Ano 20

Cleo de Verberena

*26 de junho de 1909, +1972 - Amparo - SP

Filmagens de O mistério do dominó preto, 1930, Cleo de Verberena
Filmagens de O mistério do dominó preto, 1930, Cleo de Verberena
O cinema é indústria. Mas é também, para a grande maioria dos cineastas, a realização de um sonho. Não é a tôa que a história do cinema nacional está cheia de visionárias, como Carmen Santos e Gilda de Abreu. E antes delas todas, vem o nome da obstinada Cleo de Verberena, a primeira mulher a dirigir um longa-metragem no Brasil: O mistério do dominó preto, em 1930. 

Segundo registros, as primeiras realizações das mulheres como diretoras na América Latina datam da década de 1910, ainda nos primórdios do cinema, em solo argentino. No Brasil, Cleo de Verberena dá o toque de caixa na rica trajetória da presença das cineastas na construção do cinema nacional com a realização de O mistério do dominó preto
 
Ainda adolescente, Cleo de Verberena sai do interior paulista, em Amparo, onde nasceu em 1909, para morar na capital. A paixão pelo cinema é fulminante, e todas as publicações - `Enciclopédia do Cinema Brasileiro´, Dicionário de Atores e Atrizes´ e `Dicionário de Mulheres do Brasil´ - registram sua fascinação pelo visto na tela, mas também pelo que ocorre atrás das câmaras. Atriz do teatro de revista, Cleo de Verberena parte então para a realização de seu grande sonho: o filme O mistério do dominó preto. Para realizá-lo, ela e o marido, que recebera uma herança, vendem jóias e propriedades, importa equipamento da França, e monta a `Épica Film`.

Realizado em 1930, o filme é todo centrado no talento de Cleo de Verberena, que o escreve, produz, dirige e estrela – seu marido, Laes Mac Reni (nome artístico) co-protagoniza. O mistério do dominó preto é o único filme que dirige, já que o seu segundo projeto, Canção do destino, não se conclui. Cleo de Verberena ainda marca sua presença no cinema brasileiro, assinando o roteiro de Casa de caboclo, filme dirigido por Augusto Campos em 1931. 

Cleo de Verberena faleceu em 1972. Sua investida como cineasta em 1930 fez escola, marcando a abertura de um ciclo ininterrupto da efervescente contribuição das mulheres na construção de nossa identidade fílmica. Nessa galeria estão nomes como Carmen Santos e Gilda de Abreu nos anos 40, a presença das italianas Maria Basaglia e Carla Civelli no nosso cinema na década de 50, Zélia Costa e Helana Solberg nos anos 60, e a partir dos anos 70 até os dias atuais de cineastas da envergadura de Ana Carolina, Tereza Trautman, Suzana Amaral, Lenita Perroy, Tizuka Yamasaki, Maria do Rosário, Vanja Orico, Vera de Figueiredo, Ana Maria Magalhães, Carla Camuratti, Tata Amaral, Eliane Caffé, Bia Lessa, Monique Gardenberg, ente outras

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Sala 
 Ana Carolina
Cineasta de assinatura personalíssima e de filmografia inquietante.