendo muito acarinhada. O Avancini e o Herval Rossano tinham fama de durões, mas comigo os dois eram dulcíssimos, me deram papéis maravilhosos, me protegeram, me acarinharam o tempo todo. Então eu gostaria aqui de deixar essa homenagem, porque foi muito bacana.MCB: Uma coisa que eu não falei, então vou voltar lá atrás, é que você fez também a linha de humorísticos, fez com o Jô Soares…
NP: Antes do Jô eu fiz com o Chico Anysio.. E depois eu fiz no SBT um com Agildo Ribeiro, chamado “Não Pergunta que Eu Respondo”.
MCB: Ou seja, você fez com as três grandes referências.
NP: Sim, grandessíssimos. Com o Jô foi espetacular, ele me convidou e eu fui com ele para o SBT, e fiz o último ano dele na Globo. Com o Chico tem uma coisa que pouca gente sabe, que ele lançou aquele personagem, que era um político que odiava pobre, esqueci o nome agora (Justo Veríssimo), lembra dele?
MCB: Sim, lembro do personagem.
NP: Quando ele lançou esse personagem, foi o seguinte. Eu fazia um anúncio aqui no Rio de Janeiro do Globo Bairro, eu ia a cada bairro para dizer que tinha o Globo naquele bairro, e aí, no anúncio, eu falava “Nina de Pádua, de Niterói, para o Globo Bairro”. “Nina de Pádua, de Nova Iguaçu, para o Globo Bairro”. E aí, o Chico pegou isso muito honrosamente e me colocou como a repórter do jornal que ia anunciar a entrevista do Justo. Eu fiz poucas vezes, porque logo depois eu saí para fazer a novela “Eu Prometo”. O Chico ficou um pouquinho magoado, eu admito, porque, poxa, eu falava o meu nome no programa dele, para apresentar ele. Foi em alguns, os primeiros, eu estou lá como repórter e falando o meu nome.
MCB: Além de atriz, você falou lá no início sobre desempenho em função técnica. Você também é professora, não é isso?
NP: Querido, eu não sou professora, eu fui convidada, não me lembro exatamente quando, 2000, 2001, 2002, eu não me lembro bem, por um rapaz em Niterói para fazer um curso de um ano. Eu tenho alunos que são do meio, como uma cineasta maravilhosa chamada Patrícia de Aquino, que já ganhou prêmio, já fez vários filmes, e está me devendo um, eu quero fazer um filme com ela algum dia. Tem também professores de história, mas, enfim, foi uma turma única, específica, que, no final do ano, nós mesmos escrevemos a nossa pecinha e nos apresentamos. Então, eu não posso dizer que eu sou professora.
MCB: Mas foi.
NP: Ah, bom, fui. Depois, em uma outra ocasião, a Andréa Avancini tinha um curso também e eu dei aula para umas crianças, foi também uma experiência diferente, porque eu nunca tinha trabalhado com crianças. Eu não sei se alguma delas se tornou ator ou não, não tenho mais notícias deles. Mas, enfim, fui professora.
MCB: Agora, para a gente terminar, tem duas perguntas que são fixas do site para todas as entrevistadas. A primeira: qual foi o último filme brasileiro a que você assistiu?
NP: Não vou dizer que é o Ainda Estou Aqui (dirigido por Walter Salles), porque depois disso eu assisti As Polacas (dirigido por João Jardim). E ontem eu vi um filme delicioso em pré-estreia chamado Viva a Vida. É dirigido pela Cris D'Amato, com o Jornal Bloch, a Regina Braga, o Daniel Filho faz uma participação, um elenco delicioso, uma historinha muito bacana, saí saltitante do cinema, muito legal. Mas, enfim, o Ainda Estou Aqui, As Polacas e Viva a Vida foram os três últimos.
MCB: E a última pergunta: Qual mulher do cinema brasileiro, de qualquer época e de qualquer área, que você deixa registrada na sua entrevista como homenagem e o porquê?
NP: Posso falar duas?
MCB: Pode.
NP: Sem dúvida alguma, minha querida e saudosa Norma Bengell. Não posso deixar de citá-la, porque até quando eu era garota, eu tinha muita olheira, e aí meu pai falava “É a nossa Norma Bengell”, então eu tenho um carinho especial. E tenho adoração por uma amiga querida, sou muito grata, fiz dois filmes com ela, dois curtas-metragens, que é um sobre a Leila Diniz, o Já que ninguém me Tira para dançar, e um outro com o Arduíno Colassanti, que, se não me engano, chama-se O Mergulhador. Ela é a Ana Maria Magalhães, que é uma atriz extraordinária, uma cineasta, uma mulher de cinema, uma pesquisadora também, e tem um filme lindo sobre a Mangueira. Então, eu deixo a minha homenagem aqui, já que Norma não está mais entre nós, fica no coração, mas Ana Maria Magalhães precisa ser reverenciada em vida, porque ela é muito importante para o cinema brasileiro.
MCB: Muito obrigado pela entrevista.
NP: Querido, adorei, eu que te agradeço, sua pesquisa foi fabulosa, me lembrou de coisas que eu nem lembrava, eu me sinto muito prestigiada por isso, é um carinho especial, muito obrigada, Deus te abençoe!
Entrevista realizada por vídeochamada no dia 29 de janeiro de 2025.Foto: Acervo pessoal

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