19ª Mostra de Cinema de Tiradentes - 3º Dia
        
             Cena de Quase memória, 2015, Ruy Guerra
        
        Ontem, domingo, 24, as atividades de cobertura da 19ª Mostra de Cinema de Tiradentes iniciaram com a participação no Seminário Encontro com a Crítica, Diretor e Público sobre o filme Futuro junho (2015), de Maria Augusta Ramos. A mesa reuniu a cineasta, o crítico José Geraldo Couto e o fotógrafo Lucas Barbi, com mediação de Pedro Butcher.
            Cena de Quase memória, 2015, Ruy Guerra
        
        Ontem, domingo, 24, as atividades de cobertura da 19ª Mostra de Cinema de Tiradentes iniciaram com a participação no Seminário Encontro com a Crítica, Diretor e Público sobre o filme Futuro junho (2015), de Maria Augusta Ramos. A mesa reuniu a cineasta, o crítico José Geraldo Couto e o fotógrafo Lucas Barbi, com mediação de Pedro Butcher.
Como o Mulheres registrou na matéria de cobertura ontem, Futuro junho reúne personagens de diferentes estratos sociais – um operador e analista econômico, um metalúrgico, um motoboy e um líder sindicalista – vivenciando uma São Paulo sacudida por manifestações e as tensões da pré Copa do Mundo.
Maria Augusta, que tem relações estreitas com a Holanda, disse que o desejo inicial era realizar um filme sobre os impactos que a crise da economia em escala mundial vinha operando nos países. Daí ofereceu o projeto para produtores holandeses e situou seu filme no Brasil - em especial, em São Paulo, o maior polo econômico e industrial do país. Para isso pensou em personagens de diferentes estratos sociais e incorporou as tensões da realização da Copa do Mundo no país – além da greve dos metroviários que foi desencadeada e não prevista no roteiro inicial.
Futuro junho é um dos filmes que mais se adequam à temática dessa 19ª Mostra, “Espaços em Conflito”, já que São Paulo, com seus deslocamentos gigantes da população entre um ponto e outro, é fundamental como espaço de potência no filme. A cineasta divertiu ao agradecer a generosidade de seus personagens, que permitiram ser filmados em casa, no trabalho e no lazer, algo que ela jamais permitiria em sua vida.
Depois de uma ótima entrevista com a cineasta Sandra Kogut, que está em Tiradentes com seu novo filme, Campo grande, foi a vez de se preparar para conferir dois longas em exibição no Cine-Tenda.
O primeiro filme da noite, Jonas (2015), é uma produção paulista que marca a estreia de Lô Politi como cineasta e roteirista – Politi já havia atuado como produtora de documentário e filme para a TV.
Protagonizado por Jesuíta Barbosa, um dos jovens atores mais requisitados pelo cinema contemporâneo – com trabalhos também na TV – e Laura Neiva, o filme focaliza um desencontro amoroso entre um jovem impactado pelo retorno da paixão de infância – há também Criolo como protagonista, ainda que sua participação seja menor, mas que acaba deflagrando a ação.
Lô Politi reutiliza a passagem bíblica, aquela do Jonas e a Baleia, para situar sua história que se passa na Vila Madalena, em São Paulo, em espaço geográfico em que as classes alta e baixa fazem fronteira e se misturam.
Exatamente por fazer esse recorte, esperava-se que o roteiro fosse mais fundo na questão social, o que não acontece, pois por mais pano de fundo que seja para a história central dos dois amantes esse fator é determinante. 
Aliás, o roteiro não dá conta também nem de traçar um retrato preciso de seus personagens e nem como eles se colocam no mundo e se relacionam – o que não impediu o filme de ser premiado no Festival do Rio. Graves senões de representação, tanto do universo retratado – o próprio delineamento do personagem central e sua trajetória, como de minorias – com as mulheres, por exemplo -, colocam Jonas a frente de indesviáveis reações mais contundentes.
A segunda experiência, ainda que de outro quilate, também não se mostrou satisfatória. E aí estamos falando de Quase memória (2015), novo filme do veterano Ruy Guerra.
O livro Quase memória, de Carlos Heitor Cony, é notável na forma como ele refaz a trajetória do pai e de seu significado no seu tempo e na sua vida. Ruy Gerra adotou um tom antinaturalista, que oscila entre a alegoria e ópera bufa na apresentação de seus personagens e no universo em que vivem e trafegam.
Claro que não se pode viver de passado, e nem é uma escolha que interesse a priori. Mas há muito que, assistindo a um novo filme de Guerra, invariavelmente olhamos pra trás e percebemos que a genialidade está mesmo é lá, nos anos 1960 dos primeiros filmes, Os cafajestes (1962) e Os fuzis (1964).
O elenco de Quase memória é numeroso, com Tony Ramos e Charles Fricks como protagonistas e encarnando o escritor em duas fases que se dialogam em um mesmo espaço temporal. Já João Miguel – o terceiro protagonista - faz o pai, em registro permeado por ar de aventureiro sonhador e fanfarrão. 
Mariana Ximenes, Antônio Pedro, Flávio Bauraqui, Júlio Adrião e Inês Peixoto são alguns dos outros atores.
****************19ª Mostra de Cinema de Tiradentes – Programação completawww.mostratiradentes.com.br
    
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     Cena de Quase memória, 2015, Ruy Guerra
            Cena de Quase memória, 2015, Ruy Guerra
        
