Além de se revelar uma grata surpresa e trazer para as telas Etty Fraser em uma papel feito sob medida para o seu talento, Durval discos (2002) reafirmou também o nome de Anna Muylaert como roteirista e diretora talentosa.
Paulista nascida em 1964, Anna Muylaert já tem extensa folha corrida a serviço da televisão e do cinema - foi também crítica de filmes.
Na telinha, esteve envolvida em dois importantes programas infantis da TV Cultura: Mundo da lua(1991) e Castelo rá tim bum (1995). No primeiro, participou da criação, coordenação de textos e edição do programa: no segundo foi roteirista e coordenadora de textos.
O universo infantil sempre mereceu dedicação especial de Anna Muylaert, que também escreveu alguns livros para as crianças, Diário de bordo do etevaldo, As memórias de morgana, e As reportagens de penélope, além de assinar o roteiro do premiado curta O menino, a favela e as tampas de panela, dirigido por Cao Hamburger.
Foi no formato curta-metragem que Anna Muylaert exercitou sua arte, roteirizando e dirigindo os premiados filmes: Rock paulista, As rosas não calam, e o maravilhoso A origem dos bebês segundo kiki cavalcanti (1995). Com esse último curta, Anna Muylaert atingiu em cheio o grande público que se divertiu e se encantou com a deliciosa história de Kiki, interpretada por Beatriz Botelho, e sua família formada por Marisa Orth e André Abujamra. Além de demonstrar o grande ator que é, André Abujamra compôs para o filme um trilha sonora ótima e marcante.
O curta A origem dos bebês segundo kiki cavalcanti recebeu vários prêmios: no Rio Cine; no Cine Ceará; na Jornada da Bahia; no Festival do Maranhão; no Festival Mix Brasil; e o Prêmio Multishow.
Como roteirista, Anna Muylaert participou dos roteiros dos filmes Castelo rá tim bum (1999), de Cao Hamburger, e Desmundo (2002), de Alain Fresnot. Nesse mesmo ano 2000, Anna Muylaert estreia em longas com Durval discos, que tem ainda no elenco as presenças de Ary França, como Durval, Isabela Guasco, Marisa Orth, Letícia Sabatella, Rita Lee e André Abujamra.
Seu próximo longa é o premiado É proibido fumar (2009), que reúne um casal aparentemente improvável interpretado por Glória Pires e Paulo Miklos, mas que resulta maravilhosamente na tela, ponto para a inteligência da diretora por não trilhar caminhos óbvios.
É proibido fumar é um belo filme, e que legitima Anna Muylaert como uma das melhores cineastas atuais.
Como roteirista, continuou participando de várias produções, seja para a televisão - Filhos de carnaval (2006); Um menino muito maluquinho (2006); Para aceitá-la, continue na linha(2009) - que também dirigiu - atuou como diretora também na TV na série Preamar (2012).
Em roteiros para cinema co-assinou O ano em que meus pais saíram de férias (2006), de Cao Hamburger; o curta O bolo de morango (2006), de Júlia Pacheco Jordão; Quanto dura o amor?(2009), junto com o diretor Roberto Moreira; e co-assinou Xingu (2012), de Cao Hamburger.